Matérias

Na estratosfera

- 01/11/2005

Brasileiro gosta de novidades, gos­ta de picos, de máximos, de tudo que chame muito atenção, como uma vistosa e dourada escola de samba na avenida. Este bom gosto faz parte da inata alegria do povo brasileiro que não mede esforço nem fortuna para satisfazer essa necessidade que é quase espiritual.

É assim que uma simples vaca, no campo, vale cerca de R$ 600,00 (US$ 240), mas sua irmã, numa exposição nacional de Uberaba, pode atingir mais de R$ 1,0 milhão (US$ 400 mil). É difícil compreender essa característica do povo e muita gente até assustada diante de tamanhas fortunas gastas em animais, as quais somente podem ser explicadas pela Zootecnia, uma ciência que reside geralmente longe das massas urbanas.

Se as vacas fabulosas de Uberaba atingiam esse preço, ganhando espaço nas televisões e jornais, imagine agora que dois carneiros da raça Santa Inês atingiram a extratosfera.

O recém-falecido El Beduíno teve leiloado 5% de um futuro clone seu, chegando à avaliação total de R$ 1.312.000,00 (US$ 524.800). O sucesso repercutiu intensamente, pois o feito foi obtido em Uberaba, cidade sem tradição em ovinocultura e com as 5 primeiras exposições realizadas nos últimos anos. As quatro primeiras exposições foram feitas na marra, artesanalmente, sem apoio decisivo, abrindo espaço e congregando novos criadores. Eis, agora, o resultado do sucesso, na quinta exposição, com este fabuloso leilão. Sinal de que a ovinocultura está atingindo os céus, no centro-sul brasileiro!

Percebendo que o mercado está mesmo muito aquecido, um grupo de empresários levou seu leilão para dentro de Natal, em plena região ainda punida pelo “cerco injusto e desonesto” da aftosa estabelecida pelas autoridades de Brasília, embora esta doença seja quase desconhecida na região. E lá, onde ninguém poderia imaginar, eis que surge o novo recorde, dessa vez para o animal Talismã, outro ícone da raça Santa Inês, atingindo R$ 1.440.000,00 (US$ 576.000).

Sem dúvida, são os preços mais altos do planeta, pagos por um ovino de seleção. Isso no Brasil, um país onde o governo insiste em afirmar constantemente que está combatendo a fome da população!

Estes números fantásticos mostram que a revista O BERRO sempre esteve certa, desde quando arregaçou as mangas para alavancar o mercado de ovinos e caprinos. Em apenas 20 anos, o sucesso já chega às nuvens. E é fácil perceber que o Brasil está longe da maturidade em termos de caprinos e ovinos, pois falta muita literatura, faltam pesquisas realistas enquanto que, por outro lado, surgem empresários dispostos a investir maciçamente na produção de carne e de leite de ovinos e caprinos. A revista O BERRO, no entanto, vai continuar multiplicando exemplares de norte a sul do país, para dar garantia aos novos investidores.

Não é demais afirmar que o rebanho brasileiro chegará a mais de 100 milhões de ovinos e mais de 50 milhões de caprinos. As cifras estratosféricas indicam que esse horizonte está cada vez mais próximo.

São marcas que precisam ser festejadas, pois fica evidente que a extratosfera está pertinho, fácil de ser atingida por aqueles que têm certeza do investimento. Os ovinos já chegaram lá e os caprinos também estão superando recordes constantemente. Nunca uma atividade foi tão segura para novos investidores.

 

Publicado no Be 84

Link para esta p᧩na: http://www.revistaberro.com.br/?pages=materias/ler&id=343


Desenvolvido por Spring