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Integração floresta-pecuária no extremo Sul do Brasil

Autor: Varella, A.C., Ribaski, J. - 09/02/2013

O cultivo de espécies florestais vem aumentando nos Estados do Sul do Brasil nos últimos anos (SEMA & UFSM, 2001; SBS, 2005). O avanço das áreas ocupadas com florestas está acontecendo sobre as áreas utilizadas com agricultura ou sobre as áreas ocupadas com a vegetação natural dos Campos Sulinos e utilizadas com pecuária bovina e/ou ovina. Vem se observando, neste novo cenário, o interesse crescente de empresas, produtores rurais, instituições de pesquisa, de ensino e de extensão pelos modelos de produção integrados floresta-pecuária ou sistema silvipastoril (SSP).

Os modelos de produção silvipastoril são capazes de permitir um aumento na renda do produtor sem gerar grandes impactos nos recursos forrageiros naturais e aproveitar a vocação histórica e cultural dos produtores rurais da região. Entre as principais justificativas para o emprego dos sistemas de integração floresta-pecuária no Sul do Brasil, citam-se:

1 - a vocação regional para as atividades agrícolas e pastoris;

2 - as preocupações com os impactos dos maciços florestais;

3 - a necessidade de diversificação;

4 - a oportunidade de agregação de valor na propriedade;

5 - a antecipação da renda do agricultor.

 

O desenvolvimento de processos e tecnologias necessários para estimular o estabelecimento de áreas silvipastoris pelos produtores e empresas rurais passa por estudos científicos sobre o comportamento produtivo e equilibrado entre os componentes arbóreo, forrageiro e animal, de forma que nenhum componente do sistema suprima o outro durante todo o período da exploração. Um dos primeiros passos para viabilizar estes sistemas é a seleção de espécies forrageiras com tolerância ao sombreamento. A alimentação dos rebanhos bovinos e ovinos no Sul do Brasil é predominantemente a pasto. Espécies forrageiras cultivadas, além do campo nativo, são utilizadas para a alimentação do rebanho em ambiente de plena luminosidade. Já foram identificadas espécies forrageiras com potencial de produção em ambientes sombreados para os sistemas silvipastoris. Esta identificação de espécies deve ser seguida de estudos que avaliem o seu potencial de produção quando submetidos ao pastejo sob árvores. A escolha de espaçamentos e desenhos de plantio das árvores adequados ao desenvolvimento da forragem é necessária no momento do estabelecimento do empreendimento em propriedades rurais. Práticas de manejo visando o equilíbrio das interações árvore-pastagem-animal vão determinar o sucesso destes sistemas integrados de produção.

 

Quais áreas priorizar para os SSPs?

 

Áreas utilizadas com agricultura e áreas de vegetação campestre em processo de degradação. O estabelecimento de um SSP, por exemplo, pode ser empregado em áreas severamente invadidas pelo Capim Annoni, já que esta invasora tem se mostrado sensível ao sombreamento. O crescimento das árvores de um SSP causa o aumento do sombreamento e o desaparecimento de plantas do Capim Annoni (Eragrostis plana) da área e isto favorece a introdução de espécies de bom valor forrageiro. O cultivo simultâneo de árvores e espécies forrageiras, além disso, aumenta a cobertura vegetal sobre o solo, inibindo os processos de erosão hídrica e eólica.

 

Quais espécies utilizar?

 

Entre as espécies arbóreas citam-se as exóticas Pinus sp., Eucalyptus sp. e Acacia mearnsii (Acácia Negra). Outras espécies também são citadas como de potencial para utilização em SSP, como: Bracatinga (Mimosa scrabela), Erva Mate (Ilex paraguariensis), Grevília (Grevilia robusta), Pinheiro do Paraná (Araucária angustifolia), etc. Todas estas espécies produzem matéria-prima de interesse econômico, como sementes, folhas para alimentação, lenhas e até toras de qualidade para exportação. Estudos científicos apontam as seguintes espécies forrageiras, cultivadas de inverno, com tolerância média ao sombreamento: o azevém anual (Lolium multiflorum); o cornichão (Lotus corniculatus) e o trevo branco (Trifolium  repens). Estudos no exterior (Peri et al., 2001; Varella et al., 2001) apontam ainda outras espécies, também com elevada tolerância à sombra, mas ainda pouco utilizadas no Brasil, como: Capim dos Pomares (Dactylis glomerata) e Cornichão cultivar Maku (Lotus pedunculatus cv. Maku).

As espécies forrageiras cultivadas de verão são as mais estudadas quanto ao seu potencial de crescimento na sombra. As espécies que tem demonstrado maior potencial para SSPs são: Brachiaria decumbens cv. Basilisk; Brachiaria brizantha cv. Marandu, Panicum maximum cvs Aruana, Gatton e Mombaça e Digitaria diversinervis (Castilhos et al., 1999;  Adami et al., 2006).

Estão sendo testadas outras espécies forrageiras, nativas e cultivadas, com potencial para SSP. Este estudo está em andamento na Embrapa Pecuária Sul (Varella, dados não publicados). As espécies cultivadas de verão estudadas são a Grama Missioneira gigante (Axonupus catharinensis) e a Hemarthria (Hemarthria altíssima cv. Florida) - espécies promissoras. Destacam-se, entre as espécies forrageiras nativas, os Bromus auleticus e catharticus (Cevadilhas) como forrageiras de ciclo hibernal e, para uso no verão, o Paspalum regnelli.

 

Que espaçamentos e arranjos arbóreos utilizar?

 

A escolha dos espaçamentos e arranjos arbóreos é determinante para o equilíbrio de um SSP. Espaçamento menor entre as árvores promove um rápido aumento do sombreamento na pastagem. A grande maioria das espécies forrageiras experimenta uma redução drástica em seu crescimento, quando este sombreamento atinge níveis inferiores a 50% comparativamente ao ambiente a pleno sol (Varella et al., 2001).  Este nível crítico de luminosidade pode ser atingido em diferentes momentos, dependendo do desenvolvimento das árvores e dos espaçamentos e arranjos empregados.

Espaçamentos de linhas simples, duplas e triplas de até 10 m, usando Eucalyptus sp., têm se mostrado viável apenas temporariamente em SSPs no extremo Sul do Brasil.

Observações realizadas pela Embrapa Pecuária Sul e Embrapa Florestas em propriedades rurais e em áreas experimentais na Fronteira Sudoeste e Campanha do RS (Ribaski et al., 2005) têm mostrado que arranjos em linhas simples (3x3m) e triplas de Eucalyptus sp (3x1; 5x14m), aos 5 anos de idade, já apresentam condições de luminosidade restritivas ao crescimento de forrageiras no sub-bosque (Figura 1), enquanto que com linhas triplas de Pinus sp.(3x1,5x14m), as condições de luminosidade ainda eram favoráveis. Observou-se, neste mesmo estudo, a melhor condição de luminosidade no sistema linhas triplas de Eucalyptus sp. e Pinus sp. plantados no espaçamento 3x1; 5x34m, oferecendo condições ideais para o crescimento forrageiro nas entrelinhas (Figura 2).

 

 

 

 

 

Fig. 1 - Plantio em linhas simples e triplas.

 

 

 

 

 

Fig. 2 - Plantio menos adensado.

 

 

 

 

 

Fig. 3 - Plantio misto.

 

 

As fotografias mostram que os sistemas silvipastoris apresentam vegetação nativa sobressemeada com aveia preta no sub-bosque. (Imagens registradas na Estância Sá Brito em Alegrete/RS, em projeto de parceria com a Embrapa Florestas, em outubro de 2007).

 

Varella, A.C. - Engenheiro Agrônomo, PhD em Plantas Forrageiras - Ribaski, J. - Engenheiro Florestal DSc em Ciências Florestais

 






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