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A carne ovina e a microrregião de Presidente Prudente

- 16/10/2007

A carne ovina e a microrregião de Presidente Prudente

 

Ricardo Firetti e Andréia Luciane Moreira

 

A ovinocultura é uma atividade desenvolvida em todos os continentes e está presente em áreas sob as mais diversas características de clima, solo e vegetação, porém, somente em alguns países apresenta expressão econômica, sendo, na maioria dos casos, desenvolvida de forma empírica e extensiva, com baixos níveis de tecnologia.

 

Estima-se que o rebanho ovino mundial seja de 1,9 bilhão de cabeças, apresentando redução em números absolutos em torno de 10,7% de 1990 a 2003. Em contrapartida, no início dos anos no­ven­­ta, a produção de carne era ­estimada em 7,02 milhões de toneladas enquanto em 2005 atingiu o patamar de 8,45 milhões de toneladas, contabilizando um acréscimo de 17%. Isto indica que nestes anos houve a especialização dos re­banhos mundiais para a produção de car­ne e aumento de produtividade.

No Brasil, a estimativa do Instituto FNP é de que o rebanho ovino seja de 16 milhões de cabeças, dos quais 60% es­tejam localizados no Nordeste, 25% no Sul, 6,4% no Centro Oeste, 4% no Su­deste e 4,6% em outros Estados. O cres­cimento do rebanho nacional, de 2002 a 2005, foi de 16,5%, no qual a re­gião Su­deste obteve expansão de 32,7%.

Em 2006, o Brasil importou quase 7.075 toneladas de carne ovina ao ­custo de US$15 milhões (aproximadamente R$ 33 milhões). Deste total, 91% da quanti­dade foram de peças não desossadas con­geladas, sendo o Uruguai o principal ex­portador. Além deste item, o país ainda importa peças não desossadas frescas (do Chile), carcaças e meias carcaças congeladas de ovinos e cordeiros e mais de US$1 milhão (R$ 2,2 milhões) em carnes de ovinos desossadas.

O principal Estado importador foi o Ma­to Grosso do Sul, respondendo por 53,32% do total, sendo 3.516 toneladas de peças não desossadas congeladas, se­guido por Santa Catarina. São Paulo im­portou 11,08% do total brasileiro, dos quais 609 toneladas de peças não desos­sadas congeladas. Na região Nordeste, a Bahia foi a responsável pela importação de 45,30% do total de carcaças de cor­deiros, congeladas, ou seja, quase 37 to­neladas.

Em 2007, de janeiro a junho, foram im­portadas 2.900 toneladas de carne ovi­na, sendo carcaças inteiras e meias car­caças de cordeiros, carnes desossadas e outras peças congeladas não desossadas, equivalentes a US$6 milhões (R$ 11,7 milhões). Isto representa ­acréscimo em torno de 18% em relação ao mesmo período de 2006. Além de Uruguai e Chile, neste ano a Argentina passou a forne­cer carne ovina ao mercado brasileiro, especificamente carcaças e meias carcaças de ovinos, congeladas (18,5 to­ne­la­das).

No Brasil, o consumo de carne ­ovina gira em torno de  128.570 toneladas, dos quais 35% concentram-se no Estado de São Paulo, ou seja, 45 mil toneladas de car­ne ao ano. Somente o município de São Paulo, capital, consome cerca de 33.750 toneladas, ou seja, 75% do mercado es­tadual, e 26,25% do mercado nacional. O consumo per capta da carne no Sudeste é de 1,2kg/habitante/ano, quantidade irrisória em relação à demanda de ­outras carnes, no qual o poder aquisitivo dos consumidores finais é o grande orienta­dor do consumo.

Segundo dados da Pesquisa Pecuária Municipal (PPM) realizada pelo IBGE, São Paulo possuía, em 2005, um rebanho de 345 mil cabeças (57% da região Sudeste), dos quais pouco mais de 17% concentravam-se na Região de São José do Rio Preto, cerca de 12% em Araça­tuba e 11,76% em Bauru. A estimativa do Instituto FNP é de que em 2007, o Es­ta­do possua o efetivo de 368 mil cabeças.

São José do Rio Preto, Araçatuba, Ma­rília, Presidente Prudente, Bauru e São Carlos podem ser consideradas as re­giões mais importantes de São ­Paulo, pois compreendem 114.214 cabeças, cer­ca de 1/3 do total.

O rebanho efetivo de ovinos da micror­região de Presidente Prudente é o ­quarto maior do Estado, no qual estima-se que existam 15.232 cabeças de ovinos, cerca de 4,5% do efetivo estadual. Esta re­gião, no entanto, tem grande potencial pa­ra a produção de ovinos, tendo em vista a gran­de disponibilidade de área de pasta­gens (1.360.425 ha) e o interesse de pro­dutores rurais em viabilizar novos negócios em detrimento da pecuária de ­corte, co­mo por exemplo, a cana-de-açúcar e a própria ovinocultura.

A microrregião de Presidente Prudente compreende 30 municípios abrangidos pelos Escritórios de Desenvolvimento Regional (CATI) de Presidente Pru­dente e Presidente Venceslau, estando lo­­ca­lizada no oeste do Estado de São Pau­lo. É composta por uma população de 553.741 habitantes, dos quais 14,52% vi­vem na zona rural. Deste contingente rural, cerca de 5.100 famílias estão assentadas em 95 assentamentos esta­du­ais e 10 federais, em área próxima a 100.000 hectares. Dados da CATI (1997) apon­taram que esta microrregião ­possuía cerca de 21 mil produtores rurais que ex­­­­plo­raram áreas inferiores a 100 hecta­res e cerca de 70% das unidades de pro­du­ção agropecuária tem até 50ha e respondem a 11% da área total voltada à pro­­dução de alimentos. Em ­contraparti­da, 16% da área total voltada à ­agrope­cuá­ria é composta por propriedades acima de 500ha.

Do ponto de vista industrial, o grande destaque é o município de ­Presidente Prudente, que concentra grande ­maioria das empresas da região. Conta com 445 in­dústrias localizadas em quatro distritos in­dustriais, tendo como principais ramos de atividade as bebidas, carnes, ­laticínios, ál­cool e açúcar, derivados do couro, calçados, vestuário e artefatos de tecidos, me­talúrgicas, gráfico, mobiliário, químico, far­macêutico e veterinário, borracha, ma­terial eletrônico e de comunicação, e plás­ti­cos.

Estimativas do Escritório Regional do SEBRAE (SP) apontam que a região pos­sua, atualmente, cerca de 150 criadores de ovinos, concentrados principalmente na região de Presidente Vences­lau. Destacam-se Mirante do Paranapa­ne­ma, Presidente Venceslau, Caiuá, Teo­­doro Sampaio, Marabá Paulista, Pre­si­­dente Epitácio e Rosana com rebanhos acima de 1.000 cabeças. Desses, Caiuá foi o município que apresentou maior cres­cimento relativo do rebanho, em torno de 133%, enquanto que na região toda a evo­­lução foi de apenas 3,52%, entre 2000 e 2005.

Apesar de a ovinocultura ser tradicional no Sul e no Nordeste, a produção bra­sileira não tem conseguido atender à demanda interna e somente o manejo re­produtivo e sanitário adequado, associado aos princípios básicos de criação destes animais, possibilitará o uso mais efi­ciente dos recursos forrageiros disponíveis, transformando a atividade em uma alternativa de renda viável para os produ­tores rurais.

Atualmente, o sistema de produção de carne preconizado como ideal é de con­finamento de cordeiros com dietas de alta proporção de concentrado, pois os animais jovens são mais exigentes nu­tricionalmente, possuem rápido e eficiente ganho de peso diário e atingem ida­de precoce para o abate, ­aumentando a taxa de desfrute do rebanho e contri­bu­indo para maior giro de capital.

Embora o sistema de confinamento e abate precoce esteja sendo realizado com eficiência econômica no Estado pau­­lista, principalmente por produtores que atingem nichos específicos de mercado com maior remuneração, a criação de pequenos ruminantes em pastagem de boa qualidade é, geralmente, a forma mais econômica para produzir carne.

A terminação de cordeiros em pastagens, ou seja, de animais cruzados com aptidão para ganho de peso, ocasio­na maior tempo de vida para abate, proporciona ganhos diários menores ­quando comparados ao confinamento e maiores cuidados com endoparasitas, mas sua grande vantagem reside no menor teor de gordura na carcaça, condição exigida pe­lo consumidor moderno, e principalmente, custos diários de produção redu­zidos e menor aporte de investimento em infraestrutura e capital de giro.

Nesse sentido, diferentes estraté­gi­as e sistemas de produção de carne ovi­na devem ser estudados e  desenvolvidos buscando maior eficiência econômica e menor custo de produção, em vir­tude dos di­ferentes segmentos de mercado para este produto, tanto na capital do ­Estado, maior consumidor nacional, como em ou­tras regiões.

 

Ricardo Firetti é pesquisador científico da Pólo Regional de Pesquisas da Alta

Sorocabana (APTA) e Andréia Luciane Moreira é pesquisadora e zootecnista

da Pólo Regional de Pesquisas da Alta Sorocabana (APTA).

Título original: Mercado da carne ovina e potencial da microrregião de Presidente Prudente.






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