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O Brasil é um país rural, está claro!

- 05/09/2010

É ano de eleição e, por isso, as estatísticas dão piruetas ao léu; os discursos são gongóricos; as promessas lotam as mesas e ouvidos. As verdades surgem e, muitas vezes, estão ditas pela metade. É o momento certo de dar uma olhada no passado, presente e futuro.

O Governo diz que o Brasil orgulha-se hoje de ser uma economia estável e forte, que consegue crescer de modo sustentável e, ao mesmo tempo, distribuir renda, incorporando grandes contingentes de população ao mercado de consumo e a padrões mais civilizados de bem-estar material. Depois de tantas décadas de instabilidade, de surtos breves e logo frustrados de crescimento, o país vive uma grande transformação. O que tornou possível essa transformação?

O país viveu vários momentos de crescimento, que não duravam muito. Apesar de muitos “pacotes governamentais”, a população continuava crescendo, mas a maioria vivia na pobreza. Hoje, tudo está mais claro: já se sabe que apenas a agricultura e a pecuária podem garantir a transformação, mas ninguém pensava nisso seriamente. Afinal, a produção rural brasileira crescia pouco e não conseguia, de fato, até 1970, sequer atender o abastecimento interno. Além do mais, a sabedoria convencional da época ditava que o desenvolvimento econômico signi­ficava o aumento da produção industrial e o encolhimento relativo da produção rural.

 

u A vitória no campo - Apesar disso, a partir dos anos 70, teve início uma silenciosa revolução no campo brasileiro. Novas gerações de produtores rurais começaram a emergir, muitos deles abrindo novas fronteiras agrícolas, ou transformando os modos de produzir nas fronteiras já estabelecidas. Esses novos agricultores romperam com as formas tradicionais de produção, apropriaram-se do conhecimento acumulado nas universidades rurais e na nova Embrapa, trazendo para a produção rural a disposição de assumir riscos e a compulsão do crescimento. A ação destes novos empreendedores transformou em pouco tempo a produção rural brasileira, tornando-a em poucas décadas a segunda maior do mundo em escala e diversidade de produção e a primeira e única grande agricultura em área tropical. Os números dessa revolução são impressionantes.

Em 1965, antes do início desse processo, a produção brasileira de grãos era de 20 milhões de toneladas, para uma população de 80 milhões de habitantes; portanto, uma produção de 250 kg de grãos por habitante. Em 2008 a produção de grãos chegou a 144 milhões de toneladas, para uma população de 190 milhões de habitantes, o que representa uma produção per capita de 758 kg.

A produção total cresceu 7 vezes, mas a área de plantio, que era de 21 milhões de hectares em 1965, passou para apenas 48 milhões de hectares em 2008, apenas 2,5 vezes mais. Um show de eficiência no campo.

A produção de carnes, em 1965, era de 2,1 milhões de toneladas, o equivalente a 25 kg por habitante por ano. Em 2006 a produção alcançou 20 milhões de toneladas, o equivalente a algo como 100 kg por habitante/ano. A produção total aumentou 10 vezes, mas as áreas de pastagens cresceram apenas 15%. Outro show de eficiência.

Mesmo sem subsídios, o Brasil é hoje o terceiro maior exportador de alimentos do mundo. Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o Brasil é líder na produção e exportação de açúcar, café em grãos e suco de laranja. Além disso, é o primeiro exportador mundial de carne bovina, tabaco, álcool e carne de frango. Ocupa a vice-liderança na produção e exportação de soja em grãos. É o terceiro maior exportador mundial de milho e o quarto de carne suína.

Esses gigantescos aumentos de produção e de produtividade mudaram a história da economia brasileira. Essa agricultura altamente produtiva e de grande escala conquistou os mercados externos e passou a gerar grandes superávits no balanço de pagamentos, dada a sua pequena dependência de importações.

Entre 1994 e 2009, o agronegócio acumulou um saldo comercial com o exterior de US$ 453 bilhões! No mesmo período, o saldo comercial total do Brasil foi de US$ 255 bilhões. Significa que, sem a contribuição das exportações do agronegócio, o Brasil teria incorrido num déficit comercial de US$ 198 bilhões, praticamente o valor das reservas cambiais do país no final de 2009! Ou seja, tudo que restou ao país veio do agronegócio!

Mesmo agora, em 2009, as exportações do agronegócio totalizaram US$ 64,75 bilhões, representando nada menos que 42,5% das vendas externas. As importações foram de apenas US$ 9,8 bilhões, o que significa um superávit de US$ 54, 9 bilhões! Sustentou a balança comercial. O governo vai bem, sim, mas com o saldo deixado pelo setor rural.

 

u Mesa farta - Outro efeito dessa revolução no campo foi a persistente queda no custo da alimentação no mercado interno. Os professores José Roberto Mendonça de Barros e Juarez Rizzieri mostraram, em pesquisa, que o custo no varejo de uma ampla cesta de alimentos na cidade de São Paulo caiu mais de 5% ao ano, em termos reais, entre 1975 e 2005. Uma queda dessa dimensão só foi possível pelos aumentos impressionantes da produção e da produtividade no campo. Em decorrência, as classes de renda média e baixa puderam consumir mais e melhores alimentos, elevando também seu poder de compra de produtos industriais. Assim, a queda dos preços agrícolas é mais importante que as transferências de renda para explicar a melhoria do padrão de vida das populações mais pobres. No campo, bem trabalhado, está a redenção do povo brasileiro.

 

u Quem produz, mesmo - Relata o Censo Agropecuário de 2006 que 3,3 milhões de propriedades rurais são consideradas de Agricultura Familiar, enquanto as não enquadráveis são 1,6 milhão. Diz o estudo de 2010, “Quem produz o que, no campo, que as propriedades fami­liares são responsáveis apenas por 19,5% da produção, e as não-fami­liares por 80,1%. A participação da agricultura familiar entre os Censos Agropecuários de 1995/1996, caiu de:

- 22,5% para 20% em grãos.

- 42,2% para 36,1% na horticultura.

- 73,2% para 48,7% na mandioca.

- 23,7 para 19,5% na batata.

- 19,8% para 0,5% no algodão.

- 14,4% para 8% na laranja.

- 86,3% para 74% no fumo.

- a propriedade familiar apenas aumentou de 4,3% para 4,5% na cana e de 4,8% para 8,5% na silvicultura.

 

 

 

 

u Os heróis do campo - O Brasil que hoje se desenvolve e se projeta no mundo como uma economia dinâmica e moderna; é um país construído a partir da agricultura e da pecuária. Assim continuará sendo, no futuro, sem estar por isso condenado ao atraso e à pobreza, como vaticinavam no passado. Para isso, todavia, é necessário que o Brasil valorize o agricultor e o pecuarista, que foram os agentes dessas transformações, dando-lhes o realce merecido e poupando-os dos preconceitos que sobrevivem às evidências da realidade.

O Estado participa por meio de um Ministério da Agricultura eficiente, que completa 150 anos, observa e age nas emergências, socorre os que precisam, estimula a Agricultura Familiar, mas fica distante. Não se mete nas decisões do que plantar, produzir e exportar. O mercado é que decide. A agricultura brasileira não precisa de estatais. Não quer intromissão do Estado. Esse é um modelo de convivência entre Estado e setor privado que deveria ser estudado pelos dois can­sdidatos a presidência, para que não inventem mais empresas estatais como se está fazendo hoje.

 

u Ovelhas e cabras - Assim como o Brasil multiplicou os frangos, os suínos e a carne bovina, chegou o momento de multiplicar a produção de carne de cordeiro e de cabrito. O mundo está esperando, pois só aqui há áreas disponíveis, tecnologia suficiente e mão-de-obra.

Assim como aconteceu nos demais setores do agronegócio, está chegando o momento em que acontecerá uma fenomenal tecnificação do setor de ovinos e caprinos, com empresários investindo corretamente, consolidando mais um importante pilar para a renda no campo. O setor de caprino-ovinocultura pode gerar mais de 10 milhões de empregos; representa a redenção do sertanejo nordestino; pode se viabilizar em todo território nacional; tem um fantástico mercado mundial disponível; pode chegar a todas às panelas do país. O consumo brasileiro de carne de gado é de quase 100 kg/habitante/ano, mas a carne ovina mal passa de 0,70 kg - há um grande espaço na mesa brasileira para o cordeiro e o cabrito! Um prato cheio para investidores com olho no futuro.

 

 

Dados básicos: 1) Kátia Abreu, presidente da CNA; 2) Manual “Quem produz o que no campo, 2010”; 3) Alberto Tamer em O Estadão (26.07.2010).






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