Página Inicial BUSCA no site












Estaremos em recesso no perí¯¤o de 21 de Dezembro a 10 de Janeiro.
Os pedidos realizados nesse perí¯¤o ser㯠processados apã³ essa data.

Feliz Natal e um Prã³°ero Ano Novo!


Matérias



Os 12 Mandamentos do “bom” Juiz

- 12/05/2010

 

 

1 - Jamais apontar defeito do animal - Basta elogiar algumas ou muitas virtudes do campeão e também outras virtudes no concorrente. Assim, na plateia, todo mundo fica satisfeito e vai achar você um juiz muito educado e bacana, pois sobraram elo­gios para todos os gostos.

 

2- Jamais censurar o criador - Nunca mostre problemas na pista de julgamentos. Jamais diga que um animal poderia estar melhor preparado. Você não sabe o que aconteceu com o animal. Se tem coisa que aborrece um fazendeiro é ser chamado de relaxado, mesmo que seja um Jeca-Tatu. Não cometa essa gafe.

 

3 - Gastar o trombone - Fale sem parar, mostrando muito conhecimento. Descreva detalhes da ossatura que ninguém vê, da carne que está lá dentro. O correto é falar tanto, que ninguém conseguirá acompanhar tanto palavreado. Ao passar de uma parte para outra, no animal, vá descrevendo tudo, em detalhes. Então, você será um “doutor”.

 

4 - Enganar a cobra - Isso mesmo, com a varinha na mão direita sempre mostre alguma coisa para a plateia e vá falando sem parar; mas - enquanto isso - a mão esquerda vai mostrando outra coisa bem diferente. Boa parte do público não saberá para onde olhar: para a varinha ou para a mão. Nem saberá acompanhar o palavreado. Então, sem entender nada, achará que você é mesmo um sabichão, pois explicou duas coisas ao mesmo tempo.

 

5 - Esquartejar o animal - É uma prática muito utilizada. Basta imitar um papagaio: vá falando nomes de cortes: alcatra, culote, ­lombo, chuleta, paleta, chã-de-dentro, ma­minha, fígado, rim, segundilha, misture tudo, para mostrar que você conhece o animal, completamente, por dentro. No próximo páreo, repita a dose, sem temor de repetir os nomes.

Depois de meia hora, o público vai aplaudir tamanha erudição sobre carcaça, pois a maioria troca co­xão-mole por coxão-duro.

 

6 - O desfile da apoteose - No final, faça como as grandes exposições do mundo: mande desfilar os campeões de todas as categorias de idade. Vá explicando para o público que ali está o borrego, o ovino jovem, o sênior, etc.

Na maioria das vezes, algum bicho estará destoando e você deve usar sua maestria em repetir, repetir, repetir, que todos são iguais, pois o critério de julgamento foi o mesmo para todas as categorias.

Não se canse de dizer que os animais campeões são homogêneos naquilo que interessa à moderna pecuária. O público não vai entender mesmo e, no final, vai até aplaudir.

 

7 - Respeito é bom - Juiz tem que andar bem vestido, hospedar-se em bom hotel, receber um honorável cachê e, principalmente, jamais esquecer de falar em várias ocasiões durante o mesmo julgamento, do que aconteceu em outras praças. Assim, todos ficarão orgulhosos de ter um juiz tão tarimbado e estimado ali. Sempre é bom dizer que acaba de vir de uma dessas exposições, onde o julgamento foi muito “difícil”.

 

8 - Adeus ao achômetro - O povo quer um adeus ao achômetro, pois todo mundo já acha que é juiz. Por isso, o bom juiz tem que dizer que ali, naquele momento, não existe o achômetro das pessoas. Deve garantir que o julgamento é feito pelo desempenho dos animais. O juiz julga o que está vendo, sem qualquer interesse, ou achismo. Ele não tem gosto; ele apenas segue o que determina o padrão.

Ele está ali para fazer valer as palavras do padrão. Por incrível que pareça, o povo gosta desse discurso, mesmo que um animal magricela derrote um gordão à luz do dia.

 

9 - O eterno equilíbrio - Como dizer que um animal não presta, sem ofender alguém? Para um juiz tarimbado, é tarefa fácil. Basta dizer, sempre, que “o importante é o equilíbrio na funcionalidade do animal”. Até esse ponto, pouca gente entendeu, mas o bom juiz ainda continua, dizendo mais: “a soma das virtudes ultrapassa a soma dos pontos-a-desejar”. Com essa mágica, todo animal vira bom, todo bandido vira herói e o público vai ao delírio.

 

10 - E Deus fez o mundo em sete dias - Para evitar contratempos ou reclamações, é bom sempre terminar um páreo difícil, lembrando que não é possível fazer um animal perfeito em uma única existência. Lembre a todos que a Ciência, a Genética e a Zootecnia gastam várias décadas para melhorar um único atributo. Há mais de 200 anos que estão descobrindo se a vaca holandesa produz leite, ou não! Se Deus gastou 7 dias para fazer o mundo, então devemos ser humildes e esperar um tempo para chegar ao ponto de ter um animal campeão.

 

11 - Viva o invisível - Se algum animal foi prejudicado, ou exige explicação supimpa, elogie as vantagens que ele carrega dentro de si, devido às linhagens que foram tão estudadas na fazenda. O invisível vale ouro na hora do julgamento. O que está dentro do animal, o que rola nas veias é o mote que resultará no campeão. O povo adora o invisível, pois é como uma religião, inexplicável e sagrada, assim como certas Genealogias.

Ninguém vai duvidar do juiz se ele apelar para o invisível. Afinal, só poucos podem enxergar o invisível. “O que vale é o que está dentro do animal, é o casamento dos cromos­somos”.

 

12 - O povo tem razão - Faça como os políticos: garanta que as pessoas sabem tudo. Sempre use o refrão: “Todos que aqui estão sabem muito bem, pela experiência em suas fazendas, que este animal carrega muitas virtudes”. Repita, sempre, que as pessoas sabem cada detalhe.

Não dê um veredito, mas sempre diga que “os criadores aqui reunidos estão vendo que este animal é o melhor por isso e aquilo”. Assim, no final, todos es­tarão felizes por terem sido tão elogiados pelo juiz que veio de longe.

No fundo, você transferiu a responsabilidade do julgamento para os próprios ouvintes. E todo mundo estará satisfeito.






Link para esta p᧩na: http://www.revistaberro.com.br/?pages=materias/ler&id=1337


Desenvolvido por Spring
rea do usuᲩo

 
Cadastre-se para acessar as mat鲩as restritas, clique aqui.

Esqueci minha senha!