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As exposições e os ovinos

Autor: Marcelo Barsante Santos - 09/02/2009

Boa solução é pé no chão

 

 

Os ovinos começaram a aparecer em exposições agropecuárias por volta da década de 70. Com o crescimento da ovinocultura, os animais estão em quase todos os eventos pecuários

realizados no Brasil, no entanto, é necessário integrar mais os animais de elite com os de produção comercial.

 

 

Em fevereiro iniciam-se as exposições de pequenos ruminantes e seguem no decorrer de todo o ano, em todas as regiões brasileiras. Isto é bom! É sinal que a atividade está se fortalecendo, fixando calendários em vários eventos agropecuários.

No início na década de 70, expor oitenta ovinos, por exemplo, era um fato raro e merecia destaque na mídia. Tal proeza era prioridade das regiões Nordeste, onde a atividade já era comum, e Rio Grande do Sul, devido à indústria de lã. Normalmente, ovinos eram levados às exposições não para ser o destaque da festa, mas, sim, para complementar a culinária da festa e pagar as contas. O cordeiro virava churrasco e sua carne já era apreciada e o restante era comercializado para pagar as despesas da festança.

Com o surgimento da revista O Berro - que inicialmente era um encarte dentro da revista Agropecuária Tropical - caprinos e ovinos ganharam espaço. O Berro vem provando que esses animais podem ser criados de Norte a Sul do Brasil, junto com outras atividades pecuárias, que têm seu valor e seu lugar ao sol.

Já passou a época de fazendeiros que sempre tiveram “miunças” nas mãos e não deram valor. Depois de anos e anos, pioneiros passaram a valorizar seus animais e comercializá-los nos parques de exposições e não somente nas fazendas.

A partir daí acelerou-se a seleção de ovinos. Nas raças de corte, o objetivo era o melhor porte e peso, já que estas características são fáceis de serem enxergadas e, então, valorizam o animal.

Foi assim que tudo começou até o momento em que um carneiro reprodutor foi vendido pelo preço de uma caminhonete “zero km”. Desde então, muitos ani­mais foram comercializados por grandes valores e o ovino passou a ser vendido em leilões como animal de elite, chegan­do ao preço de um bovino Nelore PO, uma das raças mais valorizadas no Brasil. Um exemplar assim chegou a ser ava­liado em mais de R$ 2 milhões, recorde mundial.

A história, portanto, foi esta: tudo começou com passos lentos. De repente, devido à revista O Berro, os ovinos estavam sendo vendidos a preços até então, jamais imaginados e isto despertou o interesse de muita gente. Quem já criava, passou a dar mais importância ao criatório, aos animais e investiu em nu­trição, manejo, sanidade e na genética. Adquiriu mais matrizes e reproduto­res melhorados. Quem não criava interessou-se pelo setor, passou a desenvol­ver projetos e sistemas de criação, comprando animais e investindo em genética.

Uma coisa é criar animais de elite e outra é ter sustentabilidade da atividade. A sustentabilidade só existe se a ovinocultura de corte existir, de fato. O Nelore de elite só existe porque há milhões de vacas nos pastos produzindo carne! A produção de carne é a base da pirâmide, ou seja, a carne é o produto final da indústria ovina (inclui a pele que me­rece uma história à parte). De que adianta, porém, investir somente em ani­mais de elite que, no fundo, são animais documentados? A sustentação da atividade exige animais comprovados, mas não necessariamente documentados e aqui reside o perigo.

 

 

 

O consumo de carne ovina no Brasil está crescendo e a importação do produto também, principalmente do Uruguai. Mas não adianta o consumo e a im­­portação crescerem juntos, pois dessa forma a atividade fica sem direção, sem rumo certo, gerando desestímulo aos criadores. Por sorte, o Uruguai é limitado! Por isso, já surgem fatos positivos: criadores que conseguem escoar sua produção sem grandes dificuldades. Hoje, grupos e núcleos de criadores de ovinos também estão bem organizados e preparados para orientar os produtores quanto aos seus produtos. Essas entidades enxergam na ovinocultura boa viabilidade financeira, independente da propriedade rural ser pequena, média ou grande.

Pelo fato de o brasileiro não ter a tra­dição de criar ovinos, não está sendo fácil, até o momento, implantar a ativida­de no país, já que fazendeiros e vaqueiros não sabiam lidar com ovelhas, não conhecem o manejo, o pastoreio, ­quase nada sobre reprodução, doenças e outros assuntos da ovinocultura. Muito diferente da Austrália e Nova Zelândia, países que foram colonizados por ingleses criadores de ovelhas e conhecedores de seus hábitos e de todo o sistema de manejo de grandes rebanhos. No Brasil, faltam informações.

Devido ao interesse pelo setor no Brasil, várias faculdades de Zootecnia, de Medicina Veterinária e cursos técnicos de agropecuária já têm a ovinocultura em suas grades curriculares. Já é possível encontrar profissionais atuando na área, provando que o interesse é crescente para o setor. Outra prova deste interesse são os eventos ligados à atividade, os quais não param de crescer.

Esses eventos são boas oportunidades de negócio, possibilitando ao cria­dor fornecer boa genética animal a outros produtores. É interessante que durante as exposições agropecuárias haja:

l forte campanha de divulgação - cujo objetivo seja incentivar o consumo da carne ovina e promover seus produtos. Isto pode ser feito tanto num barzinho, como em palestras, ou através de adesivos e outros tipos de mídias voltadas para a atividade;

l venda de animais comerciais - machos para abate e matrizes para iniciar rebanhos. Pode ser realizada diretamente nos boxes e nos leilões.

A pecuária de corte no Brasil existe desde a sua colonização. Foi ela que le­vou o Brasil para o interior e, na pata do boi, grandes estradas foram abertas, permitindo a construção de cidades. Quan­do surgiu a pecuária de elite, o Brasil já tinha vários anos de bovinocultura e milhares de cabeças de gado comercial cara-limpa que seriam aprimoradas para que toda a genética pudesse ser utilizada.

Com o ovino aconteceu o contrário. Primeiro surgiu a pecuária de elite; depois, os rebanhos comerciais que, então, devem usar a genética da elite. Mes­mo assim, essa alta genética tem chegado muito pouco até o criador comercial. Os motivos principais são: preço muito alto e pouco interesse por parte do criador, baixa adaptação de animais de elite no sistema a campo.

A produção precisa se aproximar da Alta Genética, pois um não sobrevive sem o outro. A melhor forma para que isso aconteça pode ser através das exposições. Juntando as duas pontas, a atividade torna-se cada vez mais sólida e produtiva e, no final, quem sai ganhando é o consumidor, pois a carne ovina estará cada vez mais acessível (alta produção) e cada vez de melhor qualidade (alta genética).

 

 

Marcelo Barsante é zootecnista e diretor da Neo-Ovinos Consultoria Ltda.






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