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Polpa cítrica desidratada para ovinos

Autor: Mauro Sartori Bueno, Luiz Eduardo dos Sa - 01/09/2005

 
 Introdução
 
Dentre os sistemas de criação de ovinos para abate preconizados para as regiões sudeste e centro-oeste do Brasil, Macedo (1995), Siqueira (1996) e Veríssimo et al. (2002) recomendam a terminação dos borregos em confinamento, com o objetivo de obter ga­nhos de peso e qualidade de carcaças superiores. Isso eleva o custo da alimentação, havendo necessidade de se avaliar alternativas para reduzi-lo, sem prejuízo ao desempenho dos animais.
No Brasil, o milho é a principal fonte energética de rações concentradas para ruminantes domésticos. Alternativas para sua substituição podem contribuir para diminuir os custos de produção.
A citricultura brasileira produz grande quantidade de polpa cítrica desidratada (PCD), um resíduo da extração do suco de laranja que, devido à sua disponibilidade e baixo preço de mercado, além de elevado valor nutritivo (AFRC, 1993; DePeters et al.; 1997, Aregheore, 2000), pode representar uma alternativa para substituição ao milho em rações concentradas para o acabamento de borregos.
Trabalhos mostram que parte do milho da dieta pode ser parcialmente substituído pela polpa cítrica em ruminantes, sem alterar o desempenho dos animais (Belibasakis & Tsirgogianni, 1996, Monteiro et al., 1998, Henrique et al., 1998).
O objetivo deste estudo foi avaliar o desempenho e os coeficientes de digestibilidade aparente dos nutrientes de dietas com níveis crescentes de polpa cítrica desidratada, até a substituição total do milho, em borregos.
 
Material e métodos
 
Na Unidade de Ovinos do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Zootecnia Diversificada do Instituto de Zootecnia, em Nova Odessa (SP), foram realizados dois experimentos para avaliar o desempenho (consumo voluntário de Matéria Seca, MS; ganho de peso diário, GPD e conversão alimentar, CA) e a digestibilidade aparente de die­tas de borregos confinados com polpa cítrica desidratada em substituição ao milho.
Na fase de desempenho, foram utilizados 12 borregos inteiros da raça Suffolk e 12 Santa Inês, com idade inicial entre 80 a 90 dias, confinados em baias individuais de 1,5 m2, com piso ripado suspenso, por 60 dias. Os animais foram alimentados com silagem de milho à vontade (sobra diária mínima de 10% da oferta) e ração concentrada na quantidade de 3% do peso vivo, corrigida a cada 14 dias. Os tratamentos, conforme oQuadro 1, consistiram na substituição crescente do milho da ração concentrada (0, 36, 64 e 100%) pela polpa cítricadesidratada.
A composição bromatológica das rações concentradas e dos alimentos utilizados: 88,1% de MS, 94,2% de matéria orgânica (MO); 6,2% de proteí­na bruta (PB); 11,7% de fibra bruta (FB); 22,3% de fibra em detergente neutro (FDN); 13,4% de fibra em detergente ácido (FDA); 2,0% de extrato etéreo (EE); 75,0% de extrativo não-nitrogenado (ENN); 5,1% de matéria mineral (MM); 1,9% de cálcio (Ca) e 0,16% de fósforo (P) na MS (Quadro 2).
As pesagens dos animais foram realizadas no início e final do experimento, e a cada quatorze dias para o ajuste da ração concentrada. Foi medido o consumo diário da matéria seca por meio da pesagem do alimento oferecido e das sobras, bem como determinado o ganho de peso vivo diário dos animais no período, com o objetivo de estimar a conversão alimentar.
Após o término da fase de desempenho, oito borregos Suffolk, com peso vivo médio de 38,1 kg, e oito Santa Inês, com 26,8 kg, foram transferidos para gaiolas de metabolismo com coletor de fezes e receberam a mesma dieta do período anterior. Foram submetidos a um período de adaptação de 10 dias ao novo ambiente e procedeu-se a coleta de fezes por sete dias. Nessa fase, o fornecimento de silagem foi restrito para evitar sobras; esta, quando houve, foi pesada e amostrada para posterior análise. A relação volumoso/concentrado - na matéria seca - foi de 33:67. Após o período de adaptação, a produção de fezes foi medida e amostrada por sete dias.
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial, com duas raças e quatro níveis de PCD em substituição ao milho, utilizando-se três animais por raça e por tratamento, para o ensaio de desempenho. Para o estudo da digestibilidade, como não houve interação entre raças e níveis de PCD, a mesma foi retirada da análise de va­riân­cia, considerando-se 8 repetições para cada variável.
As variáveis avaliadas foram submetidas à análise de variância, efetuan­do-se a análise de regressão com os níveis de PCD em substituição ao milho.
 
Resultados e discussão
 
Os borregos da raça Suffolk apresentaram peso final maior (P< 0,01) que os da raça Santa Inês, apesar das idades semelhantes. Os ganhos de peso dos animais, total no período e diário, não sofreram efeito dos níveis crescentes de polpa cítrica em substituição ao milho, todavia, mostraram valores mais elevados (P< 0,01) para a raça Suffolk. Os valores de ganho de peso diário, 322,8 gramas, são semelhantes aos obtidos por Cunha et al. (2001) para borregos Suffolk alimentados com dietas à base de silagem de milho e ração concentrada. Os borregos Santa Inês mostraram capacidade de ganho de peso inferior aos animais Suffolk, o que é devido, segundo Bueno et al. (2000), ao fato de ser uma raça com formação recente e pouco melhorada para esta característica.
A ingestão de MS pelos animais, quando expressa em porcentagem do peso vivo, não foi afetada pelos tratamentos, mostrando que quantidades elevadas de polpa cítrica não prejudicaram esta variável (Quadro 3), observando-se, todavia, o efeito de raça com maior ingestão pelos animais Santa Inês (P< 0,05), provavelmente devido às diferenças de peso vivo observados entre os animais das diferentes raças. Kleiber (1972) concluiu que o consumo de alimento, expresso como porcentagem do peso vivo, é inversamente proporcional ao peso vivo dos animais. Ele sugeriu o uso do peso metabólico (peso vivo 0.75) para corrigir estas diferenças. Os valores médios de ingestão de MS, entre 4,12 e 4,70%, foram elevados, podendo ser considerados adequados segundo o NRC (1985).
A utilização do peso metabólico parece ter sido apropriada, pois retirou o efeito da diferença no peso vivo dos animais. Assim, não foi observada diferença estatística significativa na variável (Quadro 3). Essa variável apresentou valores elevados e mostrou que a substituição do milho pela PCD não a alterou.
A ingestão de MS foi mais elevada do que os valores preconizados pelo AFRC (1993), de 3,3 a 4% do PV e pelo NRC (1985), de 4,3% do PV. Isso contribuiu para os ganhos de peso encontrados.
A conversão alimentar foi semelhante entre raças e não foi afetada pelos tratamentos (Quadro 3), o que demonstra que a substituição do milho por polpa cítrica resulta em aproveitamento similar das dietas. Os valores encontrados são maiores do que os achados por Monteiro et al. (1998) com borregos, que cita a possibilidade de substituição de até 45% do milho da dieta pela polpa cítrica, sem alteração no desempenho de borregos confinados, enquanto neste trabalho observou-se igualdade, mesmo na substituição total.
Os dados de ingestão e os coeficientes de digestibilidade dos nutrientes obtidos nas gaiolas metabólicas encontram-se no Quadro 4. Os coeficientes de digestibilidade aparente (CDA) da matéria seca e matéria orgânica das dietas foram altos devido à elevada proporção de ração concentrada na dieta. Não houve efeito da substituição do milho por PCD nessas variá­veis, assim como da raça dos borregos.
O CDA da proteína bruta (PB) não foi afetado pela substituição do milho por polpa cítrica desidratada, nem pela raça dos animais e denota a eficiente utilização da fração nitrogenada em todas as dietas.
O CDA da fibra bruta (FB) (YFB) mostrou a­créscimo linear significativo (P<0,05), com o aumento da substituição do milho por polpa cítrica desidratada (X), descrito pela equação YFB = 44,0 + 0,416X (r2 = 0,53). Isto se deve, provavelmente, à maior concentração de FB digestível presente na polpa cítrica desidratada. A mesma tendência de aumento linear (P< 0,01) foi averiguada para os CDA da FDN e da FDA.
O CDA do extrato etéreo (EE) (YEE) mostrou efeito quadrático significativo (P<0,01), com o aumento da substituição do milho por polpa cítrica desidratada (X), descrito pela equação YEE = 90,0 + 0,056X - 0,0011X2 (r2=0,64), devido, possivelmente, às diferenças nas concentrações desta fração no milho e na polpa cítrica. O valor encontrado é elevado e denota sua utilização eficiente pelos animais como fonte de energia.
 
O CDA do extrativo-não-nitrogenado (ENN) não mostrou efeito com a substituição do milho por polpa cítrica, demonstrando que esta fração apresentou utilização semelhante pelos animais, em todos os tratamentos.
Os valores de NDT das dietas foram altos, devido à elevada proporção de ração concentrada na dieta dos animais e não apresentaram efeito da fonte energética utilizada. Isso denota uma eficiente utilização da PCD. Segundo o NRC (1985), os valores encontrados são adequados para borregos com elevado potencial de g­a­nho de peso.
 
Conclusões
 
l Apolpa cítrica desidratada pode substituir integralmente o milho na dieta de borregos, em sistemas intensivos de produção.
l O uso de dietas de alto valor energético, seja à base de milho ou de polpa cítrica desidratada, possibilita a obtenção de elevados índices de ga­nho de peso.
l Os animais da raça Suffolk apresentaram maior ganho de peso em relação aos animais da raça Santa Inês.
 
Mauro Sartori Bueno, Luiz Eduardo dos Santos, Eduardo Antônio da Cunha,
Marildes Josefina Lemos Neto, Cecília José Veríssimo
- são pesquisadores do Instituto Zootecnia Nova Odessa (SP).
 
Referências bibliográficas: 13 Citações à disposição na Editora
 
 
Publicado no Be 81





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