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Matérias



Questão de olho aberto

- 14/05/2008

1 - Em uma atividade nova é preciso ter, sempre, os olhos bem abertos. Não que a ovino-caprinocultura seja nova, pois já existia nos tempos bíblicos, mas no Brasil ela é recente, com cerca de 30 anos de trabalho alinhado. Antes disso, era apenas uma atividade marginalizada.

Milhões de pessoas, no mundo, precisam de carne e, então, empresários avan­çam para a ovino-caprinocultura brasileira sabendo que este é um nicho ­espetacular para o futuro, que já está logo aí.

Vendo tanta euforia, muitos empresários entram apressadamente na ­atividade, comprando animais caros em leilões e, depois, descobrem que suas instalações são inadequadas, sua mão-de-obra também. Resultado: animais morrem e o novo empresário bota a boca no trombone, como se tivesse sido traído.

Desde os tempos bíblicos, pessoas entram e pessoas saem da pecuária, uma vez que a lucratividade de atividades urbanas é bem mais garantida pelos governantes interessados em resultados eleitoreiros os quais são obtidos onde há concentração humana e, no campo, não há. Às vezes, o campo ressurge como uma novidade e, então, o capital migra por uns tempos para o campo. É o que está acontecendo agora: os ovinos e caprinos têm um horizonte de mais de 20 anos de contínuo cres­cimento e isso é muito interessante para os investidores.

Investidor é uma coisa; criador é outra. Há aqueles que preferem comprar “papel” e receberem os dividendos a cada ano. Há, por outro lado, aqueles que ado­tam uma nova pecuária em suas propriedades. Há aqueles que querem uma ati­vidade condizente com sua propriedade de lazer. Para todos os casos, os ovinos e caprinos são bem sucedidos.

É preciso, todavia, estar com os olhos bem abertos, para não despejar ­dinheiro sem ter, antes, a infra-estrutura, a logística, o escoamento, a mão-de-obra, tudo dentro das regras da lucratividade.

 

2 - O que é uma exposição? É o local onde acontecem os certames zootécnicos, ao lado de grande festa. Ali os animais são testados quanto ao seu potencial fe­notípico. Por isso, precisam estar no máximo de sua potencialidade: gordos, ro­li­ços, musculados. A exposição é a escolha de campeões.

Uma coisa é admirar campeões; outra é comprar campeões. Muitos reclamam por ter comprado animais caríssimos, muito bem preparados e, de repente, na fazenda, não cruzam ou não emprenham. Por que? Simplesmente porque foram castrados pela boca. Para conseguir prêmios, é comum tentar chegar ao potencial do animal e, então, ele é colocado num regime de come-come, com self-service à disposição, uma piscina de regalias. Vale tudo, desde que engorde.

Engordar, sem atenção, pode liquidar a reprodutividade do animal, temporária ou definitivamente. A natureza não fez os animais para serem gordos o tempo todo. Eles devem apenas acumular gordura para enfrentar o próximo período de escassez.

Os novos empresários enxergam animais roliços e aplicam grandes somas neles. Depois, ficam com os animais dando trabalho para recuperação na fazenda. Não é tarefa fácil.

Isto é resultado da inexperiência. A pecuária de ovinos e caprinos ainda é incipiente; já a de bovinos e equinos é mais tradicional e qualquer fazendeiro conhece as artimanhas de engordar muito e emagrecer aceleradamente. Afinal, na natureza tropical, gordura é defeito e não virtude.

O estado corporal, no entanto, é uma das maneiras de saber se o animal pode atingir 140, 160 ou 180 kg. Sem o engordamento não se chega ao potencial que precisa ser conhecido. Então o jeito é ficar de olho bem aberto na hora de comprar campeões. Convém perguntar quanto tempo o animal está engordando, qual a ­dieta, etc. Nada como ter um zootecnista por perto.

 

3 - Nesta época de deslumbramentos, muitos podem entrar na atividade, sem ter conhecimento real do mercado. Por isso é lançado, todos os anos, dentro da FEINCO, o Anuário Brasileiro de Caprinos & Ovinos, com as estatísticas atualizadas que permitem ao leitor saber onde está pisando. Um anuário existe para isso mesmo: dar confiança sobre o mercado.

Por outro lado, a Revista Brasileira de Caprinos & Ovinos (O Berro) tem publica­do todos os rebanhos de produção de carne. Qualquer rebanho que tenha mais de 5.000 matrizes tem direito a uma longa e didática reportagem na revista que vai até o local, faz fotografias, e publica. Tudo de graça! Assim, o mercado fica sabendo onde está surgindo um pólo de produção de carne. Parece muito ter 5.000 cabeças? Nada disso; corresponde a cerca de 60-70 abates por semana. Muito pouco para o Brasil. Isso é menos que a capacidade de venda de um supermercado médio.

No futuro o Brasil terá rebanhos com 30, 40, 70 mil cabeças. No momento, o maior rebanho do mundo tem 400.000 cabeças! O Brasil pode chegar lá; é só querer.

O nicho de produção de carne é que define o futuro da atividade. Havendo muitos produtores de carne, o horizonte estará tranquilo para todos.

Então, é preciso estar com os olhos abertos para os produtores de carne, estejam onde estiverem.

 

4 - Na década de 1980, a pecuária bovina, tendo à frente o Nelore, resolveu partir para o uso de alta tecnologia (TE e FIV), para revolucionar o setor. Também começou a fazer diversos Testes de Progênie, de forma atabalhoada, sendo que até hoje eles não chegaram a um entendimento para publicar um Sumário unificado.

Os ovinos seguem no mesmo caminho, tendo o Nelore como exemplo, pois já se praticam a TE e a FIV na ovinocultura. Já os Testes de Progênie precisariam ser bem discutidos, antes de implementados, para não acontecer a “torre de Babel” que aconteceu na pecuária de corte e de leite dos bovinos.

Também é importante salientar que houve um salto de qualidade na pecuária de corte, a ponto de o Brasil ser o maior exportador de carne e o maior rebanho comercial do planeta. Isto, todavia, encobre o fato de que - quando começou o uso de biotecnologias - o Nelore já estava lá no campo, dominando de norte a sul do país, produzindo muita carne para o mercado externo.

Na ovinocultura está havendo um atropelo: vai-se introduzindo o uso de altas tecnologias na área genética, mas não há a contrapartida no campo, pois não exis­tem grandes rebanhos de corte. Ora, são eles, os rebanhos de corte que irão comprar material genético de elite!

Então, os empresários que pretendem se tornar criadores, melhor fariam se divi­dissem o dinheiro, tanto para a produção de carne (ou para os demais elos da cadeia produtiva, como frigoríficos, curtumes, entrepostos de carne, distribuidores de carnes especiais, exportadores, etc.) e, finalmente, para os animais de elite. Se não houver a pecuária de base, produzindo carne, a atividade inteira estará em risco.

Este atropelo, porém, é saudável, exigindo apenas que o olho esteja bem aber­to. Não adianta implantar fazendas; é preciso implantar um “pólo produtor de carne”, com muita gente, para ter produção suficiente para obter um bom preço no mercado comprador.

 

5 - O Brasil ainda está muito longe de beliscar o mercado internacional. O atendimento ao exterior abrange dois aspectos: o religioso e o tradicional. O religio­so exige animais em pé: ovinos e caprinos. Basta contar as famílias muçulmanas, judias e de outras religiões para verificar que são abatidos milhões e milhões de animais nas principais festas religiosas. Para cada festa há um estilo de animal (carcaça). Cada família deveria comemorar a festa com seu cordeiro, abatido no fundo de casa. São milhões de abates, num único dia: isso exige uma logística de produção, de transporte, de venda - coisa para o futuro. Devido à pobreza das fa­mílias, milhões e milhões ficam sem o seu cordeiro tão almejado. O Brasil ­poderia suprir essa fabulosa demanda.

O segundo mercado é o de iguarias em restaurantes do Hemisfério Norte. A carne de caprinos é ideal para pessoas idosas. Então, os aposentados do mundo inteiro podem se deliciar com carne caprina, em substituição a outras que são inadequadas. Milhões de caprinos podem ser produzidos, com tranquilidade para esse mercado que não irá parar de crescer.

Um país como o Brasil pode exportar mais de 1,0 milhão de animais vivos, todos os anos, para sacrifícios religiosos, além de abater muitos milhões para produzir carne para o mundo. No futuro, o Brasil terá navios ovineiros, especializados para transporte dos pequenos animais - basta esperar para ver.

Conclusão - O cenário é francamente otimista, mas é preciso ter os olhos bem abertos, pois a atividade sorri para o futuro e ele, o futuro, sorri para a atividade. O Brasil, por ironia, ainda não estabeleceu regras de produção interna! Basta ver que os nordestinos continuam presos, injustamente, à questão da aftosa, com seus pequenos animais. Pura ignorância governamental de autoridades travestidas de xerifes para se exibirem e privilegiarem meia dúzia de nababos que moram bem longe das regiões prejudicadas. O Brasil ainda tem muito daquele espírito que proibiu a criação de ovinos e cabras durante 500 anos, dentro do Governo.

Então, o melhor é ficar de olhos bem abertos: ler, ler, ler, estudar, consultar, aprender tudo que for possível, pois o futuro é de ouro. E, lentamente, ir construindo o país do futuro, mostrando aos governantes que eles deveriam ajudar, ao invés de punir, os heróicos homens do campo.






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