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Produção de carne & a raça Santa Inês na tribuna

- 08/08/2008

Quando a revista O BERRO surgiu, no final da década de 1970, carneiros e ca­bras eram levados para exposições nordestinas para serem transformados em moeda, a exemplo do que acontecia e continua acontecendo nas feiras do interior. Era um mercado centenário, mas sem qualquer regulamentação, passando despercebido diante dos bovinos. A revista, percebendo que ali estava uma ferramenta de gerar renda, com dignidade para o proprietário rural, assumiu a missão de promover a atividade em todo país.

Além de divulgar tecnologias sertanejas, começou a mostrar conhecimentos diversos, típicos de uma enciclopédia, para enriquecer a cultura dos produtores. Até hoje, mantém a mesma linha editorial, pois considera que o país ainda está engatinhando na criação e muitos ensinamentos precisam entrar nas propriedades.

Todos os rebanhos com mais de 5.000 cabeças foram visitados e, gratuitamente, foram exibidos na revista, para servirem de exemplo. Ao mesmo tempo, vai mostrando alguns importantes rebanhos do mundo, para evidenciar quanto caminho precisa ser percorrido para chegar ao mercado internacional. Na última edição foi mostrado um rebanho de 680.000 cabeças, que bem poderia ser um empreendimento brasileiro, mas que ainda não é. Se o Brasil, todavia, tem rebanhos bovinos acima de 200 mil cabeças, por que não terá 680 mil de ovinos, um dia?

O que falta é dinheiro que, no Nordeste, às voltas com secas periódicas, sempre tem sido escasso por parte dos sertanejos e sovina por parte dos Governos que sempre insistiram em não enxergar a atividade como uma ferramenta capaz de dar dignidade ao produtor rural.

Pode-se afirmar que não há limites para a produção de carne ovina no Brasil, pois o país tem território sobrando, clima benéfico e tecnologias disponíveis. Ninguém pode afirmar quantas cabeças terá o rebanho brasileiro, um dia. Podem ser 100 milhões ou 200 milhões, a exemplo dos bovinos.

 

 

 

O certo é que falta apenas o entrosamento dos diversos segmentos da cadeia produtiva para acontecer um novo salto. Prevendo um excelente futuro para a atividade, a revista lançou a TV do Berro, para chegar a milhões de futuros criadores, com patrocínio de empresários que acreditam não apenas em seus rebanhos, mas na própria ovino-caprinocultura. É preciso que surjam outros empresários como Luiz Felipe Brennand (Caroatá, PE), Carlos Lyra (Varrela, AL) e Edo Mallmann (Ron­don, PR), atuais patrocinadores da TV.

Chegou o momento de estimular, agora, os empresários para assumirem o co­mando de todos os segmentos da cadeia produtiva e não apenas das propriedades rurais. Somente com produção de carne em larga escala será possível dar início ao segundo tempo do jogo, que será caracterizado pela colocação da carne nos cardápios brasileiros, nas prateleiras de supermercados, a preços compatíveis com a bolsa dos brasileiros. Ao mesmo tempo, empresários da carne estarão agregando os ovinos em suas viagens pelo mundo afora. Da mesma maneira que já vendem carne de vaca também venderão carne de carneiro. O mundo está aberto às compras; o que falta é produzir.

Até lá, todavia, é preciso ho­mo­geneizar a carne dentro dos cur­rais. No mundo existem dois tipos: cordeiro (“lamb”) e carneiro adulto (“mutton”), cujas carcaças são bem conhecidas. No Brasil é preciso estabelecer regras para essa homo­geneização, tarefa relativamente fácil para os produtores de carne, mas bem complicada para os selecionadores, pois estes poderão se desviar da finalidade precípua, como aconteceu com os bovinos durante décadas. Até hoje, não se chegou a um consenso sobre a avaliação do bovino em pé, por falta de auscultar o homem do cam­po. Finalmente, num gesto elogiável, a raça Nelore partiu para o ataque, testan­do animais abatidos e, como prêmio, já transformou o Brasil no maior rebanho do mundo e maior produtor de carne.

É possível manter as duas pecuárias (expositiva e produtiva) em evolução, uma voltada para o potencial de raças e a outra voltada para a eficiência lucrativa na produção de carne. Esta é a discussão que precisa ser incre­men­tada, tomando como exemplo o que acontece no mundo inteiro. O Brasil é o último país a chegar à ovinocultura empresarial, com chance de mudar o cenário internacional e, como tal, deve utilizar as experiências do mundo. De nada adianta ficar reinven­tando a roda em exposições, sem ocupar o filão da produção de carne!

A raça Santa Inês, por ser a maior do Nordeste, ganhou notoriedade e enriqueceu muitos cria­dores, como jamais foi visto na história até hoje. Isto, todavia, não é motivo para dormir de touca, pois ela tem obrigações a cumprir. De fato, a raça Santa Inês foi apresentada como sendo “materna” para os cruzamentos e tem que dar conta do recado. Se não cumprir sua parte, os produtores de carne produzirão outros ecótipos maternos e o Nordeste terá que recomeçar, disputando um mercado que se tornará muito duro. Por enquanto a raça Santa Inês está sozinha no cenário, mas olhos gulosos já estão testando outras alternativas deslanadas: Morada-Nova, Damara, e várias raças estão de malas prontas para entrar no Brasil.

Dentro de um lustro, no máximo, o Sudeste e Centro-Oeste estarão apresentando alternativas para o uso do Santa Inês, caso este não venha a preencher os requisitos nos pólos produtores de carne. No momento, péssimos exemplares são rejeitados pelos frigoríficos, levando alguns destes a divulgarem que “não querem mais comprar Santa Inês”; sem dúvida um gesto de ignorância, pois jamais deviam condenar uma raça devido a alguns animais ruins. Em toda raça existem indivíduos ruins, bem como criadores ruins, ao lado de indivíduos excelentes e criadores também excelentes.

Há criadores bem intencionados na raça Santa Inês, desenvolvendo um animal com boa aptidão cárnea, boa rusticidade e boa aptidão materna (leite, mansidão, etc.). A grande chance da raça Santa Inês é preencher o papel de “raça materna” nos cruzamentos que irão se multiplicar cada vez mais pelo país. Nem de longe, o Nordeste pode perder essa chance que enobrece uma raça que brota, espontanea­mente, nas feiras semanais sertanejas.

Em matéria de Santa Inês, o sertanejo nordestino é doutor, mas tem que produ­zir o animal que seja viável para o Sudeste e Centro-Oeste. Nestas re­giões, o Santa Inês precisa ser motivo de elogios, de sucesso dos rebanhos que vão surgindo todos os dias.

Assim, na atualidade, há duas discussões em aberto: da produção de carne e também do papel da raça Santa Inês. Ambas estão na tribuna.

 






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