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Terremoto, trovoadas, mas tudo bem no horizonte!

- 31/10/2008

As vendas de animais de elite despencaram, ao mesmo tempo que, de repente, chega a notícia, de que um terremoto vai atingir o Brasil e liquidar as finanças. Até onde isso tudo é real?

Até onde os ovinos e caprinos podem se salvar?

 

 

Há muito tempo a revista O BERRO vem alertando para a “bolha” que se criou na ovino-caprinocultura brasileira. Quando a revista surgiu, por volta de 1975, praticamente não havia “associados” no Nordeste. Perguntava-se: “para que fazer registro”? Os animais eram levados para as feiras como “moeda”. Eram vendidos e pagavam as despesas do evento. A festa ficava por conta do sucesso das vacas e touros! Vislumbrando que havia um sólido mercado para ovinos e caprinos, a revista arregaçou as mangas e começou a escrever sobre o assunto. Em toda edição de “Agrope­cuária Tropical” foram se tornando constantes os textos sobre caprinos e ovinos nordestinos. Era o começo. Depois, os textos ganharam um “espaço fixo”, no final da revista, com o título “Jornal do Berro”. Mais tarde, a atividade já me­recia uma revista específica (O Berro), em papel comum. Na edição n. 32, ganhou papel novo, e logo se tornou colori­da. Mais adiante transformou-se em revista mensal. Finalmente, transformou-se na revista mais simpática e bem-desenhada no mundo!

 

 

 

O sucesso da ovino-caprinocultura foi tão grande que atraiu centenas de investidores urbanos nordestinos. Quando surge uma nova oportunidade de investimentos, como acontece em qualquer atividade econômica, é normal crescer inicialmente também a “bolha”. O que é a “bolha”? É a ansiedade de ganhar em pouco tempo um dinheiro que, ­antes, teria que ser acumulado durante muito tempo. A bolha cria um “mercado-fantasia”, cheio de brilhantismo e pompa. Este mercado cresce mais que a base produtora de carne ou leite e, na pecuária, vive da caça de títulos e pre­mia­ções. Obviamente, todos sabem que, num futuro qualquer, a bolha deverá “furar”, para retornar à ba­se, com preços mais rea­lis­tas. Afinal, isto já aconteceu com os equi­nos, com os bovinos, e é normal na evolução da história da humanidade, em qualquer atividade econômica. Na pe­cuária, é comum chamar esse fenômeno de BEL, ou seja, o culto obsessivo ao “bicho”, “exposição” e “leilão”, esquecendo-se do essencial: produzir carne e leite.

A existência da bolha é algo ruim? Não, é apenas um fenômeno normal nas atividades econômicas que surgem do nada. Elas provocam uma “corrida à fantasia” e, depois, um “retorno” ao bom sen­so. Enquanto a bolha cresce, também vão se multiplicando aqueles que acham melhor acreditar apenas no vale-quanto-pesa. Ou seja, cresce a bolha, mas cresce também o número de usuários da atividade. Vale a pena analisar alguns exemplos:

- Equinos - Chegou a haver vários milhares de criadores no Brasil, disputando animais que valiam milhões, mas - ao mesmo tempo - não havia cavalo pa­ra o vaqueiro montar, nos campos! Os equinos eram de “elite”, para os patrões! Um paradoxo, pois os cavalos comuns eram abandonados nas estradas, sem qualquer valor.

- Bovinos - A valorização foi estupenda: vacas que, antes, nada valiam, pas­saram a valer milhões, mas, ao mesmo tempo, os produtores de carne - no campo - tinham horror ao uso da inse­mi­nação artificial. Até hoje, a produção de carne usa apenas 3,5% de inse­mi­nação, deixando claro que não quer acreditar na bolha representada por fabulosas exposições e leilões.

- Ovinos - Já tendo os equinos e bovinos como exemplo, tudo foi mais rápido: houve uma bolha que cresceu, cresceu, por meio de exposições, leilões, importações, etc. e está, agora, re­­tornando. O retorno ao bom-senso é produzir carne ou leite, ao menor custo possível. Desta maneira, os animais de elite são canalizados para sua real função: a de melhorar a produção.

 

Durante a fase-bolha, os fazendeiros ficam tão ofuscados pela chance de comprar um animal por um certo valor e repassá-lo por um valor dez vezes ­maior, que se esquecem do essencial: a produção de carne. Toda atenção fica di­re­cionada para exposições, leilões, etc. Todos anseiam em comprar um animal premiado na “loteria”. Houve caso de um carneiro adquirido por R$ 400 ser revendido, imediatamente, por R$ 4.000 e, num outro leilão, passou de R$ 40.000.

 

 

 

Nada disso é novidade. O gado Ne­lore passou pelo mesmo momento eufórico e, hoje, sua pecuária expositiva convive bem com a pecuária produtiva, mas ainda não se fundiram (como ­pro­vam os índices de inseminação artificial), devendo isto acontecer nos próximos anos.

Os ovinos, por seu lado, já contam com alguns frigoríficos beneficiando carnes, alguns núcleos produtores de carne, faltam os elos de varejo e de exportação, mas já surgem notícias a respeito. O brilhantismo da criação pode e deve conviver com o brilhantismo da produção de carne (beneficiamento, marke­ting, varejo, exportação, etc.). Os próprios selecionadores de animais de elite podem alavancar o mercado de ­carne, com a vantagem de consolidarem suas marcas até o varejo.

Isso significa que cada um poderá implantar seu sistema de cruzamentos utilizando sua base seletiva: irá da criação até a gôndola do supermercado. Vá­rios já estão começando nessa direção.

 

Bolsas de valores

 

O terremoto vem dos Estados Unidos. Lá, a “bolha” foi bancária. O grande país vai injetar bilhões para salvar meia dúzia de grandes bancos e, no varejo, tranquilizar os cidadãos envolvidos. Esta bolha, que já está calculada em 15 tri­lhões de dólares no mundo, poderá atingir um valor fantástico, atingindo todos os países, talvez ultrapassando 500 tri­lhões!

No caso dos ovinos, no Brasil (co­mo foi dos equinos e bovinos), basta­ ­mu­dar o foco da aplicação: reduz-se a atividade expositiva, aumentando a produtiva.

Acontece que muitos fazendeiros são também aplicadores de Bolsas de Valores e estão com a barba-de-molho, evitando investimentos em qualquer atividade e, por isso, haverá uma retração nos negócios que não estejam solidamente fincados no próprio chão. A pecuá­ria sofrerá um tremor, sim, mas não um ter­remoto. Isso porque ela faz parte das atividades básicas e estratégicas da humanidade (comer, beber, dormir, aca­sa­lar). Estas atividades, reduzidas ao básico, sobrevivem, sempre! Por isso, a previsão é de que crescerá a produção de carne, crescerá o consumo interno, crescerá o consumo das classes mais simples, etc. - caracterizando sempre um “retorno à base”.

Se o Brasil tivesse “go­verno”, seria o momento certo de investir, pesa­da­mente, no mercado interno, para que - quando cessasse o efeito do terremoto no exterior, o país tivesse uma sólida agropecuária.

 

Melhor Direção

 

Vários países (Austrália, Nova Ze­lândia, etc.) têm entidades que orientam os produtores em direção ao mercado interno e externo. Tratam de produzir car­caças cada vez superiores. Tratam de di­vulgar métodos e processos que garantam lucros para os produtores de car­ne ou leite. São estas entidades que têm que lutar junto dos órgãos governamentais.

No momento de um terremoto como o que está acontecendo no mundo, elas orientam para o controle rigoroso de custos, redução de margens de lucro, controle da tecnologia para garantir mais lucratividade interna.

A lucratividade interna, ou seja, dentro do próprio negócio, significa produzir mais carne, em menor tempo e consumindo menos alimentos. Essa é a direção a ser seguida. Os animais de elite, em grande parte, vão dispensar exposições e vão trabalhar, no campo, para provar que valem a pena, mesmo! Ou seja, vai haver uma queda no ritmo das exposições; uma grande queda nos leilões e uma queda na obsessão por obter animais vistosos. O mercado irá procurar o que, realmente, tem valor pe­cu­niário.

Este é, portanto, um grande momento para passar a limpo as tendên­cias do mercado brasileiro de ovino­cul­tura de corte. Quais raças utilizar? Quais são melhores? Quais convivem, de fato, com o clima? Quais linhagens dentro de cada raça são as mais eficazes? Qual seria o benefício de introduzir alguma nova tecnologia? Etc.

Ninguém colocou no prato um campeão, mas - agora - terá chance de testar o sabor de mestiços F1 oriundos de cada campeão. Cada selecionador tratará de formar um grupo de compradores que estejam próximos da propriedade e que produzam carne. O produtor de carne é um cliente fiel: vale a pena investir nele.

 

Conclusão

 

O terremoto, ou trovoada, etc. resul­tará em um momento inicial de tremor, mas, depois, ficará evidente que ele veio até possibilitar uma melhora no setor pecuário, pois viver com os pés no chão é a melhor maneira de não perder di­nheiro. Se o Governo, ao invés de apenas auxiliar banqueiros, resolver ala­vancar a base econômica do Brasil, que é o setor rural, estará escrevendo seu nome na história e garantindo que, depois desta fase, o Brasil seja o maior for­necedor de alimentos do planeta. O Brasil terá lucrado com a crise!

Na ovino-caprinocultura, deverá surgir uma entidade para orientar a produção de carne e todos os segmentos envolvidos. Será uma enorme contribuição e um sinal de maturidade.






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