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Matérias



Estão chegando as duas caravanas da verdade que irão percorrer o Sertão nordestino

- 09/05/2012

A transposição das águas do rio São Francisco foi um blefe eleitoreiro,

que custou R$ 4,8 bilhões - no começo, mas venceu a eleição e emplacou

Dilma no poder e, agora, duas caravanas vão catequizar os sertanejos,

uma pró e outra contra, uma da verdade e outra da mentira deslavada.

Caberá ao sertanejo descobrir qual será a caravana certa.

 

 

A transposição foi o mais gritante equívoco da gestão do PT de Lula: de benefícios duvidosos, viabilidade questio­nável, possível teatro de cunho eleitoreiro. A única coisa certa é a montanha de desperdício do dinheiro público que daria, com relativa facilidade, para resolver os problemas do Semiárido, dando uma orientação permanente e inaugurando um novo período na sofrida história do Sertão. O governo optou por não resolver o problema e a fábrica de mentiras, agora, vai continuar, para não confessar a enormidade do dinheiro jogado fora.

Mais uma vez a obra presta-se a “transpor” votos e recursos: não liquida, antes realimenta a indústria política da seca. Nova precisão de data para conclusão: 2014 e - maravilha! - eis que vem aí uma eleição em 2012 e outra em 2014!

Os R$ 4,8 bilhões saltaram para R$ 6,8 bilhões em julho de 2011 e, agora, já estão em R$ 8,2 bilhões, sem uma única gota ter chegado ao Semiárido. Para quem irá tanto dinheiro? Quem teria coragem de investigar? Os custos da construção civil aumentaram, nesse período, apenas 7%, mas o reinício da obra aumentou 71% e ainda irá subir mais. Há quem já cria coragem de dizer que o custo vai passar de R$ 15 bilhões e não irá garantir água para as pessoas.

 

A caravana da primeira verdade

 

No início de 2012, a vedete do PAC da ex-ministra Dilma, está no ponto-morto, com avanço de apenas 5%. O eixo-norte que deveria ficar pronto em 2012, mas está com apenas 19% prontos, devendo ser concluído - talvez! - em 2015. O eixo-leste, prometido para 2010, tem 48% prontos e já foi agora prometido para o final do governo de Dilma - para eleger o sucessor, claro!

O pior é enfiar goela abaixo dos sertanejos que haverá água para todos beberem. Mentira! Apenas 4% da água será para consumo humano (Washington Novaes, no jornal "O Estado de São Paulo"). Mais de 70% da água irá para irrigação em grandes projetos de exportação, outros 26% para uso industrial. O povo? Ora, o povo. Ele, permanecendo sofredor, votará no candidato que prometer mais!

Por outro lado, cansado de esperar, o sertanejo emplacou o programa de cisternas de concreto, disposto a benefi­ciar 1,2 milhão de estabelecimentos rurais. Vendo o sucesso desse programa, o Governo Dilma tentou escanteá-lo, contratando uma empresa mexicana para implantar cisternas plásticas e granjear milhares de prefeitos sertanejos, com vistas para as próximas eleições. Tais cisternas plásticas, porém, não suportaram o calor e também custam cinco vezes mais, além de não treinar mão-de-obra local. Dois desastres da Dilma: tentar derrubar as cisternas já provadas e contratar um produto inútil, mais caro.

Profetizou o bispo Dom Luis Cappio: “A transposição não irá acontecer porque é mentirosa, anti-ética, antissocial, injusta e economicamente inaceitável (...) O projeto é socialmente injusto porque vai beneficiar um pequeno grupo, enquanto que projetos alternativos podem beneficiar quase toda a população do Nordeste do Semiárido. É ecologicamente insustentável porque, enquanto o projeto de transposição agride a realidade do Rio São Francisco, os projetos alternativos são altamente sustentáveis. É eticamente inaceitável porque é mentirosa, enquanto os projetos alternativos estão aí para poder atender as necessidades do povo”.

Leonardo Boff foi claro: “O governo bolou o seu projeto, enfiou-o goela abaixo no povo, inventou audiências, discussões no Congresso que nunca houve (perguntei a vários deputados que ne­garam absolutamente que tenha havido tal discussão). Não tomou em conta a opinião da comunidade científica como a de Aldo Rebelo, nosso maior cientista em águas; Ab’Saber e de outros do próprio Nordeste. Não considerou a proposta da ANA (Agência Nacional de Águas) que fez o Mapa de Águas do Nordeste com a proposta de abastecimento urbano (omitiu a inclusão da área rural) envolvendo 34 milhões de pessoas (a do governo apenas 12 milhões) beneficiando mais de 1.300 municípios (o do governo são algumas centenas). A um preço que é metade daquele orçado oficialmente (cerca de 6 bilhões de reais contra 3,6 da ANA), não incluindo o que já está em curso – o projeto da ASA (Articulação do Semiárido) - com a construção de um milhão de cisternas (já se construíram mais de 200 mil) num projeto inteligente (2 em 1: duas cisternas, uma para beber, outra para irrigar e um pedaço de terra)”.

Manoel Bonfim Ribeiro enfatiza: “O Nordeste já possui um grande manan­cial de água construído pela tenacidade do homem do Nordeste; 37 quilômetros cúbicos de água armazenados nos milhares de reservatórios espalhados por todos os quadrantes do Semiárido. ­Falta apenas uma grande e potente rede de adutoras para levar essa água a todos os recantos desta grande região, faltando tão somente dotações e recursos para o aceleramento das obras. Essas adutoras independem do canal da Transposição porque as águas já estão acumuladas nos seus reservatórios”.

(...) No ano de 2001, uma consulta ao BIRD feita pelo Ministério da Integração Nacional sobre empréstimo para a Transposição, recebeu uma resposta negativa; o Banco exigia, antes, que se fizesse o aproveitamento das águas já existentes no Semiárido, pois seria ­muito mais barato. Foi um tapa na cara! A partir daí nenhuma instituição internacional vai colocar recursos numa obra inútil”.

(...) Vale lembrar que numa só noite chuvosa, com precipitação de 700 mm num terço do Semiárido (300.000 km²) desabam exatamente 2,1 bilhões de m³ de água, o volume que querem levar com tanto trabalho e despesas. Isso é realidade, não é sofisma. No meu livro, “A potencialidade do Semiárido brasileiro”, detalhamos que as águas transportadas serão despejadas em oito açudes que já detêm 13 bilhões de m³ de água. Ora, o Semiárido já acumula 37 bilhões de m³ de água, que, segundo o governo, não resolveram o problema hídrico da região. Agora, entretanto, vai ser resolvido com 2,1 bilhões. Tenham a santa paciência! Isso é uma afronta aos técnicos do país, uma total falta de respeito aos engenheiros do Brasil. Até o leigo, até o analfabeto não entende porque 2,10 bilhões de m³ vão abastecer 12 milhões de habitantes e os 37 bilhões não abastecem. Ridículo”!

(...) E pior: os três Estados ditos como ávidos por mais água, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará já acumulam nos seus imensos reservatórios 26 bilhões de metros cúbicos, 70% das águas reservadas no Semiárido brasileiro, 11 vezes as águas da baia da Guanabara. Tem água sobrando.

(...) "Por tudo, pela vulnerabilidade desse grande projeto, numa análise cartesiana, somos levados a pensar que ele não resistirá a uma travessia administrativa e pode morrer na praia.“ (in “Transposição: uma análise cartesiana”).

João Abner Guimarães Jr. foi muito claro: “A Transposição é um projeto politicamente inconsequente, economicamente inviável, socialmente injusto e ecologicamente covarde. Bastaria qualquer uma dessas três condições para justificar o abandono do projeto. A transposição é politicamente inconsequente porque gera um conflito que será permanente na federação brasileira e nos Estados do Nordeste, com tendência a se agravar - uma briga pelo uso da água. No momento em que se tira água da bacia do São Francisco para levar para o Ceará, a Paraíba e o Rio Grande do Norte (os Estados receptores), uma injustiça é cometida com o povo doador (alagoanos, baianos, mineiros, pernambucanos e sergipanos) que possui disponibilidade hídrica de 360 m³/s para abastecer uma população de 13 milhões de pessoas.

No Ceará, por exemplo, a disponibilidade per capita é melhor: 215 m³/s para 7,5 milhões, sendo que fenômeno semelhante acontece também com o Rio Grande do Norte. Então, a água não será para as pessoas”!

(...) A transposição do Rio São Francisco transformou-se em um grande atoleiro e não vejo nenhuma perspectiva de ser concluída, pois as obras estão praticamente paradas em vários trechos. Nenhum agricultor que, hoje, recebe água do carro-pipa receberá água da transposição desse rio, porque a água vai escoar em grandes rios, vai para as maiores barragens da região e será utilizada pelo agronegócio.

(...) A transposição já é o mais caro dos projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Só no governo Dilma Rousseff, os preços aumentaram 71% e saltaram para R$ 8,2 bilhões. A obra se transformou num “ralo do dinheiro público”, descaradamente.

(...) “Com um terço do custo da transposição do rio São Francisco seria possível construir um grande sistema de abastecimento de água para atender a todo o Nordeste e abastecer todas as casas da região”.

(...) “O mal menor seria terminar logo a transposição do rio para mostrar que a obra não tem nada a ver com o desenvolvimento do Nordeste; que não foi feita para acabar com o carro-pipa; que não vai servir para nada. Assim, ao menos ela ficaria exposta como um monumento para denunciar a indústria da seca. O problema é que, enquanto a obra estiver sendo construída, não será possível discutir um projeto específico e alternativo para o Nordeste. Acontece que a indústria da seca não tem interesse que essa obra seja concluída, porque, quando o for, a indústria da seca será desmascarada”. Então, pelo visto, a obra nunca será tecnicamente terminada!

(...) “O principal e mais forte argumento do governo - de que a obra garantiria a segurança hídrica na região Semiá­rida a 12 milhões de pessoas virou uma falácia. Existem dois discursos: de que a água seria usada para consumo humano e para uso econômico. Mas a primeira fraude diz respeito ao beneficiamento de 12 milhões de pessoas. Nós fizemos um levantamento das populações que possivelmente serão atendidas pelos sistemas adutores, que captam a água das bacias que receberão a água da transposição do rio São Francisco, e contabilizamos apenas 3,0 (três) milhões de pessoas”. A outra fraude é que essa água não irá perenizar rios secos. Essa água só será despejada na cabeceira de dois rios, onde já se concentram 70% das reservas típicas da região”. Então, essa história de associar a transposição com a seca é a maior fraude que existe.

João Suassuna, da Fundação Joaquim Nabuco, dispara: “A obra é um grande erro e se transformou num mico nas mãos de Dilma, uma das heranças malditas deixadas por Lula” (in artigo “O grande erro”). A transposição caracteriza-se como um “projeto tecnicamente ruim, socialmente preocupante e politicamente desastroso”.

Rubens Siqueira acrescenta: “Certo estava o bispo Dom Cappio ao afirmar que “quando a razão se extingue, a loucura é o caminho”.

As obras começaram regidas pela loucura presidencial de Lula, apressadas sob pressão político-eleitoral, substanciando um gesto nitidamente ditatorial.  “Foram aprovados e iniciados projetos sem suficiente detalhamento. Ignoraram-se solenemente as condições climáticas e geológicas da região. A razão foi substituída pelas dinamites! O resultado apareceu, quando nem água escorria: canais rachados, túneis desabando, deslizamento de solo, infiltrações. Montanhas de dinheiro público jogado fora! O governo diz que a responsabilidade pela reconstrução é das empresas, mas estranhamente permitiu o fabuloso acréscimo de 36%, e a dilatação do prazo para 2015. E ainda faltam 30% do eixo leste (287 km) e 54% do eixo norte (426 km). Se tudo ficar pronto mesmo, pleno fun­cionamento só em 2030! Até lá quanto ainda vai custar aos cofres públicos, à paciência sertaneja e nacional e à verdade científica e ética?

(...) Empregos frustrados, caatinga devastada, animais mortos, lavouras perdidas, difícil recomeço para quem perdeu o que tinha e foi mal indenizado.

(...) Todo estardalhaço da mirabo­lante transposição até agora apenas confirmou a “sina” nordestina de conformismo e resistência, do que o bispo Cappio bem entende há quase 40 anos. A luta de sempre continua, vendo a dinheirama escoando pelo ralo da corrupção.

Frei Gilvander Luís Moreira arremata: “A transposição começou, mas não irá muito longe, nem muito menos terminará, pois é um projeto inviável economicamente, ilegal e imoral segundo as leis ambientais e segundo a Constituição de 1988; injusto eticamente, politicamente autoritário e ecologicamente insustentável. A história julgará o Presidente Lula e os apoiadores deste insano e covarde projeto, a obra mais cara da história do Brasil referida ao Nordeste.

(...) “Nosso projeto é muito maior. Queremos água para 44 milhões, não só para 12. Para nove estados, não apenas quatro. Para 1.356 municípios, não apenas 397. Tudo pela metade do preço. O Atlas e as ini­cia­tivas da ASA (sociedade civil) são muito mais abrangentes e têm finalidade no abastecimento humano”.

Pedro Ângelo Almeida Abreu enfa­tiza: “Se realmente o Nordeste não interessa ao povo brasileiro, poderíamos vendê-lo ou doá-lo para outra nação, acompanhado de um sonoro pedido de desculpas aos nordestinos e aos holandeses”. (Professor Titular da Faculdade de Ciências Agrárias/FAFEID; Doutor em Ciências Naturais pela Universidade de Freiburg - Alemanha).

A água na cisterna e outros dispo­sitivos baratos, o clima, caprinos e ovinos - eis a bandeira que poderia ser muito mais redentora para os sertanejos, na linguagem que eles compreendem. Tudo o mais, viria depois.

 

A Caravana da Segunda Verdade

 

Agora, Dilma vai financiar a “Caravana da Transposição”, com total apoio da mídia (claro!) para continuar a ilusão dos sertanejos, com um teatro bem montado, pois as eleições logo estarão batendo às portas.

Esta Segunda Caravana da Verdade vai tentar comprar a confiança dos sertanejos, insuflando mais esperança, distribuindo presentes e agradando toda sorte de cabo eleitoral em pequenos municípios. Não irá visitar canteiros de obra, para não ser flagrada diante do desastre; não irá mostrar a caatinga destruída; não irá mostrar os casebres destruídos e as pessoas que ficaram sem teto. Nada irá falar sobre técnicas de convivência com o clima, com a viabilidade econômica de caprinos e ovinos. Nada disso! Estará falando para os brasileiros do resto do país e não para os nordestinos!

O Sertão da realidade, então, é bem diferente daquele do discurso oficial que será bombasticamente apresentado em todo lugarejo nordestino. A realidade é bem pior, lamentavelmente, e será o que restará no final da maratona governamental.

Como reagirá o sertanejo diante da fabulosa Caravana? Sem dúvida, as televisões irão mostrar dezenas de mulheres piedosas afirmando que a água da Transposição irá inaugurar uma vida nova, etc. Jamais alguém será punido por essa mentira já tão veiculada. Será a apoteose da impunidade. Mostrará jovens com uniformes escolares dizendo que começam a viver uma vida nova, etc. Mostrará programas de saúde em pleno funcionamento. Nos programas do Governo, o Nordeste “nunca antes teve um período de tantos investimentos futurosos”.

Será o Nordeste-maravilha; será que o sertanejo irá engolir mais essa proeza dos encantadores das massas?

 

l Ovelhas e lobos - Por outro lado, o sertanejo vive em pleno século XXI, uma parte das pessoas já sabe das mentiras e está cansada de ver bilhões sendo jogados no ralo, beneficiando a indústria da seca que mora dentro dos prédios governamentais. Essas ­pessoas poderão reagir e isso seria interessante, pois lembraria os feitos históricos do ­passado, quando os nordestinos pegaram em armas para defender sua terra, ou o próprio país. Não ganharam nada em troca. Muito pelo contrário: suas fontes de dinheiro foram escamoteadas e transferidas para outras plagas, impunemente.

Qualquer governador nordestino sabe a resposta certa para o Semiárido; qualquer senador também sabe; qualquer deputado federal também. Os políticos sabem tudo, pois têm assessoria em fartura, verbas especiais, etc. - para conhecerem os problemas e proporem soluções. Então, se não propõem, é porque preferem o lado das pressões externas. São fracos e rapidamente esquecem-se dos sertanejos que vivem, há séculos, no Semiárido, esperando chegar o dia da libertação.

Diz o velho ditado: "uma nação de ovelhas acaba sendo comandada pelos lobos". No Nordeste, já deveria ter acabado a época dos lobos, mas eles são alimentados pelo lobo-maior da incompetência!

Talvez esse mirabolante projeto da Transposição sirva para isso: acabar com os lobos e com as mentiras. E, em seu lugar, entrarão cabras e ovelhas e, depois, um jardim do Éden para os sertanejos - que o bem merecem.






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