Página Inicial BUSCA no site












Estaremos em recesso no perí¯¤o de 21 de Dezembro a 10 de Janeiro.
Os pedidos realizados nesse perí¯¤o ser㯠processados apã³ essa data.

Feliz Natal e um Prã³°ero Ano Novo!


Matérias



A capacidade do caprino de usufruir zonas florestais

Autor: Torrano L. e Valderràbano J. - 08/08/2008

Atualmente, um dos principais obje­tivos do pastoreio é interagir plantas e animais que possam resultar em bons produtos finais. Durante o pastoreio, os animais podem deparar com alimentos que diferem de sua aceitabilidade e, em conseqüência, passam a consumir esses vegetais de várias espécies de for­ma diferenciada.

Este mecanismo pode afetar tanto o estado nutritivo do animal como o processo sucessório nas comunidades vegetais. Contudo, a capacidade que os herbívoros exibem de utilizar a vegetação pode variar de acordo com determinados fatores, entre eles a espécie animal, a estação do pastoreio, a carga pe­cuária e o período do dia. Dentro deste contexto é possível quantificar as possíveis diferenças na forma de os capri­nos usufruírem a vegetação, segundo a densidade de carga e a estação do pastoreio.

 

Experimento

 

Para tanto, um trabalho foi realizado em uma campina repovoada com pinus nigra Arnold sobre o solário do Valle de la Garcipollera (Huesca, na Espa­nha). A vegetação do cerrado apresentava um nível de recobrimento arbustivo de 37%, sendo a aliaga (genista scor­pius (L.) DC.) e o buxo (buxus sempervi­rens L.) as espécies predominantes. Em menor quantidade havia endrino (prunus spinosa), rosal silvestre (Rosa micran­tha), tomilho (thymus vulgaris), dorycni­um (Dorycnium pentaphyllum), zarza (Ru­bus ulmifolius), agracejo (berberis vulgaris), enebro (juniperus communis) e lavanda (lavandula latifolia). O estrato herbáceo era dominado por gramíneas perenes (Brachypodium pinnatum, B. re­tusum, Festuca arundinacea, etc.) enquanto que, em poucas unidades, encontravam-se graminóides e herbáceas de folha larga.

Uma área de 1,8 ha foi cercada e dividida em duas partes iguais destinadas ao estudo de duas densidades de carga com 9 e 18 cabras/ha, respecti­vamente. Cada uma destas partes foi dividida em duas  a fim de que os pasto­reios na primavera e outono fossem independentes. Para o aproveitamento destas zonas, utilizaram-se dois lotes de ca­bras adultas da raça Blanca Celti­bé­rica, de peso médio de 42 kg. Du­rante a primavera, que tem início no final de maio (quando flora a aliaga), os animais se trasladaram para uma campina polífita até o início do pastoreio de ­outono (outubro). Ambos os pastoreios foram analisados durante seis semanas.

A estação do pastoreio (primavera, ou­tono) sobre a forma de utilização da vegetação foi observada diante do comportamento dos animais. O tempo destinado ao pastoreio foi  cerca de 8h30m em ambas as épocas. As cabras dedica­ram 50% de seu tempo, na primavera, consumindo herbáceos, e 50% do tempo restante consumindo folhas de espécies lenhosas. A porcentagem do ­tempo de consumo de folhas, no entanto, diminuiu significativamente no pastoreio de outono (32%).

Das espécies arbustivas apresentadas, o buxo não foi consumido em ne­nhuma das épocas estudadas (provavelmente, devido à presença de alcalói­des em suas folhas que parecem atuar como um mecanismo de defesa), enquanto que a aliaga foi consumida com avidez nas duas estações. O tempo destinado ao con­su­mo de folhas da aliaga foi sempre muito superior em relação às outras espécies lenhosas, mesmo que se tenha reduzido significativamente do pastoreio de primavera (36%) ao de outono (19%).

Para facilitar a interpretação dos resultados, na análise estatística foram agrupados tomilho, lavanda e enebro em espécies aromáticas e rosa, zarza, en­drino e agracejo no grupo denominado espinhosas. O tempo durante o pastoreio de primavera, no consumo de espinhosas, reduziu-se significativamente no outono. Por outro lado, o tempo destina­do ao pastoreio das espécies aromáticas aumentou nesta mesma estação. A densidade de carga, no entanto, afetou em menor magnitude a distribuição do tempo de pastoreio na seleção dos diferentes grupos vegetais. Apenas o grupo constituído pelas espécies espinhosas foi afetado por este parâmetro ao aumentar significativamente o tempo de consumo com a densidade de carga, como conseqüência do aumento no tempo des­tinado ao consumo de rosal.

O comportamento das cabras na seleção da dieta colocou em discussão a estação de pastoreio sobre o tempo destinado ao consumo de lenhosas, que passou de 50% na primavera e 32% no outono, enquanto que a densidade de carga sobre a utilização dos diferentes grupos vegetais foi menos evidente. A estação de pastoreio sobre a utilização dos distintos componentes da vegetação foi também observado por outros autores relacionando-se com a disponibilidade forrageira ou a variação de seu valor nutritivo.

Quanto ao consumo de folhas de aliaga, os animais dedicaram 36,5% do tempo de pastoreio durante a primavera. Isso se deve à densidade do arbusto e à qualidade nutritiva de seus brotos. As diferenças de tempo que os animais destinaram ao consumir o arbusto, ­entre ambas as estações de pastoreio, poderiam sugerir uma menor aceitabilidade da aliaga no outono, relacionada com a redução de seu valor nutritivo ou com o en­durecimento dos brotos.

As observações realizadas sobre es­ta espécie revelaram uma redução signi­ficativamente superior ao seu volume nas áreas pastadas no outono, o que ­sugere que o tempo destinado ao pastoreio de uma espécie nem sempre é indicativo do nível de impacto exercido sobre ela. Dentro dos grupos vegetais considerados, a redução do valor nutritivo das espinhosas poderia explicar o menor tempo destinado ao consumo durante o outo­no. O escasso nível de consumo observado nas espécies aromáticas, durante a primavera parece estar mais relacionado ao elevado conteúdo nos compostos do metabolismo secundário do que por seus bons efeitos sobre o metabolis­mo hepático, a flora ruminal ou características organolépticas, que poderiam reduzir a aceitabilidade destas plantas. O menor conteúdo em óleos essenciais durante o outono também explica, em con­­seqüência, a maior proporção de tempo destinada ao seu consumo nessa épo­ca.

A modificação constatada na forma de as cabras utilizarem determinadas espécies vegetais com a estação do ano mostrou-se como instrumento eficaz de manejo em áreas florestais e caprinos.

 

Torrano L. e Valderràbano J. são do Serviço de Investigação Agroalimentar - D.G.A.,em Zaragoza (Espanha). Título original: Capacidade de utilização de zonas florestais pelo caprino.

 






Link para esta p᧩na: http://www.revistaberro.com.br/?pages=materias/ler&id=917


Desenvolvido por Spring
rea do usuᲩo

 
Cadastre-se para acessar as mat鲩as restritas, clique aqui.

Esqueci minha senha!