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A CANA-DE-AÇÚCAR & A CARNE OVINA

- 30/09/2010

Os canaviais avançam sobre terras antes ocupadas por agricultura, muitas vezes apresentados como se fossem um apocalipse, mas - em análise objetiva - esta invasão é benéfica para a produção rural de grãos e de carne, augurando dias excelentes para os criadores de ovinos.

 

A cana-de-açúcar pode favorecer a produção de carne ovina? Os dados do IEA-SP dizem que sim. Os canaviais avan­çam em áreas da região Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás). O Paraná já é o segundo maior produtor de cana-de-açúcar do Brasil. No Sudeste, já atuam 39 novas usinas. Nos demais Estados: Rio de Ja­neiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Maranhão chega-se a 90 novos projetos! Haja terra para atender ao açúcar e álcool.

Em 2006 a área plantada com cana era de 6,2 milhões de hectares, devendo evoluir para 12 ou 14 milhões entre 2015-2020. Mais que 100% de aumento em apenas 10 anos! Em 2006, o estado de São Paulo já tinha 60,7% de sua área total plantada com cana-de-açúcar!

A cana é um perigo para as lavouras ou pecuárias? Nada disso! É um benefício, embora provoque estranheza, nesta fase inicial, quando desaloja a agri­cultura e pecuária de milhares de proprie­dades. Acontece que estas propriedades estavam cansadas de acumular prejuízos e desgaste permanente. A cana-de-açúcar trouxe o sossego e uma renda fixa tão almejada para os proprietários.

 

A realidade dos números

 

No Brasil, a área cultivada com lavouras é de cerca de 50 milhões de hectares. Mesmo dobrando sua área, por volta de 2015-2020, a cana-de-açúcar irá ocupar 12,0 milhões, ou apenas 24% do que hoje é ocupado pelas culturas ­anuais. Bastaria, então, um ganho de produ­ti­vidade de apenas 15% nas lavouras para compensar a fuga de terras para a cana.

Ora, obter 15% a mais de produtividade não é tarefa tão difícil. Pelo contrário, parece até irrisória, num prazo de 10-12 anos, uma vez que a produtividade média das lavouras já aumentou mais de 30% nos últimos 12 anos.

A eficiência é a bússola do sucesso na modernidade. As empresas agropecuárias mais eficientes na produção de grãos apresentam índices de 250 a 300% superiores ao rendimento médio nacional por área (Conab-Cia Nacional de Abastecimento). Se as grandes corporações conseguem tamanho incremento fica evidente que o desafio é mais uma questão de gerenciamento do que de tecnologia.

A cana pode assustar a pecuária? Nada disso. Hoje, o país tem 180 milhões de hectares com pastagens. Os números mostram que o avanço da cana-de-açúcar não fará cócegas na pauta da produção brasileira, mas provocará uma mudança no cenário. No leite, o rendimento pela aplicação da moderna tecnologia já disponível pode subir 1.500%. No caso da pecuária de corte, pode aumentar a produtividade em mais de 500%. O uso da tecnologia, sim, provoca uma grande mudança no campo. Restarão menos pessoas produzindo, mas com muito mais eficiência. Afinal, a população rural estará reduzida a 15% da brasileira por volta do ano 2015-2020. Cabe lembrar que o país mais eficiente no campo (Estados Unidos) reduziu sua população rural para 2-3%.

 

 

 

Pequenas áreas, sim, mas com alta produção de carne.

 

Não é a quantidade de pessoas no campo que importa, mas a dignidade garantida a seu esforço no trabalho sob o sol e a inclemência do clima. Pessoas ineficientes podem até produzir seu próprio alimento, mas não conseguirão abas­tecer as cidades. Foi o que aconteceu em todas as ditaduras históricas: Rússia, Cuba, China e, agora, Venezuela. É um péssimo negócio pregar políticas de distribuição de terras para quem não tem tradição, ou não tem competên­cia para atender a sociedade. O campo é local de trabalho para a sociedade e não um lugar de lazer para pessoas que somente pensam em produzir seu próprio alimento!

A cana-de-açúcar, então, está liberando pequenas glebas que poderão e deverão ser utilizadas com alguma forma de pecuária. Tanto poderá ser uma pecuária leiteira altamente tecnificada ou pecuária de animais de ciclo curto, como ovinos e caprinos. Abre-se, então, uma formidável chance de enriquecimento em pequenas áreas rodeadas pelos imensos canaviais.

Os canaviais e suas usinas agem como “escudo” protetor das pequenas propriedades que terão maior segurança contra invasões, roubos, etc. Passarão a ter melhores estradas e melhor assistência geral para os moradores. Uma situação muito melhor do que a verificada em 500 anos de abandono rural pelas autoridades.

Um exemplo: se os canaviais ocuparem 500 mil propriedades, estarão relegando, no mínimo, 100 mil pequenas glebas (antigas sedes, encostas, ou ladeiras, etc.) que não podem ser beneficiadas com equipamentos. Nestas pequenas glebas, os antigos proprietários podem praticar pecuária leiteira ou produção de carne ovina/caprina.

Estas propriedades - como já vem acontecendo - preferem adquirir os alimentos de ­regiões específicas: feno, silagem, cereais, resí­duos industriais, etc. Dedicam-se, então, puramente à produção de carne. Esta especialização é sinônimo de eficiência.

Muitos novos empresários da ovinocultura já ocupam estas pequenas áreas, adquirindo fora a alimentação dos animais, formando piquetes para rotação dos animais, alternadamente com gado, para combate sistemático à infestação de vermes nas pastagens. É uma receita que será adotada abrangentemente nos próximos anos.

 

São Paulo

 

A Câmara Setorial de Ovinos e Caprinos implantou uma rede de assistência técnica e difusão de tecnologia, sob comando da Aspaco. Em apenas 3 anos foram criados mecanismos de estímulo, como:

u Linha de crédito de R$ 100 mil, com juros de 3% ao ano;

u Indicador de Preço do Cordeiro paulista, elaborado pela USP, para garantir um preço justo para todos;

u Implementação de Núcleos de ­Criadores em 20 regiões distintas do estado.

O grande desafio da região Sudeste está na capacidade de gerenciamento dos recursos aliada ao uso de técnicas adequadas de manejo que permitam colocar no mercado carcaças de qualidade superior, com oferta constante do produto a preços competitivos. Também são necessários avanços nos sistemas de produção, abate e distribuição, para que se estabeleça um mercado consumidor fiel ao produto e para que a carne ovina tenha condições de competir com as demais cadeias produtoras de carne.

Há pesquisas sobre animais comuns cruzados com Dorper, Suffolk e Santa Inês - encaminhando-se o cordeiro já desmamado para confinamento, constatando que a diferença de peso do animal meio-sangue, ao final do confinamento, não foi muito expressivo. A ­maior precocidade foi dos animais cruza Dorper, com 130 dias (310 g/dia). O Suffolk ficou com 250 g/dia e o Santa Inês com 225 g/dia. Cada raça, porém, tem vantagens próprias e não convém ser avaliada apenas quanto a uma única caracterís­tica.

 

 

 

A chegada dos canaviais acelerou a pecuária de pequenas áreas, as quais exigem alta  produtividade, levando ao uso de alta tecnologia.

 

Nos próximos 20 anos, as pesquisas de cruzamento envolvendo as raças Dorper, Ile-de-France, Texel, Santa Inês e Suffolk pretendem chegar a 31 genótipos diferentes. Afinal, o sucesso é obtido pelo casamento entre as exigências da região e da situação. Cada região + situação podem exigir um ecótipo diferente! Há assim, espaço para todas as raças!

O IZ-Instituto de Zootecnia, na voz do pesquisador Eduardo Cunha, ­salienta que a produção de carne ovina garante uma renda líquida de 40-50%, sem contar com o mercado externo. É uma exce­lente fonte de renda, necessitando de pouco espaço, pois consegue colocar 30-40 cabeças por hectare em pastagens, terminando em confinamento onde cada animal exige apenas 1,00 m2 de área. O IZ preconiza também o abate superprecoce, aos 120 dias de idade, com peso entre 28-30 kg (carcaça em torno de 13 kg), sem uso de qualquer medicamento, vacina ou droga sintética, tendo como alimentação inicial o leite materno e, posteriormente, forragem volumosa verde, ou conservada em silagem, e ração concentrada à base de farelos vegetais, sem qualquer aditivo. “Assim, o consumidor pode saborear uma carne extremamente saudável e de excelente qualidade” - resume o pesquisador.

Um exemplo é o de Lothar Alexandre Sartori Blum, de Paraguassu, que mantinha gado de corte em seus 16 hectares, mas que - agora - tem 150 ovelhas. Ele aproveita tudo: carne, lã, pele e vende reprodutores de puro-sangue. Além dos ovinos, a propriedade produz 130 litros de leite/dia, com rebanho de 17 animais, utilizando as técnicas de manejo do Projeto CATI Leite. “O que vem das ovelhas é lucro puro” - conclui.






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