1) O mundo está mergulhado numa crise histórica, que começou com a implosão de bancos centenários nos Estados Unidos, havendo especialistas que calculam o rombo em algo como 500 trilhões de dólares. Atingirá o Brasil? Sim, mas de maneira tímida, durante os primeiros meses de 2009 e, depois, irá se esfarelar devido à força do setor rural.
Afinal, o mundo precisa continuar comendo e, então, os números brasileiros permitem abrir um grande sorriso de satisfação, pois aqui sobram terras, clima, mão-de-obra e empresários dispostos a plantar e colher.
Qualquer país ficaria orgulhoso de apresentar dados fantásticos, como o Brasil, a saber:
s O agronegócio representa 24% do PIB nacional, apesar de a política econômica ser concentradora de mão-de-obra nas cidades e esvaziamento dos campos.
s A produção rural representa 36% do total exportado, com a vantagem de ser superavitária, servindo para reduzir o déficit da balança de pagamentos apresentada pelo setor urbano.
s O campo brasileiro assume 37% das vagas no mercado de trabalho, apesar de os salários e benefícios diretos e indiretos serem muito mais atraentes nas cidades.
s A produtividade de carne de frango cresceu 130% nos últimos 10 anos.
s A produtividade de carne suína cresceu 96% nos últimos 10 anos.
s A produtividade de carne bovina cresceu 58% nos últimos 10 anos.
s A produtividade dos grãos aumentou 108% nos últimos 15 anos.
s O rebanho comercial bovino é o maior do planeta, com 200 milhões de cabeças.
s O país já é o maior exportador de carne do mundo.
s O rebanho de ovinos e caprinos tem perspectiva de crescimento de 90%, ou seja, apenas vem sendo explorado em 10% de sua potencialidade. Mesmo assim, já é considerado um dos bons investimentos do país.
2) O setor da cabra & ovelha estereotipam o perfil histórico da política econômica, a saber:
s Ovinos e caprinos foram praticamente proibidos durante o período colonial, para não concorrerem com a lã dos ingleses. Por isso há tão pouca notícia de cabras e ovelhas naqueles tempos.
s O rebanho está concentrado na região que é mantida na pobreza para servir como curral eleitoral para os que disputam o comando da nação: o Nordeste. Ali estão 95% dos caprinos e 60% dos ovinos, explicando em boa parte o silêncio que sempre acompanhou a criação.
s Alguns criadores juntaram-se ao lado da Revista Brasileira de Caprinos & Ovinos (O Berro), nascida no final da década de 1970, para alavancar mais essa atividade sertaneja, com incrível potencial de redenção social para o semi árido. Estes empresários aproveitaram todos os conhecimentos somados pela pecuária bovina desde 1985, quando foram introduzidos melhoramentos mercadológicos e científicos na área de Biotecnologia.
s O setor de cabra & ovelha, portanto, já nasceu “maduro” na área mercadológica e tecnológica, mas continua primitivo no campo, sem conseguir fornecer carne, leite e pele para o setor urbano nacional e, muito menos, poder participar do mercado internacional.
s A partir do ano 2000, a cabra & ovelha arregaçaram as mangas para ocupar um vasto espaço no Brasil, no Sudeste, Centro-Oeste e Amazônia. Deu certo! Já há mais de 30 criadores, cada um com rebanhos além de 2.000 cabeças, no noroeste matogrossense; muitos produtores de carne já passam de 5.000 cabeças e, logo, outros estarão confirmando que o patamar da autossuficiência nesta atividade é de 10.000 cabeças.
s A ARCO decuplicou sua atuação, no Registro Genealógico, por conta da onda progressista da atividade. Hoje, soma mais de 4.500 criadores com rebanhos de elite. Uma marca respeitável para qualquer país e logo poderá chegar a 20.000.
s O Brasil continua importando carne de cordeiros do Uruguai, Argentina, Austrália e Nova Zelândia. Primeiro, porque estes países ainda têm estoques anuais suficientes, mas não têm condições de crescimento. Já o Brasil logo estará disputando o mercado internacional, pois apresenta todos os ingredientes para o progresso auto-sustentável e estará longe de atingir sua potencialidade. Se o rebanho bovino chegou a 200 milhões de cabeças, o de ovinos poderá ir muito além.
s A pecuária de gado exige espaços amplos, levando a conflitos ecológicos (desmatamentos, etc.). Já a cabra & ovelha ocupam espaços pequenos. Cada microrregião pode estabelecer núcleos produtores de carne, leite e pele, onde haverá criadores, confinadores, beneficiadores, comerciantes - todos ligados pelo mesmo objetivo de fornecer um produto de excelente qualidade internacional. O exemplo já vem sendo seguido por São Paulo com 18 núcleos implantados. Se cada Estado seguir o exemplo, logo haverá 200 núcleos espalhados pelo país e, no futuro, muito mais.
s Esforços de divulgação, promoção e tecnificação têm sido intensos, com geração de livros, apostilas, vídeos, programas de televisão, realização de exposições imponentes, leilões fantásticos que nada ficam a dever aos congêneres. O grande evento do início do ano é sempre a FEINCO, vitrine de uma atividade pujante, que visa transmitir para o mundo inteiro uma visão da potencialidade das cabras e ovelhas.
s Nos momentos de crises, no Nordeste, foram as cabras e ovelhas que salvaram a economia regional. Agora, no momento de uma histórica crise internacional, as cabras & ovelhas surgem como excelente alternativa para investimentos e salvaguarda de capitais. Afinal, onde cabe uma vaca, ali cabem 8 ovelhas. Quando uma vaca consegue terminar sua primeira lactação (uma única cria), o rebanho inicial de ovelhas já estará quase somando 100 cabeças, sendo que a vaca, sua cria e produção leiteira estarão valendo R$ 6,6 mil, enquanto o patrimônio das ovelhas, crias (fêmeas e machos) e leite estará somando R$ 16,9 mil. (ver comparativo na revista O Berro n. 118, p. 42)
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