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O exemplo que vem de Pendência

- 04/02/2010

Uma comunidade desorganizada e atritada dá a volta por cima

e desponta como modelo de produção em pleno Cariri paraibano.

 

Como na maioria dos povoados primitivos, cada um vivia por conta própria, em completa desarmonia. Era uma total desunião entre as 192 pessoas da co­munidade. Sempre havia sido assim e não havia perspectiva de mudança pelos caminhos oficiais.

Foi então que surgiu um pioneiro, batalhador, que resolveu assumir a mudança desse cenário como uma missão, em 2003. Seu nome: Aderaldo Alcântara de Farias.

Percebeu que não teria apoio político, nem de governo, inicialmente. Tratou de buscar outras fontes de informação junto da Emepa, que tem uma estação experimental no município, e foi assim que começou a construir uma sede para a ADCOP-Assoc. Desenv. Comunitário de Pendência/Soledade (PB), em pleno Cariri, com financiamento do Banco Mundial e ajuda material da Emepa.

No início, o rebanho local era de apenas 210 cabeças para 28 famílias em constante litígio. Ninguém imaginava que chegaria, hoje, a 900 cabeças, controladas, sob rígido programa de melhoramento zootécnico, com superior lucra­ti­vidade.

A melhor maneira de chamar atenção de todos, ao mesmo tempo, era promover eventos que congregassem as pessoas, como missas, quadrilhas, festas constantes, jogos esportivos. Despertou o espírito esportivo que, antes, jamais havia existido. Rapidamente, a comunidade começava a ter alguns­ ­ideais.

 

Caprinos e ovinos

 

As propriedades eram microfúndios, sem qualquer tecnologia modernizante. As maiores propriedades mediam 30 hectares. O início era retirar os animais im­prestáveis, doentes, velhos, para segregar os saudáveis, depois de muita conversa com os proprietários.

Muitos não acreditavam no sucesso, mas Aderaldo contou com apoio da Emepa, vizinha, e recebeu como empréstimo reprodutores das raças Alpina, Santa Inês e Anglo-Nubiana, para ­cruzar com as cabras  e ovelhas comuns do lu­ga­rejo. Ao mesmo tempo, imple­men­tou uma Assistência Técnica que passava em cada propriedade a cada 30 dias, acompanhando o manejo, pesagens, etc. Foi assim que, logo de início, ­haviam nascido 500 filhotes! Nunca ninguém havia visto tamanho rebanho lotando a caatinga.

Era preciso continuar o projeto, acom­panhando todos os passos dos produtores, desde o nascimento da cria até o aba­te. A ADCOP providenciava tudo: se­gregava os melhores animais para distribuição a outros criadores, fazia programas de acasalamento, etc.

Antes, cada um negociava com os atravessadores e os preços eram miseráveis, entre R$ 30 a R$ 50 por cabeça. Não havia balança, vendiam no olho e na confiança. A ADCOP assumiu o papel de vender os animais disponíveis de todos os associados, repassando o dinheiro para cada produtor.

Assim o povoado ganhou força, pois todos puderam ter um único negociante, sua própria Associação. Hoje, já vendem entre R$ 70 a R$ 80, no local. Hoje, é preto no branco, com balança.

Além disso tudo, há o melhoramento genético: os animais crescem mais rapidamente, produzem mais leite, chegam ao abate mais cedo. Tudo isso é mais lucro palpável. “O objetivo é sobreviver no Cariri, por meio do melhoramento genético dos animais, agregando valor ao esforço de cada um” - afirma Aderaldo. “O caminho da redenção do semiárido são os pequenos animais” - garante. O sonho vai longe: a Emepa foi convencida da importância desta missão empreendida pelo pioneiro e instalou um miniabatedouro para pequenos animais. Assim, ninguém mais precisa continuar abatendo em casa. A vida mudou completamente, para melhor.

A Emepa arregaçou as mangas: dá cursos de criação até chegar ao mercado. As pessoas querem aprender tudo, pois estão vendo os resultados no quintal e na terra.

A Diretoria da ADCOP não brinca em serviço: está sempre observando tu­do, fiscalizando, tirando dúvidas, estimulando. A palavra “diretoria” significa quatro pessoas com dedicação de 24 horas por dia. Todos os associados participam de reunião da ADCOP a cada 30 dias.

 

 

 

Quanto paga o associado? Uma ta­xa simbólica suficiente para manter a energia elétrica da sede. Só isso. As ou­tras despesas têm que sair do trabalho da diretoria: vendas, artesanato, cortes especiais de carne (buchada, pele salga­da, linguiça, etc.).

Recentemente, a ADCOP conseguiu um pequeno empréstimo para artesanato, com 3 anos de carência. O sucesso é visível e já se espalhou pelas re­dondezas: a comunidade já foi visitada por 16.400 pessoas, interessadas em tanto progresso numa região que é famosa pela inércia durante séculos.

 

Acelerando

 

A região precisava de água e Aderaldo construiu uma barragem subterrânea, de 3 metros, que consegue permanecer com água superficial ­durante 3 meses. Depois, seca, mas a água permanece no subsolo, à disposição das pessoas. O que é uma barragem subterrânea? Nada mais que uma valeta profunda, onde se constrói uma parede coberta por lona preta, que irá cercar a água que escorre no subsolo. Feliz do povoado que tem uma barragem subterrânea! O ideal seria ter estas barragens em todos os locais possíveis na comunidade: muitas barragens à disposição de cada lugarejo. O sertão nordestino iria virar um oceano, como queria o Padre Cícero. A água não existiria na superfície, mas estaria bem guardada no subsolo para uso das pessoas.

O Governo Federal vem implemen­tando um programa de cisternas e Ade­raldo é grande estimulador. “O problema é que o Governo ainda não compreendeu que cada residência deveria ter duas cisternas: uma para beber e outra para trabalhos e gado em geral” - comenta Aderaldo. “Mas o Governo deixa construir uma só, o que é uma pena, pois pre­­cisa ser completada na seca, por meio de carros-pipa”, finaliza.

Estas duas experiências vão sendo imitadas na redondeza, com sucesso. Qualquer iniciativa para reter água ou bem distribuí-la é indicação de que haverá melhoramento na comunidade, pois o problema é a incerteza da água.

Havendo barragem subterrânea, pode-se plantar capim Marrequinha, ou mesmo Elefante, garantindo - no mí­nimo - 2 cortes por ano. Também garante far­tura de milho para a festa de São João, evento-maior do sertão nordestino.

Tudo isto animou o sertanejo a melhorar sua própria residência. O ­Governo fornece cimento e ferro. Cada um trata de construir a casa e comprar o ­restante do material. É possível fazer milagre com apenas R$ 2 mil ou R$ 3 mil por re­­sidência. É uma mudança vertiginosa, para ­melhor.

Tudo começa, como diz Aderaldo, pe­la cabra e ovelha. É só querer enxergar!

 

Mais informações: ADCOP - Sítio Pendência Soledade (PB) - CP - 18 - CEP: 58155-000






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