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Desafios e oportunidades do Santa Inês

Autor: Aurino Alves Simplício - 10/09/2008

A ovinocultura de corte vem ocupando espaço em vários países, como Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, Espanha, França, Inglaterra, Uruguai, Argentina, entre outros. No Brasil, o ­efetivo de ovinos em 2006 era de, aproximadamente, 16.019.170 milhões de cabeças, sendo que 9.379.380 (58,55%) encontravam-se na região Nordeste (Anuário Brasileiro de Caprinos & Ovinos, 2008). A ex­ploração de ovinos no Brasil, até o passado recente, era vista como atividade pecuária secundária, particularmente recomendável para as regiões menos desenvolvidas do país. Daí, a zona semi-ári­da do Nordeste ter despontado como uma das mais apropriadas para a exploração de ovinos, principalmente os deslanados.

Evidencie-se, no entanto, que a maio­ria do semi-árido nordestino é permeada pela caatinga, apresentando grande diversidade em sua composição florística com significante presença de ­plantas espinhosas, o que dificulta ou impossibi­lita a produção, em especial, de peles de boa qualidade.

Quando as três fases da exploração, ou seja, de produção, recria e aca­ba­mento, são feitas em regime de pastoreio tem-se a caatinga como suporte forrageiro exclusivo. Ressalte-se que os ovi­nos têm potencialidades biológicas para contribuírem com a produção de produtos de elevado valor biológico para a nu­trição e o vestuário e, ainda, com esterco, matéria-prima essencial para o enriquecimento do solo, o que favorece a produ­ção de alimentos. É fundamental, no en­tanto, que se invista na organização e ges­tão da cadeia produtiva, com foco nos mercados interno e externo e na sa­tisfação do consumidor. Não se esquecendo que é de suma importância imple­mentar melhorias no ambiente visando o bem-estar animal; no regime de mane­jo, independente deste ser extensi­vo, se­mi-intensivo ou intensivo; no estabelecimento de sistemas de exploração com­patíveis com a função explorada; na trans­ferência de conhecimentos e tec­no­lo­gias e na assistência técnica, com foco no in­cremento da eficiência reprodutiva, na re­dução dos custos de produção e no aumento da produtividade.

Tratando-se da exploração para corte, a demanda por carne de qualidade é crescente e significativa o que passa a exigir o abate de animais jovens. ­Apesar da maioria dos produtores e agroindústrias trabalhar voltados para o abate aos quatro meses, o custo de produção desse tipo de cordeiro é muito alto, em função do elevado consumo de grãos e de seus derivados. Ressalte-se que é possível produzir carne e pele de qualidade com ovinos abatidos até aos 10 meses de idade, desde que castrados com idade inferior aos quatro meses. Independente da idade de abate, não se pode negligenciar a importância que tem o manejo nutricional e da promoção da saú­de e o genótipo. Este deve apresentar, no entanto, boa conversão alimentar e capacidade de ganho de preso. Fatores que estão sendo suscitados na raça San­ta Inês e, entende-se que somente através do melhoramento genético será possível alcançá-los. Mas, essa tarefa ­requer calma, dedicação, bom-senso, conheci­mento, visão de futuro, etc.

 

 

 

Em anos recentes, a expansão da ovi­­nocultura de corte para todas as regiões geográficas do país tornou-se rea­lidade, e no caso das raças ­deslanadas, a disseminação da Santa Inês foi grandiosa. Registrando-se a forte e crescente exploração com fins econômicos no Nor­te, Sudeste, Centro-Oeste e Sul. Es­sas regiões constituem um território am­plo e com grande potencial para a explo­ração semi-intensiva e intensiva de ovinos para corte. Evidencie-se que ­apesar da área territorial brasileira suportar o crescimento numérico dos efetivos, entende-se que não ocorrerão melhorias significativas na produtividade caso não se massifique o uso de conhecimentos e tecnologias apropriadas. O crescimento do rebanho não deve ser, entretanto, es­tratégia única e, por conseguinte, imperativa para a sustentabilidade do ­setor de carne de ovinos. Mas, sim, a diferencia­ção da atividade, o fortalecimento dela com foco nos processos produtivos e a melhoria da comunicação com os clientes que se mostram interessados pelos produtos oriundos da ovinocultura.

É fundamental focar as ações não apenas na produtividade por unidade de área, mas, também, na rentabilidade eco­nômica, com foco na conservação do am­biente e na satisfação do consumidor. Não se pode esquecer que o desen­volvimento econômico, além de ser afetado por determinantes políticas é, também, fortemente influenciado pelo mercado e pelas estratégias de comercialização. Neste contexto, o custo e a diver­si­ficação da produção, a qualidade de pro­dutos e serviços, a logística, a constância da oferta e a competitividade tornam-se primordiais para o crescimento e o desenvolvimento da ovinocultura de corte. Com o uso das raças deslanadas en­fatiza-se a perspectiva de produção de carnes e peles de qualidade e a preços de custo em condições de competir nos mercados, interno e externo.

Ainda falta ao país uma raça brasilei­ra especializada para corte e, preferencialmente, que tenha capacidade genética para produzir carne e pele de qualidades. Esta assertiva encontra suporte nas demandas crescentes dessas comodities, nos mercados interno e externo. Particularmente, no que tange à raça Santa Inês, entende-se que apresenta potencial ímpar para ocupar esse espaço, mas, certamente, ainda não deve ser considerada competitiva quando confrontada, por exemplo com raças ­européias especializadas para produção de carne, apesar da excelente qualidade da carne e da pele. Melhorias genéticas são necessárias com foco na prolificidade, isto é, o número de crias nascidas por fê­meas paridas, na precocidade sexual, na con­versão alimentar e na carcaça. Es­ta precisa atender a demanda dos abatedouros, frigoríficos e dos canais de co­mer­cialização, pois, só assim, será com­petitiva.

Ressalte-se que a prolificidade, a so­brevivência de crias e a precocidade são pontos críticos e fundamentais numa exploração ovina para corte. Para tanto, muito precisa ser feito no tocante ao me­lhoramento genético, o que suscita o efe­tivo apoio dos governos federal e estadual e a participação dedicada, a médio e longo prazo, de produtores comprometidos com a ovinocultura brasileira, no pre­sente e no futuro.

Atualmente, é lamentável assistir o uso quase exclusivo da raça Santa Inês como linhagem materna em ­cruzamento com raças especializadas para corte. Com esta conduta, caminha-se a ­passos longos para a redução do efetivo, ­quando dever-se-iam implementar programas de melhoramento genético com foco no cres­cimento e desenvolvimento da raça. O país é continental, o que suscita e supor­ta o crescimento numérico, o qual deve ser conduzido com forte inserção nos mer­cados, respeitando-se as exigências do consumidor e evidenciando-se as características positivas da raça. E, certamente, ainda não é o cruzamento industrial ou mesmo o absorvente que irá dar o grande salto que a ovinocultura brasileira precisa, mesmo quando se usam raças como a Dorper e a Texel. Claramente, não se vislumbram maiores contribui­ções quando do uso de outras raças lana­das, mesmo especializadas para corte. Por outro lado, apesar da ovinocultura de corte, no transcorrer das três últimas décadas ter despertado a atenção de alguns governantes, em seus três níveis de poder, municipal, estadual e federal, o apoio recebido tem sido ainda insufi­ci­ente para garantir com segurança o crescimento e o desenvolvimento da atividade.

 

Aurino Alves Simplício - é médico veterinário, PhD em Ciência Animal, ex-pesquisador da Embrapa e professor colaborador do curso de mestrado em Ciência Animal da Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA.






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