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Somos tão ricos, mas nem tanto.

- 01/07/2007

Um artigo de Polan Lacki mostra que o Brasil é, de fato, muito rico, tanto na agri­­­cultura como na pecuária e que bastaria isso para ter transformado o país nu­ma po­tência mundial. Passaram-se 500 anos e isso não aconteceu. Por que? Faltou com­petência para assumir a realidade, só isso. O Governo sempre viveu nas ­nuvens e não na terra brasileira.
O país tem clima e solo abençoados por Deus, poderia criar gado no pasto, ge­­rar riqueza para ter boas cidades, um bom sistema educacional para seu povo, boa distribuição da riqueza e muita felicidade social. A infra-estrutura da riqueza, com clima árido, clima temperado, clima frio, clima úmido, tudo!, está pronta e o bra­­sileiro deveria ser o povo mais feliz da Terra.
Há tecnologia suficiente, sim, mas engavetada ou estacionada em centros-de-pes­quisa, universidades, ou em mãos de poucos prósperos fazendeiros. A pon­te li­gando a modernidade e os que vivem no campo teima em não sair do pa­pel.
Há meios de comunicação eficazes que poderiam atender milhões de proprietá­rios rurais, rapidamente. Bastaria acioná-los, mas cadê a vontade política para tan­­to?
Ao invés de ajudar os 4,5 milhões de produtores rurais mergulhados no primiti­vis­­mo e nos prejuízos constantes, o Governo de cinco séculos de experiências, es­­timula a invasão de terras e o plantio de novos proprietários que nunca sofreram na lida diária como os que já são donos por tantas gerações. Parece, então, que a po­breza atávica, já somando cinco séculos interessa a alguém, mesmo sendo isso um sinônimo de democracia canhestra, que mantém os rurícolas na eterna de­pen­dência de um poder público que sempre falha.
Por que os rurícolas continuam pobres assim? Primeiro, porque tudo que aprenderam com seus pais ficou desatualizado. Segundo, porque as escolas fun­damentais não ensinam como gerenciar a terra. Nada têm de rurais, mas muito de urbanas, le­vando ao desencanto e desencontro entre a geração dos ve­lhos e dos novos. Ter­ceiro, o serviço público interessa-se em manter o cartório, a burocracia, ­castrando o pouco crédito rural existente ou canalizando-o para as grandes propriedades. A boa vontade pública, quando existe, não consegue ­chegar à porteira da fazenda. Quar­to, as faculdades agrárias, apesar do nome, são exces­sivamente ­urbanizadas, longe da realidade tropical. Os professores são urbanos, que aprenderam em livros estrangeiros. Não há um único livro sobre Zootecnia tropicalista adotado por universi­dade brasileira! Há um divórcio entre o homem-do-campo e o formando. As ­pesquisas universitárias são realizadas mais na Internet do que dentro das porteiras, pois o que importa é obter o caro diploma final. A ex­tensão rural praticamente existe ­apenas no papel.
Isso explica porque o rurícola não se interessa em contratar mão-de-obra diplo­mada. Emprego existe - e muito! - as universidades é que são inadequadas, po­is ensinam tecnologias sofisticadas, de alto custo, que podem beneficiar entre 1 a 5% dos agricultores do país. O que fazer com os 95% de produtores rurais res­tan­tes? Por isso abundam os Congressos, Seminários, Simpósios, sempre pa­ra litera­tos, doutores, mas nenhum para o homem do campo. Alguém já viu um Congresso or­­­ganizado por pessoas do campo? Na terra, as tarefas continuam sendo executa­das pelos ho­mens-do-campo e não pelos diplomados que deveriam estar no coman­do da ati­vidade. Por isso, a Inseminação Artificial não passa de 6,0% do rebanho na­cional en­quanto outras nações ostentam 70, 80, 90%.
O fato é que os estudantes não regulam uma semeadeira, não fazem poda de ár­vores, não enxertam, não ordenham vacas ou cabras, não transformam "commodi­ties" em produtos processados. Estão no vazio, no vácuo, defendendo seu di­ploma com unhas e dentes, mas sem grande serventia dentro das porteiras ru­rais. Boa parte deles, equivocadamente, acusam o homem-do-campo de "atrasa­do, ­primitivo", etc., quando o "inadequado, atrasado, primitivo" é o sistema educacio­nal e, por extensão, o próprio diplomando acusador. A prova disso é que as ­lavouras e ­pecuárias continuam existindo, mesmo sem o aporte de mão-de-obra ­diplomada em faculdades, a qual é forçada a procurar emprego nos órgãos públicos.
Como mudar este cenário? É preciso dar início a duas maratonas:
1) convencer os "donos" do sistema educacional a priorizar a terra, o clima, a flo­ra e a fauna onde todos pisamos. Priorizar, assim, o homem-do-campo, ­locado em sua terra, em seu clima, em sua vegetação, em seu próprio mundo, pois esse é o mun­do pátrio, o grande patrimônio do futuro. Colocar patriotismo nos livros di­dáticos, tão ciosos de mostrar altas tecnologias de outros países, outros climas, outros povos! A contínua educação alienada pode alienar também o território na­cional rapida­mente, entregando terras para quem não as fará produzir, gerando uma revolução que desaguará na doação de territórios para estrangeiros ­produzirem somente o que querem: biocombustíveis e riquezas importantes para eles, não para os brasilei­ros. É preciso tropicalizar o Brasil, antes de tudo, aceitando a terra que Deus deu, como ela é, ao invés de continuar insistindo em adotar tecnolo­gias de outras ­plagas. O homem brasileiro não é um "jeca-tatu" como pintam os li­teratos, ele é a mola pro­pulsora do amanhã.
2) convencer o mercado a multiplicar o uso dos produtos da terra, gerando me­­canismos que paguem o suor do homem-do-campo, ao invés de realizar uma pro­­dução-fantasia, adicionada à produção de exportação que enriquece apenas meia dúzia de pessoas.
Um bom começo, portanto, seria o Governo abrir os olhos para a formidável ri­­que­za das ovelhas e cabras. É fácil chegar a um rebanho de 100 milhões de ca­be­ças, mas isso somente poderá acontecer, sem desastres, se houver preços com­pen­sa­dores. O rebanho de ovelhas e cabras pode ser o maior do planeta, bas­ta que­rer. Basta promover o escoamento adequado e lucrativo para todos. En­quanto hou­ver espoliação do produto, na porteira da fazenda, o sistema estará be­neficiando apenas o segmento terminador e não os produtores. Estará dando ti­ro no próprio pé.
Repetindo: as ovelhas e cabras são a bússola para medir o acerto do rumo do país, pois saíram dos 500 anos de inércia do país, depois de tanto tempo de abando­no. Agora, o mundo exige o bom desempenho brasileiro no setor. O ­mundo quer com­prar; o Brasil precisa produzir. Se as ovelhas e cabras tiverem sucesso, o país es­tará no caminho correto. Nada é tão óbvio como a chance de o Brasil pro­duzir car­ne, leite e peles em larga escala para o planeta, adotando ovelhas e ca­bras co­mo ferramental biológico adequado para o futuro. É uma sinalização de que ­algum Governo finalmente enxergou a própria terra onde pisam os patriotas que insistem em ali ficar, sabendo que, um dia, o sertão irá valer a pena.
Publicado na Revista O Berro n. 103





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