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O sertanejo e a seca

Autor: Roosevelt Garcia - 24/05/2013

O Governo Federal pratica discriminação contra os nordestinos, mas isso fica acobertado pela visão tétrica dos flagelados das secas, crise após crise, alimentando aqueles que vivem desses miseráveis episódios humanos que teimam em não sair do dia-a-dia do grande país.

 

O escritor Woden Madruga me pede para escrever sobre a Seca, um assunto que ninguém gosta de falar. Fico  acuado pensando como esse assunto ficou pequeno diante das Agendas do Congresso Nacional, das Assembleias dos Estados nordestinos e do discurso dos candidatos a prefeito na última e recente eleição. Nenhum falou sobre a Seca que castigava e castiga ainda seus eleitores.

O Semiárido e seus bichos, suas plantas e sua gente amargam o esquecimento institucional e ficaram pequenos a partir da extinção do Conselho Deliberativo da Sudene, onde governadores como Aluízio Alves, Miguel Arrais, ACM e tantos outros gritavam para o país inteiro ouvir as dores dos seus povos bem governados. Acabou, esse tempo se foi. O Nordeste seco perdeu a voz, creio, para sempre.

Se quiser, pensando nos rebanhos de vacas magras e prenhes que após o parto o bezerro cai e fica no chão, só e abandonado, deixo algumas lágrimas caírem na solidariedade muda aos sertanejos que vivem da criação desses lendários animais. Pois é, cabe perguntar, quem cuida de nós, produtores rurais do Semiárido?

- O Governo Federal criou o Programa da Agricultura Familiar e nele botou miniprodutores, apoiando-os com Bolsa Família, Bolsa Estiagem, Seguro Safra e crédito rural bom e barato. E foi por essa via que os ex-futuros flagelados foram absolvidos e resguardados. São agricultores de lavoura de subsistência – milho, feijão, mandioca e jerimum. Dependem da chuva anual. Quando a Seca traz pra eles o roçado vazio são as Bolsas que os protegem.

- E, agora, eu pergunto qual o nome que deve ser dado aos outros, milhares de produtores rurais e suas famílias, que vivem nas mesmas terras secas desses sertões do Nordeste?

O Semiárido pode ser muito rico, como em outros países. 

Era preciso que uma verdade milenar fosse estabelecida: todos os produtores rurais, mini, pequenos, médios e grandes são iguais perante a Seca. Quando ela se instala, sob a luz do sol abrasador, todas as fronteiras desaparecem entre Estados, municípios e fazendas cobrindo regiões imensas e suas populações. A Seca não tem endereço, está no sertão de todos nós.

As políticas públicas para o Semiárido podem diferenciar os seus beneficiários, mas não podem excluir usuários do mesmo chão. Excluir é discriminar. Esta distorção conceitual deve ser removida dos Planos de Safra pelos formuladores da política agrícola do país.

Fico imaginando um palco enorme, do tamanho do Sertão, onde entrariam em cena Dona Seca e o Doutor Governo Federal. No meio do palco, onde ocorrerá a batalha, estariam nós, os produtores e seus rebanhos. Pois bem, abre-se a cortina e começa a luta dessas duas grandes forças. Passado o primeiro ano quem ganhou e quem perdeu patrimônios do seu modo de produzir e viver? Dona Seca ganhou, encurralando o pobre e amofinado Governo Federal.

Dona Seca quando chega demora-se a ir embora, dura um ano, dois e, às vezes, três anos. Não se assemelha às enchentes, aos furacões destruidores e passageiros. Pois bem, nesse 2012 e começo de 2013, Dona Seca já ganhou do Governo Federal.

A bem da verdade é uma derrota que se repete ao longo da nossa história. Cabe perguntar: será que o Nordeste brasileiro é a única região Semiárida do planeta? Claro que não. Existem regiões produtivas nas terras secas dos EEUU, Argentina, Austrália, Espanha, partes da Ásia e África. O México tem na sua bandeira um pé de palma, símbolo da fertilidade do seu Semiárido.

Há, portanto, um conhecimento disponível, uma “fonte de saber”, construída ao longo de séculos de convivência com as suas secas. Aqui no Rio Grande do Norte criamos uma ação inovadora – o Programa do Leite. Deixado à míngua, foi salvo, na última hora, pelas mãos do atual Governo do Estado.

Termino esta carta com a cara pra cima, procurando chuva no céu, sem nuvens, sem luz para clarear a inteligência das instituições que cuidam do nosso Sertão.

Só pra ilustrar: a Barragem de Poço Branco está com uma comporta quebrada, esvaindo a sua água para o mar! Faz é tempo, viu DNOCS?

 Roosevelt Garcia - é pecuarista,
ex-Secretário de Estado, escritor.






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