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Água quente vira morna e pegar gelar

- 01/05/2007

Qualquer analista de mercado compreende o mercado das "bolhas". Quando uma atividade é muito dinâmica, surgem as "bolhas", ou "bolas-de-neve". O que é is­so? São os oportunistas que - enxergando uma chance de ganhar dinheiro, aos mon­tões, em pouco tempo, investem pesadamente no setor. Exemplo: compram va­­cas de milhão, montam laboratório de biotecnologia e logo têm seu próprio leilão, re­gado a champanhe e televisão, vendendo o que existe de melhor em termos de ge­nética. Se um único empresário destes provoca uma corrida para o negócio, ima­gine se houver 10 ou 100 iguais. Imagine quando um deles diz que vai formar um pó­lo para abrigar 50 ou 100 mil ovelhas de parceiros! Uma beleza!
A pecuária seletiva, ou seja, de animais geneticamente superiores sempre con­viveu com os momentos de "bolha". Basta surgir um animal diferente, supercam­peão, e pronto! - eis uma "bolha" formada.
A ovinocultura está disparada, pois as estatísticas são claras: o Brasil tem ple­nas condições de sair de seus 30 milhões de animais e chegar aos 100 milhões, fa­cilmente. Basta investimento particular nessa direção. Nada melhor para gerar muitas "bolhas".
Assim, por um lado, este fenômeno é muito bom, pois - se existe "bolha" - en­tão existe uma evolução acelerada dos animais. Só se faz "bolha" com animais muito bons, e alta tecnologia, na modernidade. Isso é bom.
Os empresários observam tamanha euforia e iniciam seus criatórios, participan­do do momento-bolha, adquirindo matrizes de alta seleção. Os nordestinos nunca ga­nharam tanto dinheiro como agora, vendo seus animais serem disputados pelo mer­cado. Coisa muito boa em um mercado que vegetou durante 500 anos!
Outros empresários dão brilhantismo às exposições; alguns aventuram-se em via­gens ao exterior, trazendo animais e material genético de animais ricamente des­critos em papéis. A atividade incorpora o luxo, a gastança, ao mesmo tempo em que o mercado usuário fica marginalizado, apagado, quase sumindo.
No auge do momento-bolha os animais de elite são lindos, maravilhosos, visto­sos e, ao mesmo tempo, há falta de carne nas mesas dos comensais! Eis o parado­xo: os empresários investiram no rendimento fácil e se esqueceram da atividade-mãe que é fornecer carne ao mercado. Pelo contrário: todas as fêmeas ­encontradas são direcionadas para formação de novos rebanhos e, então, a carne desaparece.
O Frigomato (abates clandestinos), para manter sua clientela, paga preços ex­celentes - R$ 7,00 a R$ 8,00 por quilo - enquanto os frigoríficos oficiais pagam apenas R$ 2,50 ou R$ 2,80 pois têm incríveis despesas e impostos pela frente. Um enor­me descompasso.
A bolha, porém, vai mais longe: com o passar do tempo haverá milhares de pro­­dutores de animais de elite, sem um mercado comprador dos descartes. O mer­ca­do usuário não estará consolidado e, sem ele, de acordo com o primeiro ­mandamento da Economia, nada feito!
Quando as vendas de animais de elite dá sinal de fraqueza em muitos currais, um frio percorre a espinha e surge a pergunta: "será que a ovinocultura é mesmo es­sa atividade tão bajulada?"
A resposta é clara: "Sim, a ovinocultura é uma notável atividade, muito segura, mas - como toda atividade - precisa estar atenta ao escoamento da produção". Quan­do se tem o escoamento, então o mercado de animais de elite estará firmemen­te ancorado.
Acontece que o Brasil está apenas engatinhando no grande mercado da ovinocul­tura mundial. Só este enorme país pode atender às exigências internacionais, ­agora, ou mais adiante, nos próximos anos. Já é o maior produtor de carne bovina e logo será o maior de carne ovina. É preciso, no entanto, estimular todos os segmentos da cadeia produtiva para garantir justamente o brilhantismo da pecuária de elite.
Os países primitivistas, tendo vivido séculos de aspereza nos currais, saúdam com o máximo de euforia o momento de grandeza, que é o momento do despertar. Este momento de euforia pode constituir uma "bolha", sim, cheio de luzes, altos pre­ços, grandes investimentos, mas ele passará, para dar lugar à solidez da concor­rência internacional dos produtos: carne, leite e pele. Estes três produtos deveriam es­tar privilegiados na pauta dos investidores, mas ainda não estão.
Ao invés de apenas investir em animais de "alta genética", o mercado estará in­­vestindo nas genéticas corretas do lucro, voltadas para a carne (precocidade, ma­ciez, etc.), para o leite (habilidade materna, etc.) e pele (rusticidade, adequação in­ternacional). A "bolha" será furada, então, para dar lugar a um mercado muito mais amplo e duradouro. Os incautos, portanto, podem achar que o desaquecimento dos pre­ços indicam uma verdadeira queda na atividade, mas isso não é a realidade, pois indica apenas a busca da realidade que não deveria ter sido esquecida, desde o início.
Ao mesmo tempo, o mercado de elite cresce, mas sem ter absorvido a tecnolo­gia suficientemente e, então, advêm os pequenos desastres do dia-a-dia. É preciso conscientizar os compradores sobre as dificuldades a serem enfrentadas, para evi­­tar o desestímulo a seguir. Somente o soldado bem estimulado vence a batalha.
O estímulo, na raiz da atividade, vem da produção de carne, de leite e de pe­les. Havendo um mercado produtor sólido, com facilidade de escoamento, então o merca­do de elite terá o futuro garantido.
 
Publicado na Revista O Berro n. 101





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