Uma coisa é divulgar políticas rurais para agradar ao homem urbano que assiste televisões; outra coisa é colocar em prática as políticas que interessam, de verdade, ao homem do campo
Todos os países que tentaram controlar o trabalho do homem do campo fracassaram em suas reformas rotuladas de “sociais”, provocando falta de comida para a população. A estatização do campo, típica dos regimes totalitários (ditatoriais) sempre fracassou, tendo como exemplos recentes: Rússia, China, Cuba, Venezuela, etc.
O Brasil, com imensidão de terras nas mãos do Governo, poderia percorrer um caminho mais adequado à modernidade? Sim; bastando ouvir o que os produtores gostariam de receber, no campo.
Para ter em mãos as respostas dos produtores, a CNA-Confederação Nacional da Agricultura realizou uma pesquisa junto de 6.000 produtores, abordando os principais temas ligados à atividade rural. Cabe lembrar que as pesquisas de opinião pública sobre candidatos a presidente da República geralmente ouvem entre 1.200 a 2.000 pessoas. Assim, a pesquisa da CNA foi muito mais abrangente e confiável.
Os produtores receberam 15 assuntos, podendo escolher os 6 que julgassem principais. A pesquisa foi orientada pelo Instituto Vox Populi, representando 85% da produção agrícola e 77% do rebanho brasileiro, tendo como informações básicas o Censo Agropecuário do IBGE.
A mídia e a voz dos produtores
Para o leitor comum ou telexpectador de televisões, o resultado da pesquisa mostra o profundo desconhecimento sobre a atividade rural no país.
As televisões mostram, constantemente, questões trabalhistas, trabalho escravo, etc. Esse assunto, todavia, está somente em 8º lugar nas preocupações no campo.
A mídia mostra, sempre, a luta pela sonegação dos débitos rurais, mas este assunto ocupa apenas a 10ª posição.
A mídia mostra que o campo não obedece às leis sanitárias, mas esse assunto ocupa a 11ª posição. O interesse por pesquisa e tecnologia rural, partindo do Governo, ocupa o penúltimo lugar (14%).
O que realmente interessa ao produtor rural? O homem do campo está interessado em trabalhar, produzindo cada vez mais alimentos para o país e para o mundo. Este foi o assunto principal, com 72,3% dos votos.
Em seguida, veio a necessidade de ter a própria terra, sem riscos de invasões, com 69,5%. Depois, o direito de ter acesso adequado a financiamentos rurais, com 52,7%.
Facilitar a vida financeira, no campo, tem sido uma tarefa muito árdua.
Além de produzir, o homem do campo é flagelado pelas políticas de Financiamento (52,7%), de Câmbio e Juros (49,8%), de Tributação extorsiva (45,5%).
Pode-se afirmar, então, que o esforço do homem do campo brasileiro está diretamente relacionado com o exercício do regime democrático. A pressão nas televisões, tentando distribuir terras para pessoas alienadas da atividade rural, está totalmente equivocada, na opinião dos próprios produtores que, por seu lado, gostariam de aumentar a produção de alimentos. A política, segundo eles, não seria de “dar terra a quem não tem”, mas sim “dar terra a quem quer produzir”, ou até melhor, “a quem quer produzir mais”.
O setor está preocupado com o escoamento da produção? Sim, mas bem menos do que se pensa (29,0%).
O mundo rural brasileiro zela pelo meio ambiente? Sim, pois se mostra sem preocupações com o tema (23,0%). Os resultados mostram que há muitos assuntos de maior importância a serem tratados.
Os rebanhos estão se multiplicando, mas há muito espaço para crescimento
Habitar no campo, produzindo
A pesquisa, portanto, mostra exatamente o que se pensava: o homem do campo está interessado na viabilização da atividade, antes de tudo, pois, afinal, ele mora lá. Bastaria o Governo orientar suas políticas para essa viabilização e o próprio homem do campo faria o restante, com a competência que tem mostrado nos últimos tempos.
Mais informações: CNA (61) 2109-1411, ou www.cna.org.br
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