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Porque a Nova Zelândia é grande produtora de carne

- 10/06/2010

O caminho que pode iluminar o Brasil

 

Para o bem de todos, o Governo cortou subsídios e vantagens de um setor ou outro, para que o país inteiro participasse da maratonade atender o fabuloso mercado internacional. Deu certo, servindo hoje como bússola da competência necessária para qualquer país.

 

 

A Nova Zelândia detém apenas 3,8% do rebanho mundial de ovinos e, ainda assim, é a maior exportador de carne de carneiro e de cordeiro do mundo, responsável por mais de 40% do mercado internacional. A indústria neozelandesa de carne ovina é totalmente voltada para o mercado internacional, uma vez que sua população, com o consumo per capita de 13,5 quilos anuais, não compraria sequer 5% da produção total. Como pode um país tão pequeno, uma simples ilha, ter tanta competência?

Essa vitória é decorrente de uma com­binação entre condições favoráveis para a produção e indústria focada em me­­lhorar continuamente a eficiência de pro­dução, a qualidade da carne e a habili­da­de em corresponder às exigências do consumidor final. Tudo funciona integradamente, tendo em vista o mercado mun­dial.

Como é que a história chegou a esse ponto? Basta destacar alguns momentos e observar o comportamento da indústria diante dos fatos. Realmente, os neozelandeses logo aprenderam que a estruturação da cadeia produtiva poderia interferir no sucesso de uma atividade. Por isso quem pretendia conquistar uma fatia de mercado, precisava pensar em fazer o dever-de-casa, antes. Ou se­ja, precisava arrumar a casa, dentro e fo­ra da porteira. Quando todos trabalham seguindo regras voltadas para um único objetivo fica mais fácil chegar à vitória. De nada adiantaria ter bom destaque em um setor e uma tragédia em outro. Todo negócio é bom quando está bem lubrificado em todos os estágios. Assim, desde o nascimento até o prato, o cordeiro deveria passar por dezenas de etapas eficazes e competentes, para o bem de todos os produtores, comerciantes, exportadores, fornecedores, estudiosos, etc. Somente o sucesso de todos permitiria um crescimento sustentado.

 

Histórico

 

A Nova Zelândia já era ativa no início do século XX - há mais de 100 anos. Em 1922, o país havia criado um conselho regulador específico para produtos cárneos (New Zealand Meat Board), que coordenava a indústria, desenvolvia mercados e negociava preços e fretes. Uma das primeiras medidas do conselho foi criar uma marca, que até hoje identifica o cordeiro neozelandês (ver Figura do “selo”). Uma única marca para todo cordeiro exportado e consumido! A união faz a força.

Antes, sendo uma ilha, havia tratamentos diferenciados para algumas regiões, ou para algumas situações. O Governo percebeu que os subsídios facilitavam a preguiça e a lentidão nos ne­gócios. Era preciso acabar com a moleza! Assim, o momento decisivo para o de­senvolvimento em direção a uma indústria competitiva no mercado internacional foi a remoção total dos subsídios do governo em 1984.

Antes, os subsídios pareciam ser uma coisa boa, pois o rebanho ovino chegou a atingir 70 milhões de cabeças! Afinal, todo país tem regiões mais pobres e que exigem dotações governamentais. Mistura-se política com economia, pensando que - dessa maneira - as pessoas terão uma vida mais digna. Os programas de assistência governamental e seus subsídios também resultavam em evidente desinteresse por parte dos processadores de carne que não viam ne­cessidade de implantar padrões superiores de qualidade, restringindo-se a trabalhar com padrões mínimos.

O Governo temia que, se não houvesse subsídio, o rebanho iria despencar. Depois de muito refletir e titubear, o Governo chegou à drástica decisão para o bem da atividade: liquidou os subsí­dios. A remoção de todos os subsídios no período de um ano provocou uma correria generalizada. A primeira conse­quência foi observada durante 1985, quando todos pretendiam reduzir os rebanhos, enviando matrizes para o abate. A queda do rebanho foi imediata, conforme estava previsto.

Reduzir o rebanho era uma boa medida, mas reduzir o rendimento seria loucura. Por isso, como resultado da redução do rebanho ocorreu o aumento da eficiência produtiva na atividade, como alternativa para amenizar a queda na produção. Em um período de 10 anos, a taxa de natalidade passou de 100% para 124%. A qualidade do alimento oferecido ao animal melhorou e isso provocou um aumento de 13% no peso médio da carcaça abatida. Tudo isso reduziu o im­pacto de uma menor quantidade de ovelhas na produção de carne. Outra conse­quência da redução dos abates foi o fechamento de muitos A variação na demanda internacional é o que determinava frigoríficos no final dos anos 80. Reduzia-se por um lado, mas lucrava-se em competitividade por outro.

A eficiência chegou com a racionalização do setor. As companhias esforçaram-se para desenvolver um programa coordenado de comercialização para a Europa, maior comprador da carne de cordeiro do país, gerando competitividade entre as empresas e provocando queda nos preços, tanto no mercado doméstico como no internacional.

Com o fim dos subsídios e a preocupação real em garantir o mercado, a in­dústria finalmente passou a praticar medidas para garantir uma melhor qualidade dos produtos, com padrões mais elevados e específicos como, por exemplo, a maciez da carne.

 

Os vários mercados

 

Quando e onde produtos de melhor qualidade deveriam estar disponíveis e, então, mereciam mais dedicação. Então várias medidas foram implantadas em todas as etapas da cadeia produtiva, com objetivo final de entregar um produto superior. Dentre essas medidas, destacaram-se:

- o melhoramento genético,

- a remuneração do produtor por qualidade,

- as auditorias nas empresas e fazendas,

- tecnologias mais avançadas de processamento da carne.

- um sistema permanente de vigilância das tendências de compra de carne, nos principais mercados internacionais.

 

 

 

Criação lucrativa para dominar o mercado mundial

 

 

u Europa - As análises de preços da União Europeia mostravam que o consumidor estava disposto a pagar mais por um produto de melhor qualidade. A Europa, no entanto, grande produtora de cordeiros e carneiros, tem forte preconceito contra produtos de outros países, pois acredita que eles desestruturam e enfraquecem os produtores locais. Por isso, a Nova Zelândia adotou um comportamento inteligente: aboliu rótulos e rosetas que identificavam o produto da ilha. Também a carne enviada para os Es­tados Unidos segue sem roseta, para evitar confronto com os produtores locais. Dessa maneira, europeus e norte-americanos podem consumir muita carne neo­zelandesa, de boa qualidade, com prazer, pensando que é uma legítima carne do próprio país. Para proteger seus produtores, a Nova Zelândia inventa maneiras de burlar o protecionismo de outros países.

u América do Norte - é outro importante mercado da carne ovina neozelandesa e por isso o país criou uma companhia de desenvolvimento da exportação (Meat Export Development Company - DEVCO) para coordenar exclusivamente as relações comerciais com esse mer­cado. Atualmente, a DEVCO é a New Zea­land Lamb Cooperative (Cooperativa do Cordeiro Neozelandês), que pertence às quatro maiores empresas exportadoras de carne do país.

u Países árabes - Um exemplo de adaptação é o rótulo presente no cordeiro vendido para o Oriente Médio. Além da roseta, o rótulo contém o desenho de um cordeiro para os consumidores poderem identificar o produto, mesmo que não saibam ler.

u Mercado interno - O constante foco nos mercados importadores resultava em uma indústria pouco preocupada com os consumidores internos, que, de modo geral, só encontravam carne de qualidade inferior. Apenas em 1997 foi estabelecido um padrão superior de qualidade, com sistemas de auditorias que garantiram a oferta de produto de qualidade de exportação para o mercado interno. A indústria desenvolveu uma estrutura diferente, com outros padrões e classificações menos rígidas para o cordeiro, em relação ao produto destinado ao mercado externo. Matadouros poderiam obter licença para processar carne de cordeiro exclusivamente para o mercado interno. Mesmo sendo uma carne inferior, quando comparada com aquela destinada à exportação, ainda era muito superior à produzida em outros países.

 

Integração

 

Durante o processo de transformação ocorrido na indústria de carne ovina, o New Zealand Meat Board manteve constante a comunicação com todos os elos da cadeia produtiva - produtores, processadores e exportadores - para informá-los das mudanças ocorridas nos mercados e auxiliá-los na adaptação.

Em julho de 2004, o New Zealand Meat Board foi reestruturado e passou a formar o Meat and Wool New Zealand, agregando o controle da produção de carne e lã em uma única organização. A organização era responsável por:

- otimização das remessas; aprovação da carne e da lã nos mercados internacionais;

- promoção do aumento do consumo interno e externo;

- atividades de pesquisas e extensão;

- fornecimento de serviços como análises econômicas e programas de capacitações.

Além dos esforços constantes no desenvolvimento de novos mercados e na divulgação da marca, a Nova Zelândia continua investindo na melhoria da qualidade da carne e das técnicas de processamento. Isso inclui estudos nas mais sofisticadas indústrias de processamento, embalagem e distribuição de carne do mundo, além de pesados investimentos no aumento dos índices da produção animal, por meio de melhoramento genético e tecnologias de produção. O negócio era manter-se na dianteira, sempre.

 

A boa imagem

 

Cada vez mais, a carne de cordeiro foi se tornando um produto diferenciado em relação às principais carnes consumidas no mundo, como a bovina, a suína e o frango. Apesar de ter um menor vo­lume no mercado mundial, a carne de cordeiro encontra-se entre os pratos mais caros dos restaurantes. Carne de cordeiro é carne nobre.

A ideia de que "toda boa marca tem uma história por trás" começou a ganhar grande importância no mercado internacional de carnes, principalmente quando uma série de crises envolvendo sanidade animal e segurança do alimento despertaram no consumidor o interesse pela origem e processamento do produto. Além da seriedade com que são conduzidos os programas de sanidade na Nova Zelândia, o país apresenta facilidade geográfica, por ser uma ilha. Assim, não apresenta a maioria das doenças comuns nos países continentais, como aftosa (países tropicais) e encefalopatia espongiforme bovina-EEB (Europa), ­sendo este um importante diferencial para mercados como o da União Europeia, que já acumula experiências desagradáveis com crises sanitárias.

Apoiando-se nessa tendência, a Nova Zelândia cultivou uma imagem de "clean green" (limpo e verde), ­referindo-se às preocupações ambientais, sociais e higiênicas que envolviam os processos produtivos no país. A indústria de carnes adotou essa imagem e passou a ­utilizá-la em campanhas promocionais no mercado internacional, sempre aprovei­tando a natureza como um apelo comercial.

O investimento na divulgação dessa imagem obteve muito sucesso ao fazer o consumidor associar os produtos neozelandeses com preocupações ambientais, segurança do alimento e alta qualidade.

 

Propaganda compulsória

 

As vantagens da propaganda são tão significativas que a quase totalidade dos produtores apóia a aplicação de impostos específicos para o investimento em promoções enfocando a certificação de origem nos mercados importadores. Todos sabem que, sem propaganda, afugenta-se parte do mercado. A propaganda, portanto, abre mercados e mantém o consumidor satisfeito. Cada animal ven­dido paga um imposto para propaganda de toda a atividade!

Apesar da imagem do produto neozelandês ter sido bem aceita em muitos países, os esforços promocionais con­tinuam sendo moldados para conquistar mercados consumidores com preferências muito específicas. O investimento em promover e desenvolver mercados é estruturado ao ponto de se traçar uma estratégia para cada tipo de mercado, baseada em estudos realizados pelas instituições responsáveis, que indicam as preferências de cada consumidor.

 

 

Tecnologia máxima, de vanguarda

 

O consumidor manda

 

No início, uma crise na ovinocultura certamente traria problemas sérios e generalizados em todo o país. Com a remoção dos subsídios, toda a cadeia produtiva viu-se frente ao desafio de se tornar realmente competitiva no mercado e garantir consumidores para seu produto. E com isso, o agronegócio tomou a decisão que colocaria o país na liderança d o mercado mundial da carne ovina: adotar o consumidor final como objetivo de todas as etapas da produção.

A forte dependência dos mercados internacionais fez a indústria de carne da Nova Zelândia se especializar em atender as demandas diferenciadas dos consumidores. O consumidor final é o foco de toda a cadeia, de modo que desde o produtor se encontra a preocupação em atender as necessidades do mercado.

Os processadores implantaram sistemas de controle de qualidade como ISO (Organização Internacional de Padronização) e APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle), para garantir padrões de higiene iguais ou superiores aos exigidos por qualquer mercado exportador, no processamento e na embalagem. Essas medidas não só contribuem para a manutenção da imagem "clean green", como permitem aos produ­tos neozelandeses alcançarem “shelf life” (tempo de prateleira) suficiente para o trans­porte de produtos resfriados para qualquer mercado.

 

Situação atual

 

Apesar do sucesso internacional da carne de cordeiro neozelandês, a indústria está retrocedendo. O número de ovinos no país é o menor desde 1955; a área de pastagem destinada aos rebanhos ovinos está perdendo lugar para a produção leiteira, ou hortícola.

Devido à redução de tamanho do rebanho, ao aumento da competição no mercado mundial e ao baixo consumo de carne de cordeiro em alguns países, os processadores estão inovando, criando esforços cooperativos para promover a carne ovina.

As empresas estão formando alianças para desenvolver novos consumidores em países que ainda não possuem alta representatividade no mercado mundial. Os processadores estão utilizando cada vez mais o e-commerce para admi­nistrar pedidos e entregas de produtos, acompanharem constantemente as tendências do varejo e assim estarem ligados às demandas dos consumidores.

Um exemplo do resultado desse acompanhamento é que os exportadores já estão comercializando maior proporção de produto resfriado em relação aos produtos congelados e, com isso, aten­dendo a demanda do consumidor por embalagens menores que podem ser utilizadas em receitas para pratos rápidos e fáceis de fazer.

 

Conclusão

 

O país soube utilizar as vantagens que a natureza lhe proporcionou de forma positiva e essencial para desenvolver um produto a baixo custo, que pudes­se ser competitivo no mercado mundial. Agregou a isso diversas características que diferenciariam seu produto e atenderiam as necessidades específicas de cada consumidor.

A cadeia produtiva organizou-se, pesquisou e desenvolveu mercados e se empenhou em mostrar ao mundo a "cara" do cordeiro produzido na Nova Zelândia. Cada elo dessa cadeia tem a consciência de que é necessário unir esforços e ter um foco para todo o trabalho, de modo que todas as atividades são articuladas. Ninguém está isolado. O lucro de um é preciso ser de todos. Quando todos lucram, o bolo fica mais gostoso.

O mercado está se tornando cada vez mais competitivo, provocando queda nos preços e exigindo cada vez mais medidas que mantenham o diferencial do produto. Por isso a indústria neozelandesa trata de facilitar a adaptação a novas situações e a contínua competitividade. Ou seja, ficar sempre na dianteira dos fatos e conquistas.






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