Em regiões de climas tropicais, a produção de ovinos exige um correto manejo, pois a umidade é perigosa. Quando chega o período das chuvas os cuidados com os animais devem ser em dobro, principalmente quanto aos cascos.
Em época de chuvas, os ovinos ficam mais expostos a várias bactérias, entre elas a Dichelobacter nodosus, responsável por causar feridas nos cascos, provocando manqueira e mau cheiro. Essas feridas são identificadas pelo nome de pododermatite, ou “foot-root”.
Para prevenir a doença, basta seguir um simples ritual, destacando-se:
u o casqueamento;
u a instalação de um pedilúvio.
Casqueamento
Os animais devem ser casqueados uma ou duas vezes ao ano, antes de iniciar as chuvas e no meio do período seco. Esta ação provoca oxigenação no casco, ajudando a combater a bactéria, já que ela sobrevive em ambientes anaeróbicos. No solo, a bactéria vive cerca de 10 dias - um período longo e perigoso para os animais.
Pedilúvio
O objetivo do pedilúvio é evitar que os animais levem para dentro das instalações os germes que provocam infecções nos cascos. Deve ser instalado na entrada do aprisco.
O pedilúvio vem depois de um “aquolúvio”, que contém apenas água limpa. O objetivo do “aquolúvio” é deixar os cascos livres de sujeira (esterco, terra, etc.). Apenas cascos limpos deveriam mergulhar no pedilúvio que, afinal de contas, é enchido com material químico que custa dinheiro.
Tanto o pedilúvio como o “aquolúvio” podem ter a extensão de 2,5 m a 3,5 m para melhor manejar os animais.
O pedilúvio deve ser raso o suficiente para que os animais molhem apenas os cascos, a fim de evitar que a misturada química atinja a pele. A solução química pode “queimar” a pele do animal.
u A solução química - A solução mais utilizada é a seguinte:
- formol - 10%;
- sulfato de zinco
- sulfato de cobre
- água sempre limpa
Para cada 20 litros de água, recomenda-se 500 g de sulfato de zinco; 1 kg de sulfato de cobre; 2 L de formol. Misturar tudo em um balde e, logo em seguida, despejar no pedilúvio. Na falta desses produtos químicos, outros especialistas também indicam o uso da cal virgem diluída em água.
O formol pode endurecer os cascos e, por isso, o casqueamento é uma operação muito importante antes de utilizar o pedilúvio.
A freqüência com que ele pode ser usado depende da época do ano e da situação. Como método preventivo em épocas de excessiva umidade, o ideal é que cada animal permaneça no pedilúvio, pelo menos, cinco minutos, uma vez a cada 7 ou 10 dias.
Tratamento
Animais infectados devem ser isolados do rebanho e passar pelo tratamento a cada dois dias, até que tenha cura total do casco.
O pedilúvio tem, no entanto, função de tratamento local, ou seja, sozinho não tem poder curativo quando a pododermatite encontra-se em nível avançado. Neste caso é necessária a aplicação de antibióticos específicos para matar a bactéria que já se encontra no tecido do casco e na falange.
Os mais indicados são à base de norfloxacina e seftiofur. Como auxiliares: licor de vilate e oxitetraciclina em pó.
Em caso de animais com o casco já muito defeituoso e escancarado aconselha-se o descarte, pois estes animais são facilmente portadores da bactéria, podendo espalhar o mal pelo rebanho inteiro.
Diz o ditado: “a melhor solução é um veterinário no portão”.
Marcelo Barsante é zootecnista e consultor da Neo-Ovinos.
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