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A Festa Del Cornuto

- 10/08/2012

O Festival dos Cornudos, sem dúvida, é um dos mais engraçados, irônicos, irreverentes, patéticos e poéticos da civilização humana. Tanta coisa pode ser colocada na cabeça: boné, chapéu, faixa, lenço e por que escolher justamente um chifre? Por que celebrar, com tão grandiosa festa, justamente a hipótese de ter levado um galho,de ter sido traído no amor?

 

 

Seja como for, o Festival dos Cornudos acontece em muitos lugares do mundo. Normalmente, por não ter um festival próprio, os “cornudos” resolvem incorporar essa característica no Carnaval, repleto de músicas, danças e lembranças dos que são traídos pelos amantes. Há, porém, cidades que transformaram o chifre em apoteose.

Uma das principais é a “Festa Del Cornuto”, na cidade de Roca Canterano, província de Lazio, na Itália, cuja festa acontece no dia de São Martinho, protetor dos cornudos (ou no domingo mais próximo) do dia 11 de novembro. A festa aproveita o período festivo da “Sagra Della Rola” (ou Festa da colheita da Castanha), muito prestigiada pela culinária. Roca Canterano fica bem perto de Roma e milhares de cornudos formam fila para chegar ao pequeno lugarejo.

Para a festa, todos os cornudos da Itália são convidados por cartazes e anúncios nas televisões e jornais. Chegam milhares todos os anos, cada vez mais. O ponto alto é o Cortejo Burlesco, com premiação do “cornudo do ano”, que é levado ao trono, vestindo camisa branca e capacete com chifres, tendo ao lado um poeta-cantor que vai recitando poesias ironizando os países que deveriam estar ali, recebendo o título neste ano.

A multidão cai na folia, vestindo um capacete com chifres curtos, longos, tortos, retos, retorcidos, espiralados, chifres reluzentes. São chifres de carneiros, bodes, vacas, bois. Todos estão travestidos, chorosos, quebrando possíveis recordações do amor fracassado: discos, CDs, alianças, etc.

 

 

 

Um cortejo enorme para prestigiar o “corno”. (foto: comunifuoridalcomune.it)

 

 

l Origem - De onde vem essa longa tradição de chamar os traídos de “cornudos”? Vem da própria história da civilização.

Muito antes do Império Romano, os soldados que retornavam depois de longas batalhas, eram premiados com muitos troféus e um dos mais cobiçados eram os chifres. Muita coisa era feita com chifres: pentes, botões, abridores, enfeites, etc. (Até 1960, as crianças urbanas do Brasil recolhiam chifres e ossos, nas ruas, para vendê-los). Então, a história da utilidade dos chifres faz parte da história da civilização humana. Afinal, até os deuses gregos, celtas, romanos, e outros, bebiam em chifres espiralados!

Um uso nobre era justamente exibir os chifres nos capacetes de guerra. Eram um sinal de “machismo”, de homem forte. Quanto mais visível o chifre no capacete, mais temido era o soldado.

Os guerreiros, então, recebiam os chifres como prêmio por ter arriscado a vida nas batalhas, mas sua mulher, não raramente, imaginando que o marido iria morrer, já havia escolhido outro amor. O soldado ganhava, assim, um ou muitos chifres na guerra, mas perdia o amor! Ele ficava com o chifre por ter vivido um tempo separado da amante ex-fiel. Quanto mais chifrudo fosse o capacete, mais traí­do era o soldado.

­ A Festa Del Cornuto serve, assim, para lembrar como os relacionamentos são frágeis e como as pessoas são ingênuas, crédulas, vulneráveis a novos amores. No final, resta uma festa para desabafar a raiva, ou a tristeza, dos modernos cornudos.

 

l Caprinos - Os fortões ostentam pesados chifres na cabeça, mas a maio­ria prefere chifres de caprinos, mais finos, elegantes. Dificilmente alguém usa chifres encaracolados de carneiros.

Durante o ano, os chifres são vendidos para especialistas que os preparam para serem vendidos aos fabricantes de capacetes, elmos, enfeites, etc. para a famosa festa italiana que está sempre crescendo.

 

 






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