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Matérias



O Nó Górdio na Produção de Carne

- 08/08/2008

O que é melhor: usar um reprodutor puro-sangue ou um mestiço?

 Se é o puro-sangue, então por que o mestiço vale tanto?

 Por que a diferença entre sertão e exposição?

 

 

O nó górdio tornou-se famoso na His­tória, pois ninguém conseguia desa­tá-lo, até que chegou o grande imperador, sacou da espada e, num único ­golpe, acabou com o mito. A produção de ­carne ovina vive o momento do nó górdio, falta chegar o imperador com sua espada e inaugurar um tempo de vitória.

O Brasil ainda é um pequeno con­su­midor de carne de cordeiro e, mesmo diante do momento eufórico atual, conti­nua consumindo carne importada de vários países. Onde estão os milhões de pro­dutos que deveriam estar lotando os fri­goríficos? Simplesmente desapare­cem nas estatísticas governamentais que são flébeis; a maioria dos animais sequer chega ao frigorífico. O rebanho nacional é ­apresentado como sendo da ordem de 14 a 20 mi­lhões de cabeças, mas - numa simples análise da classificação dos estabelecimentos rurais por região - verifica-se que pode passar de 36 milhões de ca­be­ças. Ou seja, os produtores estariam “es­condendo” mais de 50% do rebanho? Sim, pois uma boa parte dos produtos é destinada a um consumo próprio e, não raramente, a um consumo muito especí­fico (doação para entidades, para eventos tais como formaturas, casamentos, etc.). Mesmo com esta nova ­estatística, o Brasil continua sendo importador de carne de cordeiro...

Há um enorme espaço a ser ocupa­do no cenário internacional, o qual pode ser muito amplia­do, desde que haja oferta de carne. O Brasil, além de tudo, é o úni­co país com potencial para expansão na ovi­no­cul­tura, a curto prazo. Eis uma re­lação simples de oportunidades para criação de ovinos de corte:

a) substituindo granjas de frangos desativadas.

b) substituindo pecuária de vacas leiteiras desestimuladas pelos planos governamentais.

c) ocupando pequenas áreas não-aproveitáveis nas culturas de milho, ca­na, algodão e soja.

d) em consórcio com bovinos, no bra­quiária.

e) em consórcio com agricultura (pomares e florestas).

f) estabelecendo pólos de compra e terminação, em galpões de confina­mento.

Se o país não se converter num no­tável produtor de carne, a própria ovino­cul­tura brasileira corre o risco de estagnar, passando da fase eufórica para uma de melancolia. Se outros países conseguiram, por que esse imenso Brasil não conseguiria?

O que significa, então, produzir carne? Significa manter o rebanho em condições adequadas, tais como:

l 1 - Boa Genética - contar com bons animais que se perpetuem na progênie.

l 2 - Boa Sanidade - ter um ­manejo adequado à própria região para reduzir vermi­noses e outros males.

l 3 - Boa Nutrição - adotar ­técnicas adequadas que permitam chegar à idade de abate indicada pelo mercado.

l 4 - Bom escoamento - contar com um sistema viá­vel e lucrativo para todos os participantes da cadeia regional de produção.

 

 

 

Parece muito fácil, mas não houve esforço governamental para estabelecer a cadeia produtiva e tampouco houve consenso entre as entidades de classe tendo em vista cooptar empresários para es­tabelecer uma cadeia definitiva de ­produção de carne ovina. Isso inclui aba­tedouros, entrepostos de comércio, exportadoras, redes varejistas, entidades de estímulo, entidades de fiscalização, todas conectadas com o produtor.

Em resumo: o Brasil está só enga­tinhando na função de ser um produtor de carne ovina. Depois, poderá vir a ser um médio produtor de carne. Mais além, poderá vir a ser um grande produtor de car­ne. Isso é muito bom, pois há um gran­de futuro a ser atingido. Por outro lado, é mau, pois esse futuro já poderia estar sendo atingido, hoje.

Como exemplo, veja-se a empresa que cria 680.000 cabeças na Nova Ze­lândia (Berro nº 113, p. 56). Parece muito, mas a diretoria diz que está apenas en­gatinhando no mercado mundial e que vai crescer muito mais! No Brasil, contam-se nos dedos os rebanhos com mais de 10.000 cabeças. Ou seja, o país está longe de atingir o ideal e, por outro lado, tem tantas vantagens que fazem o futuro estar tão perto.

O gado Nelore gastou mais de 100 anos de história no Brasil, sem conseguir um lugar ao sol, mas - em apenas 20 - deu a volta por cima e transformou o Brasil no maior produtor e exportador de carne. Cabe à ovinocultura também dar este salto.

A produção de carne ovina é o novo grande salto que o Brasil vai dar: já deu o salto do frango, já deu o salto do ­porco, já deu o salto do boi, agora é a vez do salto do carneiro. Só o Brasil tem condições de se transformar no maior produtor de ovinos e maior produtor de carne: ele tem que cumprir mais essa missão. Esse é um incrível filão que atrairá muitos investidores.

Para falar de produção de carne ovina no Brasil é preciso falar na raça materna, ou nas raças maternas. No momento, a mais preconizada é a Santa Inês. Ela já faz parte da revolução na ati­vidade e, se for convenientemente selecionada, estará gerando frutos duradouros. É preciso ter um Santa Inês realmente lucrativo, mas o que isso signi­fica?

 

Melhoramento acelerado

 

Na ovinocultura de cor­te, ainda há pessoas que sentem calafrios diante de um mestiço de Santa Inês (lanado + des­la­na­do), sendo utilizado como reprodutor no campo, pois assimilaram somente a primeira parte do jogo que é a de a­per­fei­çoamento genético de re­pro­du­tores. Todo cientista grita nas tribunas: “mestiço não é reprodutor”, mas o sertanejo nem pestaneja, compra um Dorpinês e sente-se muito bem com a produção na fazenda. A fêmea comum vale R$ 150, mas a meio-sangue Dorpinês vale R$ 400! Um macho Dorpinês 3/4 vale R$ 700. Por que estes preços tão altos para um produto tão anti-científico? Simplesmente porque não existem os produtos científicos. O Nelore de pista é fabuloso, mas apenas 3% do gado sertanejo é inseminado, o que mostra que os re­produtores mestiços campeiam por lá, à vontade. O mesmo acontece entre os ovinos. A Ciência diz a verdade, mas ela está longe do campo, o qual não pode esperar e, então, vai usando o que pode!

Muitos empresários, por sorte, já estão notando que poderiam estar lucrando milhões - como fazem os bo­vi­no­culto­res, nos campos - ­simplesmente produzindo carne. Um empresário pode construir galpões, rapidamente, e confinar cordeiros comprados em um dos 13 pólos paulistas. O lucro seria quase imediato, entre 90 a 120 dias! Negócio bom e fácil. O Brasil logo poderá ter ­centenas de pólos produtores, cada um com seus galpões de terminação. Havendo os gal­pões, ficará mais fácil padronizar as car­caças. Havendo carcaças lucrativas, os frigoríficos terão que pagar melhor. Os fri­goríficos lucrando, logo o país estará exportando. Bom para todos. E o Brasil chegará a 100 milhões de cabeças, num piscar de olhos, com alta genética para vender para o mundo inteiro.

 

l Pacote fechado - Há milhares de bovi­no­cultores produzindo carne, nos ser­tões brasileiros. Eles são citados na imprensa como exemplo: criam tão bem seus bovinos que recebem até preços especiais dos frigoríficos. Não são sele­cionadores e, no entanto, passam ­férias em Paris, todos os anos! Para eles, não in­teressa a festa de exposições, mas apenas um pacto firme com São Pedro, o comandante das chuvas.

Por outro lado, alguns frigoríficos do Sudeste já deixam claro que “não compram Santa Inês” puro-sangue para abate, por não apresentar uma carcaça homogênea nos lotes. Estes frigoríficos pre­ferem os mestiços, pois são animais su­pe­riores em termo de rendimento de car­caça, com maior ca­ma­da de gordura para refrigeração. Enquanto isso, no ou­tro extremo, ainda há criadores que advo­gam que o animal puro-sangue não pode ter lanugem - exatamente como faziam os produtores da década de 1950!

Ao mesmo tempo, o Santa Inês é a principal raça materna nos cruzamentos. É recusada no abate, mas é ideal no campo! A Ciência diz que é isso mesmo: nem sempre a raça materna tem que ser também a melhor no gancho. A raça materna precisa garantir o futuro, as progênies sucessivas, a adequação ao meio ambiente. Já a raça paterna en­tra com o vigor híbrido necessário para produzir cordeiros de crescimento veloz e de carcaças exuberantes. Esse é o ca­minho a ser seguido pela raça Santa Inês, em sua grande parte.

Para o empresário da carne, não in­teressa o padrão racial muito rigoroso, nem a exigibilidade do grau de sangue, mas sim o produto final pendurado no gancho, com boa lucratividade. Então, surge a pergunta: “por que o Santa Inês ainda não garante a carcaça pendurada no gancho”?

A resposta é: porque ainda há um bom trecho da estrada zootécnica a ser percorrido e, então, como parece que isso não tem merecido grande atenção por parte das autoridades, os poucos produtores de carne vão atalhando o ca­minho, utilizando raças exóticas.

Muitos selecionadores tentam melhorar zootecnicamente a raça Santa Inês. Não há dúvida de que produzir animais de elite é muito gratificante, mas é tarefa sacerdotal, ou seja, é reservada para poucos. A Ciência, no entanto, precisa provar linhagens e isto é feito por meio de Testes de Progênies e de Testes de Carcaça, sendo mais fácil e mais seguro em grandes rebanhos produtores de carne. Testes feitos apenas com animais de alta elite não conduzem a re­sultados confiáveis; o ideal é verificar a influência dos puros sobre variados graus de mestiços, exatamente como acontece na fazenda produtora de carne. É de lá que saem os resultados con­fiáveis. No futuro, haverá um Serviço de Teste de Progênie, envolvendo grandes produtores de carne, com benefício para todo país.

Uma coisa é certa: enquanto o Santa Inês não apresentar milhões de animais, com a necessária lucratividade no momento do abate, será fartamente utili­zado apenas como “ventre”. Então, muitos enveredam por caminhos espi­nho­sos, como injetar sangue clandestino no Santa Inês. Surgem, então, duas cor­rentes contrárias:

a) o mestiço é preferido pelos frigoríficos, mas é rechaçado como erva-daninha nas exposições. Basta uma lanugem no costado e o animal vai para a cerca, nas exposições.

b) os frigoríficos aconselham os produtores de carne a utilizar mestiços co­mo reprodutores, para garantir a conve­xidade de carcaça, o marmoreio e a necessária cobertura diante do frio das câ­maras.

Quem ficará com a razão, no final? A resposta é fácil: o cifrão! Será vitorioso o animal, ou raça que provar ser melhor remuneradora do capital investido.

 

Conclusão

 

Cabe às entidades de Santa Inês discutir o real papel da raça no cenário brasileiro, fincando o pé a favor do produ­tor de carne, seja ele criador de Santa Inês, ou não. Exatamente como o Nelore começou a fazer há 20 anos para tentar salvar seu trono.

Hoje, a maioria dos ovinocultores quer Santa Inês porque está dando ­lucro, uma vez que machos e fêmeas são vendidos para quem está apenas formando novos rebanhos. Aqueles poucos que estão dedicados à produção de carne, no entanto, começam a enxergar que o mestiço é mais remunerador, tendo até um preço mais convidativo no momento de chegar ao gancho. Estes poucos pro­du­tores de carne logo serão milhares, pre­ferindo as mestiça­gens desordenadas e, então, tardiamente (como aconteceu no Ne­lore) surgirão entidades tentando colocar ordem na casa, abrindo convê­nios com universidades, realizando Testes de Car­caça, Testes de Progênie e, qui­çás, tentando enquadrar os mestiços em livros especiais (pela produtividade e até por genealogia).

O ideal seria que o Santa Inês assumisse, agora, o papel de colocar ordem na casa, zelando pela produção de carne desde já. Assim fazendo, no ­futuro não terá que disputar, aos trancos e barrancos, o fabuloso mercado (que tão du­ramente abriu) com outras entidades.

Esse é o desafio para a ABSI e para a ARCO, duas entidades que congregam perto de 2.000 criadores de Santa Inês, as quais, juntas, somam cerca de 20 milhões de cabeças. Vale a pena investir no domínio da expansão que irá dos 20 até 100 milhões de cabeças. Esta expansão terá como objetivo a produção de carne, em todos seus aspectos, e terá um sentido empresarial, vibrante, que levará felicidade a milhares de produtores rurais.






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