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Não é mais preciso inventar a roda

- 26/09/2012

O Brasil acabou de ver um extremo Sul ressequido, utilizando carros-pipa, beirando a tragédia social. Além dos ventos gelados, de períodos glaciais, também sofreu o arrocho dos preços internacionais da lã, crise da qual vem se recuperando lentamente. O Homem tenta se reinventar: abandonou a produção de lã e migrou para a produção de carne, mais segura diante dos flagelos. O governo sul-riograndense tem dado apoio, liberando algum dinheiro para o campo. Ainda não prestigiou, nem de longe, as ovelhas, como elas bem merecem, mas esse dia ainda chegará.

No Nordeste, novamente, uma seca pré-anunciada volta a flagelar os sertanejos e, ao mesmo tempo, multiplica os lucros dos espertalhões que chafurdam nos palácios governamentais, ressuscitando em cada episódio a famigerada indústria da seca. As miunças são banqueteadas, antes de morrerem ao léu e se transformarem em pó. Já se sabe o que virá a seguir: o Nordeste irá comprar cabras leiteiras no Sudeste e onde mais houver, para um novo recomeço. Todos os governos regionais irão lançar planos redentores alicerçados em caprinos e ovinos, por algum tempo. Eterna comédia em que os sertanejos são diáfanos e sem qualquer representatividade.

No momento, produtores de cabras leiteiras do Sudeste já procuram “representantes” para distribuir animais aos nordestinos, quando - antes - acontecia o contrário. As cabras leiteiras do Nordeste salvaram milhões de crianças da morte certa. Agora, pitorescamente, em pleno momento de flagelo, eis que a Paraíba resolve condenar os produtores de leite que conseguem mais de 14 litros por dia. Punição aos melhores, ao invés de recompensa! Cenas dantescas, com Sísifo e Prometeu como protagonistas na mais estudada e massacrada região brasileira.

Tudo isso, porém, não é novidade no Brasil, pois está na própria História. Um país que foi proibido de criar ovelhas, no passado, para não competir com a Inglaterra, diante de um suserano acovardado. Por falta de criação de ovelhas, o Brasil deu no que deu! Ao invés de fabricar seu próprio vestuário tinha que importá-lo. Um país que não seguiu a cartilha de “assumir o próprio chão”, até hoje, proibido de produzir seu vestuário e sua alimentação. Um país que desmonta suas ferrovias e, agora, de novo, vai recomeçar a implantá-las, com enorme atraso e custo social. Um país que vive algemado ao petróleo e tem notável carga de luz solar, ventos e biomassa à disposição para gerar energias alternativas. Um país em que o setor rural carrega o setor urbano nas costas, sem quase nada receber em troca. Ainda se lembra dos tempos em que a polícia e o exército confiscavam bois no pasto e, hoje, o país ostenta o maior rebanho do planeta! Paradoxos. Um país que coloca a culpa da inflação no ingênuo chuchu, na frágil abobrinha, no inocente pepino e nunca nos que dilapidam o tesouro público em orgia de gastos que está sempre escancarada nas televisões. Um país onde o fantástico caminha ao lado do bizarro, onde se dinamitam as caatingas, impunemente, a troco de votos e se prende um pai-de-família que caça um tatu para matar a fome dos filhos. País do futuro, sempre do futuro.

 

u Cabra & Ovelha - Os restaurantes estão servindo, como nunca, pratos de cordeiro para todos os gostos. Os churrascos de final de semana sempre têm carneiro no cardápio e, ao mesmo tempo, o IBGE sequer conseguiu contar quantas cabeças existem no país! Multiplicam-se os frigoríficos e abatedouros, sem haver produção suficiente de animais e logo fecham as portas. O Governo lança programas de leite de cabra na merenda escolar e, depois, ele mesmo os desestimula!

O Brasil, repetindo Darcy Ribeiro, continua crescendo aos trancos e barrancos. Dá no que dá, ou seja, no que é possível. Embora em crise permanente, o país vai crescendo, ocupando espaços, tentando escapar da extorsão dos burocratas e do império de leis defasadas. Os brasileiros são heróis anônimos que, apesar dos espertalhões que ocupam as poltronas e os altos escalões, seguem construindo o que podem rumo ao futuro.

Nesse momento, na ovinocultura é preciso evitar novos gargalos que possam gerar desestímulo. É momento de acelerar e não de frear. Qualquer iniciativa que represente um novo custo dentro das porteiras é um perigo à vista. Criação de ovelhas e cabras é negócio de pequena e média propriedade, por enquanto e, como tal, não suporta grandes custos. Que a alta tecnologia seja adotada, sim, pelos que podem e que estão dispostos a pagar por ela. No momento, o importante é aumentar a produção de carne, cada vez mais. Não é difícil profetizar que qualquer “milagre tecnológico” irá trazer um período de letargia logo a seguir para todos. É hora de somar esforços e não de desagregar.

A aritmética do sucesso é simples: produzir mais carne, em menos espaço, em menos tempo, com as ferramentas disponíveis, com mais eficiência no manejo e controle rigoroso dos custos.

Não é preciso traçar uma nova geografia de ovinocultura, como tem sido pregado por alguns empresários. Os lanados dominam e dominarão, sempre, o extremo Sul gelado; tanto quanto os deslanados irão dominar sempre o Semiárido. Estas duas regiões podem apresentar 70% da genética necessária ao cenário brasileiro. Se o extremo Sul e o Nordeste conseguirem se autoabastecer e ainda venderem uma boa genética já será uma grande vitória para o país.

O restante do território nacional: Norte, Sudeste e Centro-Oeste é o palco de produção de carne para o consumo interno e para exportações. Nelas cabem mais de 200 milhões de cabeças, com tranquilidade, para abastecer o mundo. A estas regiões basta cruzar as genéticas do extremo Sul e as do Nordeste para obter sucesso. Não há o que inventar, portanto. Apenas acelerar rumo ao futuro, utilizando as potencialidades do Nordeste, do Sul e outras poucas alternativas que estão esperando para embarcar para o Brasil.

O mundo continua olhando para o país, com olhos gulosos. Aqui está a solução para a fome mundial e, se os brasileiros não cuidarem de cultivar o solo com competência, outros virão fazê-lo. A produção de alimentos é a maior mola que move as civilizações e ninguém entende como um país dadivoso como o Brasil ainda pode ter pessoas famintas, desempregadas e esperando um lugar ao sol.

Que surjam empresários dispostos a segregar 20 ou 30 produtores de carne em cada microrregião, dando a eles um preço digno e justo.

É momento da logística, da distribuição da produção, gerando muitas marcas próprias. A seguir, sim, estes empresários do mercado poderão introduzir altas tecnologias como Tomografia Computadorizada, exames de DNA, enquadramentos genômicos, etc. Antes de inventar a roda é importante ter a estrada segura...






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