Seu Juquinha estava atendendo uns turistas na mercearia, quando chegou um carneiro com cabresto e, nas costas, uma sela em formato de cesta. Os turistas ficaram admirados, pois o carneiro trazia também um bilhete pregado na cesta.
Seu Juquinha retirou o bilhete e leu em voz alta:
- Senhor Juca, pode me mandar 5 pães, uma manteiga e um bolo de fubá?
Prontamente, respondeu para si mesmo:
- Pois claro que sim.
Rapidamente, embrulhou a encomenda, colocou na cesta e fechou. O carneiro, mansamente, saiu da mercearia e foi embora, enquanto o vendedor anotava no caderno. Os três turistas ficaram admirados e resolveram seguir o carneiro com a cesta.
O animal era muito manso, prestava atenção a tudo, não atropelava pessoas e caminhava militarmente. Chegou ao cruzamento, parou, ficou esperando até que as pessoas começassem a atravessar, para também seguir adiante. Era mesmo muito treinado.
Passou diante da igreja e o padre cumprimentou:
- Oi, Januário, tudo bem?
O carneiro deu um sorriso e continuou a marcha. Era mesmo conhecido por todo mundo.
Mais adiante, chegou a um portão que foi logo empurrando com a cabeça. Tentou entrar pela porta da casa, mas estava fechada. Os turistas estavam maravilhados:
- Que carneiro sabido!
O animal pensou, pensou, pensou, tinha que entrar na casa e usou o método milenar: deu uma empinada e disparou dando violenta cabeçada na porta. Não abriu. O carneiro afastou vários passos, empinou, disparou e deu outra cabeçada na porta. Não abriu. Então o carneiro se afastou para bem mais longe, quase perto do portão, empinou e disparou. Dessa vez a cabeçada foi estrondosa, mas a porta não abriu.
Com ar de preocupação, o carneiro sabidão foi até a outra porta e deu várias marradas, sem sucesso. Não conseguia entrar em casa.
Resolveu voltar à porta da frente, observou uma corda pendurada, deu uma mordida, não gostou. Resolveu pelo método antigo: afastou-se e disparou contra a porta, causando grande barulho. Eis que a porta se abre e sai um grandalhão, raivoso, que começou a zangar com o carneiro sabido.
Os turistas prontamente reclamaram:
- Por Deus! Por que zangar com o carneiro? Ele é um gênio? Ele foi, voltou e está tentando abrir a porta com inteligência.
O grandalhão retrucou:
- Um gênio? É só metido a sabido. Já é a terceira vez que esse desmiolado esquece que basta puxar a cordinha para a porta abrir.
Link para esta p᧩na: http://www.revistaberro.com.br/?pages=materias/ler&id=1971