Entendendo a crise mundial e brasileira
Não há crise, se o país olha para o próprio chão,
produz seu alimento, sua roupa e, depois, inicia um processo
de urbanização. A crise existe mas não é bicho-papão!!!
Dizem que o Brasil está numa crise, mas que crise? Na verdade, esta palavra não deveria assombrar o produtor rural de produtos básicos para a população, uma vez que muitos brasileiros passam fome, ou seja, não há produtos suficientes para todos. Para evitar o aumento da fome, o Governo terá que achar uma maneira de viabilizar a produção rural destinada à mesa do brasileiro, para garantir empregos no campo. E, havendo empregos e alimentos, onde estará a crise? Certa está a frase do presidente Lula quando disse que o mercado interno livra o Brasil da crise que aflige o mundo.
No caso de ovinos e caprinos, a situação é mais clara: sequer existe uma produção interna capaz de atender a um almoço do brasileiro, por ano. Por isso, na ovino-caprinocultura a crise esfarela-se no horizonte, pois não há a carne ou leite suficiente. Pelo contrário, há um cenário positivo, de produção crescente, pois existe mercado interno e mundial esperando para comprar.
A verdadeira crise, portanto, é perigosa, quando faltam os elementos básicos da sobrevivência humana: alimentos, água, descanso, segurança, saúde. Quando faltam alimentos, geralmente pode acontecer uma grande crise - diz a História (basta lembrar da Revolução Francesa, Revolução Russa e, praticamente, todas as revoluções). Hoje, a idéia de nutrição já evoluiu: sabe-se que não adianta somente haver alimento no prato, é preciso haver alimento nobre (carne, queijo, leite e etc.) para que realmente o ser humano desenvolva seu potencial físico. Proteínas nobres são obtidas da carne e do leite, produtos que exigem uma pecuária bem estruturada.
Em resumo: a crise não é tão crise como se divulga, pois basta o Governo abrir os olhos e os cofres para o setor rural. Há, no entanto, outras coisas em jogo. É preciso observar um pouco a história brasileira. Bem diz o livro de Darcy Ribeiro “Aos trancos e barrancos, porque o Brasil deu no que deu”, explicando o sobe-e-desce característico da riqueza nacional, em que verdadeiros impérios econômicos foram construídos com muita luta e, depois, destruídos, mostrando absoluta inércia cívica por parte dos governantes. De fato, hoje, o Governo fala uma coisa e, na semana seguinte, já está dizendo outra. Quem acreditar, pode montar um império e, na semana seguinte, vê-lo destruído. Assim têm sido os governos do Brasil. Esta é uma chance de Lula provar que pode ficar na História como um estadista de verdade!
Esta atual crise mundial, gerada pelos norte-americanos mostrou que lá, sim, existe Governo, pois ele já colocou mais de dois trilhões de dólares, obrigando a Europa e Ásia, somando dezenas de países ricos, a injetarem vários outros trilhões. Para consertar o erro dos norte-americanos, o Governo dos EUA defendeu e defende - com unhas e dentes - seu quintal, mesmo contrariando tudo que havia pregado até hoje. Muito diferente do que sempre aconteceu no Brasil. Aqui, por ironia, até fincaram o Cristo Redentor, no Rio, olhando para o mar (mercado estrangeiro), ao invés de olhando para o próprio país (mercado interno). Até o Cristo Redentor está de costas para o Brasil.
Da vaca para a ovelha
Quem sempre se dedicou à vaca de leite nunca saiu da crise, por longo período, pois ela é permanente. Não existe fazendeiro rico, produzindo leite. Pode ser abastado, mas rico, não! Isso porque o Governo mantém esta atividade em crise, permanentemente, legislando sobre o preço do leite. O tão nobre produto vale bem menos que água - para azar das crianças! Existem mais de 1,5 milhão de propriedades, gerando dezenas de milhões de empregos: o leite poderia ter melhor sorte, mas não tem! Se o Brasil quisesse, estaria mergulhado num oceano de leite, repleto de crianças felizes nas escolas e jovens saudáveis. Falta Governo na questão do leite, produto essencial para cada nova geração! Por não ajudar a produção de leite, hoje, o Governo acaba gastando grandes fortunas com o atendimento à saúde da população, mais tarde. Os governos mostram um ranço maléfico contra os fazendeiros de leite: uma pena!
Desde o início do século XX o preço do leite é vigiado pelo Governo, pois este nobre alimento sempre foi utilizado para fazer politicagem. Lamentavelmente, não existe uma entidade privada forte para discutir com o Governo, a favor do produtor de leite, como em países avançados, onde basta ter 20 vacas para garantir um filho na faculdade! A maioria das entidades vive pendurada em verbas do próprio Governo e, então, jamais querem lutar a favor da classe, e vivem defendendo cargos e o próprio “status quo”. Quando alguma entidade resolve botar a boca no trombone, o Governo logo a pune, cancelando exposições, congressos e eventos naquela região, etc. A briga é muito desigual, para prejuízo dos fazendeiros que não têm onde se arvorar.
Na atual crise internacional, o produtor brasileiro de leite vai sofrer, como sempre! Muitos abandonarão, de vez, a atividade, preferindo criar ovelhas, frangos ou suínos que, mesmo na crise, irão se sair bem, pois são produtos de ciclo curto, ou seja, podem ser transformados em dinheiro rapidamente. Ruim para o leite de vaca; bom para as ovelhas.
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