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Os estranhos números do Brasil

- 01/12/2006

 

O país está vivendo um apagão estatístico no setor rural. O último Censo aconteceu em 1995, depois de mais de uma década de vazio estatístico. Para quem vivenciou a Grande Seca nordestina (1978-1983) o Censo de 1995 deixou a desejar. O Censo, que deveria ter acontecido em 2005, coloca em risco uma série de investimentos no setor no país que parece de brincadeira.

Entre os muitos problemas trazidos por esse vazio estatístico, Victor Abou Nehmi Filho, do Instituto FNP, cita o do rebanho bovino brasileiro. Enquanto o IBGE afirma que não fez o Censo em 2005 por falta de liberação de verbas do governo, estima o rebanho brasileiro em 205 milhões de cabeças de gado, números contestados pelo FNP que acredita em apenas 164 milhões.

Os desencontros não param por aí. A ausência de um dado único, que sirva de base para todas as entidades ligadas ao setor, faz com que cada uma procure uma referência própria. O CNPC-Conselho Nacional da Pecuária de Corte, por exemplo, trabalha com um rebanho próximo de 196 milhões de cabeças, enquanto que o Sindan-Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal, trabalha com números que vão de 180 milhões a 190 milhões de cabeças.

Esses desencontros de informações são cruciais neste momento, quando o país assume a liderança mundial nas exportações de carne bovina. O ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, afirmou que o censo é muito importante, mas não sabe dizer se ele será realizado em 2007 (!).

Nehmi diz que números inflados do rebanho podem fazer com que a indústria frigorífica monte unidades em regiões com oferta menor de animais do que o estimado. As indústrias de produção de insumos para o setor, como vacinas, sais minerais e outros medicamentos, também colocam o planejamento em risco devido à incerteza das estatísticas, segundo Nehmi.

O critério de avaliação da estatística pode conduzir a um erro enorme. O FNP, por exemplo, apresenta o rebanho médio, enquanto o IBGE indica o total de animais no último dia útil do ano. A diferença entre esses dois critérios é grande. O nascimento dos bezerros concentra-se na primavera, somando, em dezembro, de 30 milhões a 35 milhões de cabeças a mais do que em agosto. Nehmi diz, no entanto, que o critério usado no mundo para medir o rebanho é o da média anual, que inclui os bezerros nascidos e também os abates que vão ocorrendo durante o ano. Esse é o critério usado pelo IBGE no último censo agropecuário, em 1995, diz Nehmi.

 

Ovinos e caprinos - Se os números para os bovinos estão equivocados, o que imaginar para ovinos e caprinos que nunca tiveram um Censo realista? De fato, os pequenos animais sempre foram considerados "coisa de pobre", ou "coisa de fundo de quintal" e, como tal, nunca foram contados, apenas anotados.

Todos os trabalhos técnicos apontam o rebanho brasileiro como sendo o verificado no último Censo, ou seja, em 1995. Naquele ano, todavia, a estatística já comportava um substancial erro, pelo motivo explicado acima. Agora mesmo, há textos indicando que o rebanho gaúcho é de 3,5 milhões de cabeças, devido à queda da cotação da lã no mercado internacional. Outras estatísticas indicam afoitamente que o rebanho gaúcho pode estar ao redor de 9,0-10,0 milhões de cabeças, uma vez que produzir carne está compensando. As estatísticas de São Paulo flutuam entre 1,0 a 5,0 milhões de cabeças. No Mato Grosso do Sul é comum ouvir que o rebanho tem 0,7 milhão de cabeças.

No Nordeste, o maior rebanho - disparadamente - é o da Bahia, que inclui todos os "alienígenas" destinados ao sul do país e egressos dos demais Estados, mas quantos animais terá? Agora, Pernambuco está com "risco calculado" e, então, também deve estar multiplicando seu rebanho nos últimos meses, para permitir a remessa para outros Estados. Qual Estatística poderá dizer a verdade?

A revista O Berro, analisando o número de abates, número de couros, número de benfeitorias de couro, etc. e utilizando sua experiência de sertões brasileiros, estima que o rebanho brasileiro de ovinos e caprinos já passa de 30 milhões de cabeças, pois nunca houve um momento tão bom para a atividade, em que vários produtores - há pouco tempo raquíticos - estão vendendo 3 ou 5 mil animais por ano, embora o rebanho fixo seja de 400 cabeças! E divulga que os empresários estão empenhados em atingir um rebanho da ordem de 100 milhões de ovinos e 50 milhões de caprinos. Os números colhidos nos leilões garantem que essa previsão logo será cumprida. Por que não?

Esta meta, exige confiança nos números e o Governo deveria fazer, pela primeira vez na História, um Censo realista de caprinos e ovinos, no país. Agora, as "miúnças" já merecem constar, de verdade, em um Censo.

Publicado na Revista O Berro n. 97






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