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DESAFIO: CARNE EM ESCALA COMERCIAL

Autor: Robson Rodrigues - 11/03/2011

O País precisa chegar a 100 milhões de cabeças nos próximos 10 anos para atender o consumo interno de forma regular, afirma o presidente da ARCO

 

 

A ovinocultura brasileira passa por momento de grande transformação, ocasionada pelo redirecionamento da produção uruguaia para mercados que pagam melhor preço de acordo com o valor agregado, como Estados Unidos e Europa. O país vizinho respondia por mais de 80% da carne de cordeiro consumida no Brasil e, agora, a cadeia produtiva tenta se or­ganizar para produzir animais padronizados e atender a demanda interna. É preciso aproveitar o momento em que o Uruguai estiver fora! Serão alguns anos em que os brasileiros poderão alicerçar um império econômico de produção de carne ovina.

Se de um lado o rebanho de ovinos existente no país, cerca de 16 milhões de cabeças, segundo o IBGE, é insufi­cien­te para atender o consumo, de outro, produtores se beneficiam de cotações nunca antes vistas no mercado, o que deve estimular a produção. Em São Paulo, onde a carne de cordeiro é apre­cia­da pela alta gastronomia, a indústria está pagando até R$ 5,00 pelo quilo vivo ou R$ 11,00 pelo mesmo peso em carca­ça, no mínimo. “Somente para atender o mercado de São Paulo, por exemplo, seria necessário um rebanho três vezes maior do que o existente em toda região Sudeste”, afirma Lucas Heymeyer, da Dor­per Campo Verde, de Jarinu (SP). Qualquer investidor percebe a importância disso.

Há tempos o setor esperava por essa elevação nos preços, surgindo agora como cenário ideal para aumentar os investimentos. Os preços seguem firmes e permitem ao ovinocultor investir em infraestrutura e na melhoria de seu rebanho. O Brasil conta com um excelente acervo genético, tecnologias, pesquisas e indústrias especializadas, faltando apenas produção em grande escala.

Em franco crescimento mundial, a ovinocultura de corte é hoje uma excelente oportunidade de negócio. A carne de cordeiro é considerada um produto “pre­mium”  em todos os países importadores, sendo consumida por um público fiel, de alto poder aquisitivo. Mesmo com a redução do rebanho mundial de ovinos em 8% nos últimos 20 anos, a produção de carne de cordeiro aumentou em 27% nesse período, segundo o último levantamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (ARCO). Somente no Brasil, as importações saltaram de US$ 6 milhões para US$ 23 milhões, entre 1997 e 2008, confirmando a crescente demanda de consumo. É uma ninharia perto do que poderá ser, dentro de poucos anos.

Quem trabalha na atividade acredita que, em curto espaço de tempo, o país será autossuficiente em produção. Para o presidente da ARCO, Paulo Schwab,  isso deve acontecer em menos de 5 anos, se o produtor focar esforços no processo de crescimento do rebanho, no controle de mortalidade e na restrição do abate de fêmeas. “Precisamos chegar a 50 milhões de cabeças, neste período, e a 100 milhões nos próximos 10 anos, para tentar nos aproximar do que é a bovinocultura de corte. Essa quantidade permitiria uma produção que sustente o consumo regular o ano todo, sem sobressaltos”, esclarece Schwab. E seria o estímulo que ainda está faltando para os investimentos da indústria de insu­mos.

Parece ser uma tarefa árdua ao considerar aspectos como a distribuição da atividade. Existe um grande número de criadores que trabalha em escala comercial, porém, cerca de 60% do rebanho ovino está em pequenas propriedades, na grande maioria, associadas a outras atividades rurais, como informa Camila Raineri, criadora e doutoranda em custos de produção.

 

l Anotando tudo - A expansão da ovinocultura depende da entrada de novos empreendedores e também de investimentos de quem já trabalha na criação. O pequeno produtor enfrenta grande dificuldade em escalonar a produção, mas algumas estratégias podem incrementar sua rentabilidade.

Segundo Raineri, são ações simples. A mensuração de dados na proprie­dade (dados reprodutivos das fêmeas, peso do produto do nascimento ao abate) seriam os passos mais importantes. “Essas informações são fundamentais ao que se refere à organização. O criador deve encarar a ovinocultura com visão empresarial, tendo em mente que o investimento deve se pagar em curto prazo. O levantamento é fundamental para todas as ações da propriedade”, ressalta.

Na ovinocultura de corte, mesmo os pequenos produtores devem programar estação de monta. De acordo com Hey­meyer, a mais simples pode ser dividida de 3 a 5 meses, planejando para que o produto termine em períodos de maior demanda (e remuneração). Intensificando o processo para duas ou três vezes ao ano, a produção de cordeiros torna-se constante. A prática também permite conhecer os índices zootécnicos do rebanho e fa­cilita o descarte de animais inférteis, fêmeas que não produzem muito leite e carneiros que estão gerando con­san­gui­ni­dade e estagnando a produtividade. ‘Uma escrituração zootécnica e financeira ajuda a levantar os dados produtivos dos animais e a controlar o custo-benefício do sistema de produção’, afirma.

Controle sanitário é outro grande de­safio. Sem manejo preventivo, o fracasso é inevitável na ovinocultura. Carneiros só demonstram debilitação no terço final de vida e mesmo quando salvos não recuperam a produtividade. Isso porque geralmente são atacados por po­li-infecções de vermes gastrin­testinais. Apenas um repro­du­tor morto por ver­mi­nose representa um prejuízo de R$ 3.000,00, em média, sem incluir as ­crias que deixaram de ser produzidas. No mínimo, devem ser feitas três vermifu­ga­ções por ano.

 

l Genética é fundamental - Produzir em escala comercial é uma necessidade, porém é preciso atentar ao consumidor, que deseja um produto de boa procedência, com sabor de qualidade. O melhoramento genético é fundamental neste processo, proporcionando ganhos a grandes e pequenos produtores. O progresso genético do rebanho reduz o ciclo de produção e proporciona maior rendimento no abate, principalmente nos cortes nobres.

Algumas raças estão ganhando terreno no Brasil por sua capacidade de produzir cordeiros prontos para o abate entre os 100 e 150 dias e com peso entre 35-40 kg de peso vivo. “Vale lembrar que essa genética deve ser obtida de criatórios idôneos, que comprovem a produtividade e eficiência dos animais”, comenta Lucas Heymeyer, responsável de vendas da Dorper Campo Verde, de Ja­rinu (SP). A cabanha comercializa repro­dutores e matrizes Dorper de linhagem sul-africana comprovados. É também uma das pioneiras na implantação das DEPs (Diferença Esperada por Progênie) na ovinocultura.

Com a impossibilidade de aumentar a propriedade, pequenos produtores podem desfrutar da seleção genética, agregando precocidade e melhor rendimento de carcaça ao rebanho.

 

l Integração é um caminho - O associativismo é uma tendência na ovino­cultura. A ação conjunta, na qual cada um contribui com uma determinada quan­tidade de animais, proporciona escalas periódicas e outras vantagens comerciais. “Por questões profissionais, passei mais de 25 anos no cooperati­vis­mo e sou totalmente favorável à união entre produtores. Incentivamos todos os criadores que puderem atuar desta forma que o façam. Há ganhos de escala tanto na aquisição de insumos e outros serviços quanto no momento de comer­cializar os cordeiros”, explica Schwab.

Um exemplo de integração pode ser avaliado nas atividades da Agropecuária Savana, sediada em Bragança Paulista (SP). O empreendimento reúne 25 produtores do Mato Grosso, Rio Grande do Sul, São Paulo e Bahia, que juntos representam um rebanho de 240 mil matrizes e produção mensal de 180 a 200 toneladas de carne de cordeiro. Cerca de 80% da produção é destinada ao ‘Food Service’. Os parceiros seguem regras de produção e a Savana garante a compra de todos os animais a preço de mercado. “Alguns produtos desviam um pouco, por questões econômicas, mas sempre temos bons produtos”, afirma Robson Leite, diretor e proprietário da Savana. Os animais são abatidos nas regiões produtoras e são processados em unidades especiais da empresa. Os criadores têm acesso a serviços espe­cia­lizados e melhores condições para produzir.

 






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