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No Paraná - Sistema intensivo de produção de cordeiros - Parte I

- 01/08/2005

 
 
Prof. Izaltino Cordeiro dos Santos e Dr. João Ricardo Alves Pereira
 
 
O sistema intensivo de produção de cordeiros foi desenvolvido na Fazenda Escola “Capão da Onça”, da Universidade Estadual de Ponta Grossa, pelos professores Izaltino Cordeiro dos Santos e pelo Dr. João Ricardo Alves Pereira.
Esse sistema foi delineado no ano de 1998, para explorar o potencial que a ovinocultura oferece, não só para o Estado do Paraná, mas também a nível nacional. O Brasil possui condições favoráveis de produção para atender toda a demanda interna de consumo de carne ovina e ainda produzir para o mercado externo - que também é um consumidor em potencial.
A demanda por carne ovina é superior à oferta, tanto no mercado interno como no externo, e está em ascensão na escala de consumo de um produto nobre, de alta qualidade e salutar, não concorrendo com outras carnes (de suíno, de frango, de bovino entre outras).
O fato de não haver produção para atender o consumo interno deve-se a conceitos tradicionais de criação, que têm como conseqüência:
l a) oferta do produto de forma sazonal, uma vez por ano, gerando um pico de produção;
l b) não estabelece um critério do ponto ideal de abate e da padronização da qualidade.
Isso impede que haja o hábito de consumo. Ainda gera especulação nas importações de produtos congelados sem qualidade, para atender o mercado de carnes e os novos conceitos de pratos e culinária moderna.
Nos sistemas tradicionais de criação de ovinos, subestima-se o potencial de crescimento da fase inicial (fase de cordeiro), implicando num retardamento do abate e uma conseqüente desqualificação da carne, provocada por uma deposição de gordura interna, indesejável ao gosto do consumidor.
Na ovinocultura brasileira - de uma forma geral - os índices zootécnicos, como a taxa de concepção, o peso ao nascer, a taxa de natalidade, o peso de desmame, o número de cordeiros desmamados por ovelha, o peso de abate e os rendimentos de carcaça estão abaixo do esperado pelo potencial produtivo da espécie. As taxas de mortalidade neonatal e até ao desmame estão acima dos parâmetros toleráveis, resultando numa baixa taxa de desfrute, justificada pela falta de sistemas delineados de produção.
O sistema intensivo de produção de cordeiros emprega técnicas de manejo nutricional, sanitários e reprodutivos, que permitem aos técnicos e produtores explorarem a atividade com expressiva rentabilidade, nas pequenas, médias e grandes propriedades.
Esse sistema foi delineado para explorar a ovinocultura, considerando o potencial produtivo da espécie e os recursos disponíveis, quais sejam:
u 1 - Condições do meio - o clima é ideal, com temperaturas amenas e precipitações distribuídas de tal maneira que se permite explorar a atividade o ano todo;
u 2 - Raças especializadas para produção de carne - disposição de raças geneticamente selecionadas para produção de carne, o que permite trabalhar com linhagens mais precoces e produzir cordeiros para o abate;
u 3 - Tipos de solos e topografia - as diferentes formações de solos permitem explorar a atividade num conjunto integrado de fatores bióticos e abióticos, numa visão moderna de desenvolvimento consorciado, requerendo pequenos ajustes a cada região para produzir alimentos ou forragens o ano todo;
u 4 - Mão-de-obra - a atividade em­presariada exige mão-de-obra treinada, mas permite, após capacitação, o uso de funcionários que normalmente estão disponíveis nas fazendas, co­mo encarregados da atividade ou como auxiliares;
u 5 - Integração agroindustrial - o aproveitamento de grãos e resíduos, so­­bras agrícolas, como massa verde processada em forma de silagens ou fenos e resíduos industriais, poderão ser bem utilizados na alimentação dos ovinos, transformado num produto nobre e rentável - a carne.
Princípios básicos do sistema:
s 1 - Evitar a oferta sazonal de carne (Natal, Ano Novo e Páscoa), permitindo ao produtor produzir cordeiros para abate o ano todo;
s 2 - Possibilitar a criação de um cronograma reprodutivo, integrando a produção e a reprodução como fatores decisivos para atender à demanda, em que se estabelecem várias estações de montas e de partos, com períodos médios de oito meses entre eles;
s 3 - Explorar melhor a vida reprodutiva da matriz, através de um manejo otimizado, obtendo-se 3 partos a cada 2 anos, com média de 1,5 cordeiro/ovelha/parto;
s 4 - Maximizar a utilização dos reprodutores, fazendo com que estes trabalhem o ano todo, servindo a um maior número de fêmeas;
s 5 - Trabalhar com as raças já definidas e especializadas para produção de carne, tais como: Ile de France, Texel, Hampshire Down, Suffolk, Poll Dorset, Dorper entre outras que estão bem adaptadas às nossas condições ambientais;
s 6 - Corrigir a taxa de desfrute, considerada muito baixa e elevar os índices zootécnicos, como concepção, na­talidade, peso ao nascer, ganho de peso diário, maior número e peso de cordeiros desmamados/ovelha/ano;
s 7 - Possibilitar ao produtor a seleção das melhores linhagens dentro de cada raça para produção de carne, aproveitando as fêmeas jovens, que apresentam altos desempenhos, para que sirvam como futuras matrizes na ampliação do rebanho. Ou elas poderão ser comercializadas, para formação de novos plantéis, com preços compatíveis ao padrão genético ofertado;
s 8 - Permitir explorar o potencial máximo de crescimento do cordeiro nas primeiras semanas de vida, que constitui uma combinação da velocidade de ganho de peso com aproveitamento da produção de leite das matrizes;
s 9 - Produzir cordeiros para abate entre 70 a 90 dias de vida, com peso-vivo entre 30 a 35 kg, carcaças entre 15 e 18 kg com rendimentos em torno de 50% e livres do uso de anti-helmínticos (vermífugos);
s 10 - Obter rendimentos financeiros superiores ao sistema tradicional de criação extensiva, com terminação a pasto ou confinamentos dos cordeiros depois da desmama.
 
Aplicação do sistema:
u 1 - Fazer um diagnóstico do rebanho, avaliando as matrizes e os reprodutores disponíveis ou apresentados, considerando os aspectos externos como as condições nutricionais e sanitárias. Deve-se observar o padrão corporal, sistema mamário, aprumos, cascos e dentição;
u 2 - Elaborar um cronograma reprodutivo para os animais considerados aptos para reprodução. Eles podem ser divididos em dois ou mais lotes, conforme o tamanho do rebanho, estabelecendo um período entrepartos de oito meses;
u 3 - Encarneirar de forma controlada, com períodos de coberturas de 30 a 35 dias;
u 4 - Marcar os reprodutores com uma tinta no peito para identificar as fêmeas cobertas;
u 5 - Colocar os reprodutores para trabalhar no período da noite. Durante o dia, devem ser separados do lote e mantidos em baias ou piquetes com sombras, boa alimentação e água à disposição;
u 6 - Promover a suplementação alimentar (flushing), antes e durante o processo de encarneiramento, que pode ser com pastagens de boa qualidade ou com silagem e concentrados. Isso induz a ovulação em um período de 30 a 35 dias, aumentando os índices de concepção (90% a 100%) e de natalidade (130% a 150%);
u 7 - No último mês de gestação, avaliar a condição corporal das ovelhas e corrigir para 3,0 a 3,5 pontos, com o propósito de melhorar a habilidade materna (produção de leite), aumentar o peso dos cordeiros ao nascer (4,0 a 5,0 kg), aumentar a taxa de sobrevivência de cordeiros nascidos (95% a 100%) e reduzir a mortalidade (5%);
u 8 - No último mês de gestação, vacinar as ovelhas contra Clostridioses (principalmente contra enterotoxemia e tétano) e Corynebacterium pseudotuberculosis ovis (linfadenite caseosa), para imunizar passivamente o feto, através da placenta, e os cordeiros recém-nascidos através do colostro. Manejar as ovelhas em piquetes-maternidade, que deverão estar limpos, com pastagens de boa qualidade e próximos das instalações, para serem observadas e assistidas durante o parto;
u 9 - Após o parto, as ovelhas devem ser conduzidas com suas crias para as instalações ou abrigos (apriscos, maternidades ou mangueiras), onde são identificadas e, em ficha própria, anotados todos os dados inerentes ao controle (brinco da matriz, sexo do cordeiro e peso de nascimento);
u 10 - Monitorar a verminose, fazendo as avaliações através da OPG (Contagem de Ovos por Grama de fezes), por fase biológica em que o animal se encontra (gestação, lactação e pós-desmama);
u 11 - Os cordeiros devem ser confinados desde o nascimento até o abate, fornecendo uma ração de boa digestibilidade, na proporção de 3% do seu peso vivo, balanceada para a fase, com 18% de PB (Proteína Bruta) e 72% de NDT (Nutrientes Digestíveis Totais), num sistema de cocho privativo (creep feeding);
u 12 - A partir da 2ª semana de vida, os cordeiros devem ser identificados com brincos, e o anel de borracha deve ser aplicado na inserção da cauda, para promover o descole (caudectomia);
u 13 - As mães são manejadas a pasto durante o dia, retornando às instalações por volta do meio-dia para amamentação dos cordeiros, permanecendo aproximadamente por uma hora e depois retornam ao pasto. Durante a noite, as mães são mantidas junto aos cordeiros;
u 14 - Desmamar os cordeiros quando estes completarem uma média de 60 dias de idade, quando deverão estar com peso vivo entre 24 e 28 kg. Fazer o reforço da vacina contra Clostridioses 3 dias antes ou 3 dias após a desmama, para evitar o estresse duplo (desmame e vacina).
u 15 - Fazer o abate entre 75 e 90 dias de vida, quando os mesmos estiverem com peso vivo entre 30 e 35 kg, apresentando ganhos de peso médio diário entre 350 e 400 g. O que representa 1% do seu peso vivo;
u 16 - Na desmama, as matrizes passam por um período de 8 a 10 dias de restrição alimentar, recebendo somente volumoso ou pastagens de baixa qualidade para retrocederem à produção de leite, sendo monitoradas para evitar problemas com mastite. Após este período, serão novamente avaliadas e submetidas a uma suplementação alimentar (Flushing), induzindo-as à ovulação, para iniciar um próximo encarneiramento;
u 17 - Por ocasião da desmama dos cordeiros, separar as fêmeas (se o objetivo for aproveitá-las para matrizes) dos machos e promover adaptação com alimentos mais fibrosos e diminuir o uso de concentrados;
u 18 - Manejá-las separadamente do rebanho geral, até atingirem a idade do 1º encarneiramento (1a cobertura), que deverá ocorrer por volta de 8 a 10 meses de idade. Deve entrar em parto entre 13 e 15 meses de idade, com boa habilidade materna.
 
Na próxima edição, os autores mostrarão o Manejo no Sistema Intensivo. Vale a pena conferir.
 
Publicado no Be 80





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